Nova autópsia em Juliana Marins indica que ela pode ter vivido minutos de agonia antes da morte
Exames revelam ferimentos compatíveis com impacto de grande altura; não foi possível determinar se a demora no resgate influenciou no desfecho do caso
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Uma nova autópsia em Juliana Marins, realizada no Brasil, indicou que os traumas no corpo da jovem são compatíveis com o impacto da queda e levaram a uma hemorragia interna fatal. O laudo também sugere que a publicitária pode ter passado por um período de até 15 minutos de sofrimento físico e mental após a queda, mas sem conseguir se mover ou reagir. Não foi possível cravar o tempo exato da morte, e esse intervalo incerto reforça a principal angústia da família: saber se o socorro poderia ter feito diferença no desfecho.
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O exame complementar foi feito pelo Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro, após o corpo de Juliana Marins ser trazido ao Brasil. A jovem desapareceu em 20 de junho durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. Ela estava sozinha e foi localizada apenas cinco dias depois, já sem vida. O laudo brasileiro aponta que os ferimentos, incluindo múltiplas lesões em crânio, tórax, abdômen, pelve e coluna, são compatíveis com uma queda de grande altura. A causa da morte foi registrada como hemorragia interna em órgãos vitais, a mesma apontada no primeiro laudo.
O laudo ainda menciona a possibilidade de um “período agonal”, termo técnico que descreve o intervalo entre a queda e a morte, marcado por estresse extremo e falência progressiva do organismo. A estimativa de 10 a 15 minutos de sofrimento não significa, porém, que a jovem teria sobrevivido com atendimento imediato. Segundo os peritos, nesse período, Juliana Marins já não apresentaria capacidade de locomoção ou resposta eficaz.
A análise brasileira também concluiu que o corpo não apresentava sinais de agressão física, contenção ou violência. Também não foram encontrados indícios de uso de substâncias, fadiga extrema ou desnutrição. Lesões superficiais e marcas no corpo foram atribuídas, possivelmente, ao contato com o terreno acidentado após a queda.
A autópsia brasileira foi solicitada pela família da jovem com apoio da Defensoria Pública da União, após questionamentos no atestado de óbito emitido pela Embaixada do Brasil na Indonésia. O documento oficial se baseava no laudo feito por autoridades locais, que também apontava morte por múltiplas fraturas, mas estimava um tempo de vida inferior a 20 minutos.
Uma das principais dúvidas da família gira em torno do tempo que Juliana Marins teria resistido após a queda. Vídeos feitos por drones de turistas mostram que, no dia seguinte ao acidente, ela ainda estava em um ponto visível da encosta. A hipótese de que a brasileira tenha sobrevivido por mais tempo do que o estimado — e aguardado resgate — não foi confirmada por nenhum dos dois laudos. A condição do corpo, que chegou embalsamado ao Brasil, comprometeu a coleta de alguns dados mais precisos.
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Relatos de alpinistas e guias locais reforçam que a trilha até o cume do Monte Rinjani é desafiadora e, em alguns pontos, arriscada. O chefe do Parque Nacional, Yarman Wasur, afirmou que medidas de segurança foram implementadas recentemente, como cordas, escadas e monitoramento com câmeras. Após o caso de Juliana, ele prometeu uma revisão geral dos protocolos e da estrutura de resgate.
A investigação no Brasil continua. A família aguarda ainda a conclusão de exames complementares e avalia a possibilidade de responsabilizar civil ou criminalmente autoridades indonésias, caso fique comprovado que houve falhas no atendimento ou omissão de socorro.