Período chuvoso reacende alerta para casos de dengue em Uberlândia e região
Regional de Saúde contabiliza mais de 42 mil casos confirmados no ano e afirma ter antecipado ações de combate e prevenção à doença
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Chuvas e maior incidência dos focos do mosquito transmissor, Aedes aegypti, têm sido motivo de preocupação para as autoridades de Saúde. O período reacende alerta para os casos de dengue em Uberlândia e região, onde mais de 42 mil notificações foram registradas de janeiro até nesta terça-feira (10).
As notificações na área da Superintendência Regional de Saúde (SRS) representam um aumento de 28,8% considerando todos os casos prováveis de dengue no ano passado.
Já são 43.761 registros, sendo 97% deles confirmados. O número de mortes causadas pela arbovirose também saltou de 15 para 23.

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Casos de dengue em Uberlândia e região
2023
Casos prováveis: 33.969
Casos confirmados: 33.538
Mortes confirmadas: 15
2024 (até 10 de dezembro)
Casos prováveis: 43.761
Casos confirmados: 42.469
Mortes confirmadas: 23
Personal teve dengue hemorrágica
A personal trainer Fernanda Cristina de Oliveira, de 34 anos, figura nas estatísticas. Ela foi diagnosticada com dengue hemorrágica em fevereiro e ficou cerca de quinze dias afastada do trabalho em Uberlândia.
“Eu nunca tive dengue, então eu não sabia como eram os sintomas, fora a diarreia, estômago ruim e dor nos olhos que todo mundo comenta. Apesar de que eu não tive nada disso. Eu comecei a sentir uma tontura, depois cansaço e indisposição. Até começarem as dores musculares e febre”, relatou.

Depois de cerca de cinco dias com os sintomas iniciais, Fernanda começou a apresentar sangramento e chegou a pensar que poderia ser alguma irregularidade no ciclo menstrual. Foi então que procurou atendimento médico e o exame confirmou a dengue e a baixa nas plaquetas.
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A uberlandense relatou que precisou ficar em repouso absoluto em casa e beber muito líquido. “Eu também comecei a apresentar quadro de gengivite por uns três dias seguidos. Foi horrível”.
Casos de dengue em Uberlândia sob monitoramento
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia, Leila de Paula Caixeta, informou que houve uma preparação antecipada do período sazonal para buscar reduzir os casos de dengue em Uberlândia e na região.
“Contribuem para o aumento do número de casos a circulação de diferentes sorotipos da dengue. Em 2024, tivemos maior predominância do tipo 2 e já temos informação de circulação do tipo 3 e o aumento do volume das chuvas no período sazonal das arboviroses, que compreende dengue, zika, chikungunya e oropouche entre os meses de novembro e abril”, explicou Leila.
No final de setembro, foi realizada uma oficina para 27 municípios no Triângulo Mineiro, para discutir sobre as ações de vigilância, assistência, gestão e mobilização social.

Combate com drones
A coordenadora pontuou ainda que a rede estadual vem investindo recursos em três eixos: combate com uso de drones, fumacê e reuniões periódicas com os gestores de Saúde do estado e da região.
O drone, além de mapear e jogar larvicida, monitora os locais em que o olho humano não chega, que são mais de difícil acesso.
“Mais de 80% dos focos estão dentro da nossa casa. O drone fotografa e avisa que naquele local tem o foco, sendo mais assertivo no controle do vetor”, explicou Leila.
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UBV pesado
Para reduzir os casos de dengue em Uberlândia e região, a rede de saúde também está licitando a aquisição de Nebulização a Ultra Baixo Volume (UBV) pesado.
Também conhecido por “fumacê”, essa é uma técnica de aplicação de inseticida para combater o mosquito da dengue durante voo, principalmente o mosquito na fase adulta.
Recursos e treinamentos
No final de setembro, a SRS promoveu uma oficina para 27 municípios no Triângulo Mineiro, para discutir sobre as ações de vigilância, assistência, gestão e mobilização social na prevenção e combate à doença.
“Temos também reuniões periódicas com o Comitê de Enfrentamento das Arboviroses, que inclui representantes da Regional de Saúde e das Secretarias Municipais para direcionar as ações e articular com os municípios, principalmente naqueles que estão aumentando o número de casos”, pontuou a servidora.

Prevenção e combate
E já que a maioria dos focos do mosquito Aedes aegypti está dentro das casas, a prevenção é o caminho mais fácil para barrar uma nova epidemia de casos de dengue em Uberlândia e região. Por isso, a coordenadora regional reforçou as principais orientações:
- Manter lixeiras e caixa d’água sempre tampadas.
- Evitar acúmulo de água, principalmente na área de serviço.
- Deixar o quintal sempre limpo e livre de lixo.
- Manter os ralos limpos e com tela de proteção.
- Retirar pratinhos de plantas e eliminar água acumulada.
- Virar garrafas, baldes e outros objetos para baixo para evitar acúmulo de água.
- Lavar bebedouros de animais com bucha e escova.
- Manter as calhas de chuva sempre limpas e desobstruídas.
- Autorizar o agente de endemias, devidamente identificado, a realizar o trabalho de inspeção e orientação nas residências.
É fundamental ainda promover a capacitação dos profissionais de saúde, tanto nas unidades básicas quanto nos hospitais, para garantir um atendimento de qualidade e o acompanhamento clínico dos pacientes que apresentam sintomas.
“Na estruturação, tanto nos hospitais, quanto nas unidades básicas de saúde, deve-se pensar na medicação, no soro de hidratação, no cartão do paciente, na garantia de resultado laboratorial a tempo, quer seja para a sala de hidratação, como para os profissionais qualificados para atender o paciente”, finalizou.