“Pagou com sua vida”: família de Melissa Campos contesta versão da polícia e defende tipificação de feminicídio
Em nota, a família da adolescente agradece as autoridades por afastarem os rumores referentes a bullying e reforça que morte foi marcada por misoginia
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Após a coletiva de imprensa na qual autoridades da Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério Público de Minas Gerais detalharam parte das investigações sobre a morte da jovem Melissa Campos e afirmarem que o ato seria motivado por inveja e ciúmes, a família da vítima se pronunciou à imprensa, por meio de nota, na tarde desta terça-feira (20).
Ao Paranaíba Mais, a tia da adolescente, Marisa Argeli, agradeceu o trabalho das instituições envolvidas, mas também reforçou um ponto de discordância: a tipificação do crime como feminicídio.
“A família da Melissa expressa sua gratidão à Polícia e ao Ministério Público por afastarem, de uma vez por todas, os infundados rumores referentes a bullying e por reafirmarem o caráter de nossa menina, nossa tão amada Melissa, que pagou com sua vida simplesmente por ser feliz demais”, diz o texto divulgado. No entanto, ao contrário da avaliação apresentada pelo delegado responsável pelo caso, a família sustenta que o crime foi motivado por misoginia (ódio contra as mulheres).
“Reforçamos nossa convicção de que o bárbaro crime ocorrido merece, sim, a alcunha de feminicídio e não foi motivado por simples inveja. Quando a felicidade de uma mulher é suficiente para suscitar tamanho ódio a um homem, não há como negar o envolvimento de misoginia”, disse a tia da vítima.
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Ainda na coletiva das autoridades, o delegado responsável afirmou que, até o momento, não há elementos suficientes para caracterizar o caso como feminicídio. “O que nós podemos concluir nesse caso é que ele poderia ter tido inveja de qualquer outra pessoa, pela felicidade de qualquer outra pessoa, então não foi pelo fato de ser mulher — é o que sabemos até agora — então não dá para chegar à conclusão de que tem o feminicídio”, disse um dos promotores.
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Durante a coletiva, ao serem questionados sobre a afirmação de que o crime teria sido motivado por “inveja”, o promotor esclareceu que essa declaração partiu do próprio adolescente. “O policial militar que realizou a apreensão ouviu do jovem, conforme consta no depoimento, a seguinte frase: ‘Eu fiz isso porque tinha inveja, pelo fato de ela simbolizar uma alegria que eu não tinha’”, explicou.
O promotor reforçou que essa declaração foi feita pelo adolescente ao policial militar no momento da apreensão, logo após o jovem fugir do colégio, e consta nas investigações. O Policial Militar prestou depoimento sobre o fato.
Confira a nota da família completa:
A família da Melissa expressa sua gratidão à Polícia e ao Ministério Público por afastarem, de uma vez por todas, os infundados rumores referentes a bullying e por reafirmarem o caráter de nossa menina, nossa tão amada Melissa, que pagou com sua vida simplesmente por ser feliz demais.
Por outro lado, reforçamos nossa convicção de que o bárbaro crime ocorrido merece, sim, a alcunha de feminicídio e não foi motivado por simples inveja. Quando a felicidade de uma mulher é suficiente para suscitar tamanho ódio a um homem, não há como negar o envolvimento de misoginia.