Adolescentes suspeitos de matar Melissa Campos devem ser ouvidos pela Justiça nesta terça (13)

Caso brutal em escola expõe a escalada da violência em Minas, com registro de 525 denúncias de agressões contra crianças e adolescentes em escolas nos quatro primeiros meses de 2025

, em Uberlândia

A Justiça deve ouvir nesta terça-feira (13) os dois adolescentes suspeitos de envolvimento na morte de Melissa Campos, de 14 anos, assassinada dentro de uma sala de aula em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O crime, que ocorreu na manhã da última quinta-feira (8), chocou o país e acendeu um alerta urgente sobre a segurança nas escolas.

A motivação do crime ainda não foi oficialmente confirmada, mas informações publicadas pelo colunista Wellington Cardoso Ramos, do JM Online, indicam que os adolescentes podem ter planejado o ataque com base em um caderno apreendido, no qual estariam símbolos que identificavam possíveis alvos, entre eles, Melissa, marcada com um coração.

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Melissa Campos tinha apenas 14 anos de idade. - Crédito: Redes Sociais/ Reprodução
Melissa Campos tinha apenas 14 anos de idade. – Crédito: Redes Sociais/ Reprodução

A estudante foi esfaqueada por um colega da mesma idade, durante a aula, no Colégio Livre Aprender. Um professor, que também é estudante de medicina, tentou prestar os primeiros socorros, mas a jovem morreu ainda no local. O autor do ataque fugiu por uma área de matagal nos fundos da escola e foi apreendido pela polícia no fim da tarde.

Na sexta-feira (9), um segundo adolescente também foi apreendido sob suspeita de envolvimento no crime. Ambos foram encaminhados para o Centro de Internação Provisória de Araxá e devem prestar depoimento ao juiz Marcelo Geraldo Lemos, da Vara da Infância e Juventude, nesta terça.

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Escalada da violência nas escolas mineiras

O assassinato de Melissa ocorre em um cenário já alarmante. Minas Gerais registrou 525 denúncias de agressões contra crianças e adolescentes em escolas nos quatro primeiros meses de 2025, segundo registros do Disque 100. Isso representa um aumento de 22% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Essas 525 denúncias revelaram 2.481 ocorrências de violência, já que cada registro costuma envolver múltiplas formas de agressão, de ataques físicos e psicológicos a injúria racial e incitação ao suicídio. Em média, foram cerca de 20 infrações diárias contra crianças e adolescentes no ambiente escolar em Minas Gerais desde janeiro.

O caso de Uberaba aconteceu em uma escola particular em Uberaba –  Crédito: Reprodução

Comoção e resposta das autoridades

A comoção foi imediata. Familiares, colegas e moradores participaram de homenagens e atos de solidariedade desde a noite do crime. O pai da jovem, Daniel Campos, que é coordenador na própria escola, declarou em entrevista à TV Paranaíba que “não há revolta, apenas dor e fé”.

Família de Melissa Campos, adolescente que foi morta durante aula, em Uberaba (Imagem de 2023) – Crédito: Facebook/ Reprodução

O velório e o sepultamento de Melissa, realizados na sexta-feira (9), foram marcados por forte emoção e grande mobilização da comunidade escolar. Em nota, a escola suspendeu as aulas e informou que está oferecendo apoio psicológico a estudantes e funcionários.

O caso ganhou repercussão nacional. O ministro da Educação, Camilo Santana, lamentou publicamente a tragédia e determinou o envio de uma equipe do programa Escola que Protege para Uberaba, com o objetivo de reforçar ações de prevenção à violência nas escolas.

Consequências legais

Por serem menores de idade, os suspeitos não podem ser presos. Eles devem responder por atos infracionais, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A punição mais severa possível nesse caso é a internação em centro socioeducativo por até três anos, com reavaliações periódicas. O processo corre sob sigilo judicial, e as investigações seguem em andamento pela Polícia Civil de Minas Gerais.