O que explica a demora na conclusão das obras de proteção contra enchentes na av. Rondon Pacheco?

Projeto lançado em 2022 tinha prazo de 2 anos para construção de 4 represas que reduzir impacto de chuvas e evitar enchentes na Rondon Pacheco, em Uberlândia

, em Uberlândia

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Apenas uma das quatro represas ao longo do córrego Lagoinha, que têm como objetivo reduzir o impacto das chuvas na avenida Rondon Pacheco, foi entregue. O plano para a construção das represas foi apresentado em fevereiro de 2022 e a previsão para o final da execução das obras era de dois anos.

Em entrevista à TV Paranaíba nesta segunda-feira (25), o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) informou que a segunda represa está em fase de licitação. As demais, segundo o Município, ainda carecem da viabilização de financiamento.

Projeto de represas
Apenas a represa no Camaru está funcionando – Créditos: Prefeitura de Uberlândia

A represa que já funciona está no Parque de Exposições do Camaru, local que, embora ainda passe pela fase de acabamentos, mas como explicou o diretor geral adjunto do Dmae, Guilherme Marques, o bolsão já tem funcionamento hidráulico efetivo.

“É um projeto de longo prazo. Nas próximas gestões, a ideia é dar continuidade a esse projeto”, disse.

Em nota ao Paranaíba Mais, o Município informou que a próxima represa a ser feita, próximo da rua Saldanha Marinho, tem edital o contratação de empresa para execução em elaboração.  As represas da Vasco Mascia e Represa Jaime de Barros têm apenas o projeto pronto enquanto há o estudo para financiamento.

Na apresentação em 2022, foi informado que a licitação para o início da construção das represas deveria acontecer entre o final de fevereiro e março daquele ano. A expectativa era concluir o cronograma em até 24 meses após o processo licitatório, ou seja, ainda no primeiro semestre de 2024.

Com isso, pelo menos quetro inundações da avenida Rondon Pacheco poderiam ter sido minimizadas ou evitadas em 2024, nos meses de setembro, outubro e novembro, quando aconteceram os piores problemas da via recentemente.

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Controle de volume

O objetivo dos bolsões é fazer com que parte do volume de água que chega à Rondon seja represado e que a vazão posterior seja controlada por meio das represas.

“Se a vazão de entrada (de água na Rondon Pacheco) for maior que a saída, eu crio uma lâmina de água e enchente. Qual é o meu limitante? O Rio Uberabinha no final da avenida. Tenho dados históricos de que o nível do Uberabinha chega a atingir a cota da galeria e isso cria um remanso em toda a Rondon Pacheco”, disse.

Ou seja, a água que vai chegar ao rio será barrada e não haverá vazão de saída para o curso d’água por meio das galerias já existentes abaixo da via. A solução é segurar esse volume de chuva antes que ele atinja a avenida.

“Retendo água na zona de entrada para que eu não crie a enchente e solte de maneira controlada para não ultrapassar a vazão de saída, que é o meu limitante”, informou o diretor do Dmae.

O projeto levou em consideração a viabilidade de intervenções no entorno da Rondon Pacheco. A avenida nada mais é do que o vale do córrego São Pedro, que foi canalizado, e, naturalmente, recebe águas de locais mais altos de setores leste, sul e central da cidade.

“É muito difícil criar retenções e os bairros que contribuem para Rondon são urbanizados e qualquer investimento ali ficaria oneroso”, disse Marques. O projeto foi orçado em R$ 30 milhões, como informado em 2022.

 

represa Camaru
Represa do Camaru é a punica pronta e funcionando – Crédito: Arquivo pessoal

O projeto

À época da apresentação do plano, a ideia era aproveitar o relevo em declive de mais de 100 metros do bairro Santa Luzia até a Rondon Pacheco e construir quatro represas em cascata em áreas naturais no curso do Córrego Lagoinha. A primeira represa de contenção será próxima à rua Jaime Barros, aumentando a capacidade de retenção de água pluvial de 6 mil m³ para 21 mil m³.

Quando o nível da água subir nessa primeira represa, o volume de água seguirá, devido à gravidade, para a segunda represa, da Rua Vasco Mascia. Nesse ponto, a capacidade é para 33 mil m³.

Para a terceira represa, a rua Saldanha Marinho será elevada em mais 1,70 metro de altura, possibilitando a criação de uma barragem com 4 metros de profundidade e capacidade para 180 mil m³. Essa barragem será ligada, por baixo da pista, por duas galerias de 3 metros por 3 metros com a quarta represa do sistema, que será construída dentro do parque do Camaru, na rua João Mendes.

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A quarta represa, por sua vez, tem capacidade para receber 53 mil m³, sendo ligada por novas galerias subterrâneas até o deságue controlado no leito natural do córrego Lagoinha. Depois, esse fluxo controlado de águas seguirá o percurso natural, unindo-se ao Córrego Mogi, onde estão previstas mais duas represas menores, até chegar nas galerias da Rondon Pacheco.

Paralelamente a essas obras, serão construídos 20 km de redes auxiliares e galerias nas represas. Serão implementados ainda dissipadores de energia para evitar a erosão dessas estruturas.

O diretor adjunto do Dmae Guilherme Marques afirmou que essas intervenções visam reter os picos de vazão, que chegam a 200 mil litros por segundo para menos de 90 mil litros por segundo.