Quem foi Pepe Mujica: ex-presidente do Uruguai e símbolo de simplicidade na política

Com trajetória marcada pela luta armada, prisão, e reformas sociais, Mujica virou referência internacional ao governar o Uruguai sem abrir mão de uma vida modesta

, em Uberlândia

José Alberto Mujica Cordano, mais conhecido como Pepe Mujica, foi uma das figuras mais emblemáticas da política latino-americana nas últimas décadas. Nascido em 20 de maio de 1935, em Montevidéu, Mujica foi agricultor, guerrilheiro, preso político, ministro, senador e presidente do Uruguai. O ex-presidente morreu nesta terça (13), aos 89 anos.

Mujica ficou conhecido pela vida simples e pelas reformas sociais que marcaram seu governo entre 2010 e 2015 – Crédito: Reprodução/Redes sociais

A juventude de Mujica foi marcada pelo ativismo radical. Na década de 1960, integrou o Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, grupo de esquerda armado que combatia a ditadura e a repressão no país. Foi preso quatro vezes e passou 14 anos em cárcere, muitos deles em condições extremas de isolamento, sendo liberto em 1985, com a redemocratização.

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Nos anos seguintes, ajudou a consolidar a Frente Ampla, coalizão de esquerda que viria a governar o Uruguai por três mandatos consecutivos. Ocupou o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca no governo de Tabaré Vázquez (2005–2008), e foi eleito presidente da República em 2009, exercendo o cargo entre 2010 e 2015.

Ações

Durante seu mandato, Mujica liderou mudanças importantes na legislação do país. Sancionou leis que legalizaram o aborto, reconheceram o casamento entre pessoas do mesmo sexo e regulamentaram a produção e comercialização da maconha — políticas que projetaram o Uruguai como referência em direitos civis na região.

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Internacionalmente, Mujica ganhou notoriedade pelo estilo simples: recusava ostentação, doava grande parte do salário como presidente e morava com a esposa em uma pequena chácara nos arredores de Montevidéu, onde cultivava flores e criava animais. Seus discursos, marcados pela crítica ao consumismo e defesa da sobriedade, o tornaram uma voz singular no cenário político global.

Casado com a ex-senadora Lucía Topolansky desde 2005, com quem militou nos tempos da resistência armada, Mujica não teve filhos. Mesmo após deixar a presidência, continuou influente na vida política do país e era uma referência moral para setores da esquerda no continente.

Com a saúde fragilizada nos últimos anos, Mujica enfrentava um câncer no esôfago, diagnosticado em 2024. Sua morte encerra um ciclo, mas sua trajetória permanece como exemplo de compromisso político, coragem e autenticidade.