O futuro prefeito de Uberlândia sofrerá efeito de comparação

Preço a ser pago será alto. Novo executivo sucederá um prefeito de 16 anos de mandato e alta taxa de aprovação

04/10/2024 ÀS 13H52

- Atualizado Há 1 dia atrás

Esqueça as cores e as siglas de quem sucederá Odelmo Leão. Isso não significa nada hoje. Independentemente de quem será o eleito, da situação ou da oposição, este ou esta terá sua gestão medida pela régua da exigência de uma população que desfrutou de 16 anos sob a batuta de Odelmo.

No cinturão de municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, onde houve significativos rejuvenescimentos de comando – Uberaba, Patos, Araxá, Araguari – Odelmo manteve-se como uma espécie de exceção à regra.

Os chamados outsiders da nova política, figuras que brotaram nas duas últimas eleições, saídos de escritórios de advocacia, administração de empresas, salas de aula e outros segmentos da iniciativa privada, ocuparam cadeiras sem nenhuma herança política. Uns se deram bem, outros passaram despercebidos. Mas emprestaram uma cara nova a gestões públicas municipais.

Odelmo discursa na sessão especial de aniversário de Uberlândia na Câmara Federal, em 2023
Odelmo discursa na sessão especial de aniversário de Uberlândia na Câmara Federal, em 2023 – Crédito: Rogério Silva

Odelmo permaneceu, como uma espécie em extinção, um braço seguro mantido pelo eleitorado que não queria apostar em aventuras. Em todas as pesquisas de avaliação de governo, sempre apareceu com aprovações bem relevantes, qualquer que fosse o instituto. Patamares superiores a 60%.

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Pouco se ausentou do gabinete. Lembro-me de duas ocasiões por questões médicas, mas muito rápidas. Não gozou férias e manteve o hábito de administrar 24 horas por dia, sem se importar muito para os ponteiros do relógio após a meia-noite. Assessores costumam dormir com celulares ligados porque sempre foi comum ser interpelado à hora que fosse preciso.

Mania? Obsessão? Marca registrada? Marketing? Particularmente, acho que não é nada disso. É inerente de cada ser. Odelmo é assim como prefeito e deve ter sido da mesma maneira a vida toda em seus negócios pessoais, com família, seus colaboradores e amigos próximos. Ou mesmo em Brasília, onde foi por diversas vezes parlamentar.

Odelmo apoia um candidato, sim. Todos sabem. Que enfrenta dois adversários. Ok. Nenhuma novidade. Fato é que quem ganhar, tenha tido seu apoio ou não, será o sucessor de sua gestão. E não vai ser tarefa fácil. Goste ou não goste do estilo de governar do Leão, é uma herança que fica, de um jeito particular de fazer as coisas que, muitas vezes, a gente pode torcer o nariz, amarrar a cara, mas que funciona.

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À moda antiga ou se modernizando com os recursos tecnológicos que ele teve à mão. Ele virou o tiozão do WhatsApp, aprendeu a lidar com as redes sociais. Nunca testemunhei que apagasse os comentários desagradáveis. Conviveu com isso lá atrás no mundo analógico e adaptou-se ao digital.

Fica a pergunta: quem virá pela frente, vai agir assim ou, pelo menos, parecido?

Não, senhores. Não estou canonizando Odelmo Leão. Estou falando de um estilo, de uma personalidade, de um jeito de fazer política e administrar a cidade que vai ser lembrado por muitas e muitas décadas.

E quem quer que venha pela frente – Leonídio, Dandara ou Paulo Sérgio – vai carregar o peso da comparação. Queira ou não, goste ou não.

“Na época de Odelmo não era assim”… ”Se fosse Odelmo não seria dessa forma”. Tudo na vida tem bônus e ônus. Que cada um carregue o fardo que lhe cabe e seja bem sucedido nas comparações. Porque essas, sim, serão inevitáveis.

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