Vacina injetável substitui a “gotinha” contra a poliomielite: entenda as diferenças

Entenda as diferenças entre as duas vacinas e por que a mudança é importante para a saúde infantil

, em Uberlândia
20/10/2024 ÀS 15H30
- Atualizado Há 2 dias atrás

A partir de 4 de novembro, a Vacina Oral Poliomielite (VOP), popularmente conhecida como a “gotinha”, deixará de ser aplicada no Brasil.

Gotinha contra a poliomielite será substituída pela a versão injetável no Brasil
Gotinha contra a poliomielite será substituída pela a versão injetável no Brasil – Crédito: Prefeitura de Uberlândia

Em seu lugar, o país adotará a Vacina Inativada Poliomielite (VIP), que será aplicada de forma injetável.

Essa mudança no esquema de vacinação, anunciada pelo Ministério da Saúde, busca tornar a imunização contra a poliomielite ainda mais segura e eficaz.

Injeção elimina o risco de poliomielite associado à vacina
Injeção elimina o risco de poliomielite associado à vacina – Crédito: Prefeitura de Uberlândia

Mas qual é a diferença entre elas?

Ambas são eficazes na proteção contra a poliomielite, mas possuem características distintas que influenciam tanto na forma de administração quanto nos riscos e benefícios associados.

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Como funciona cada vacina

A gotinha, utilizada no Brasil desde o final dos anos 1980, contém o vírus da poliomielite atenuado, ou seja, uma versão enfraquecida do vírus.

Administrada por via oral, ela imita uma infecção natural e estimula a produção de anticorpos nas mucosas, como as da boca e do intestino.

Criança tomando a vacina contra a Pólio
A vacinação contra a pólio é importante para que o vírus não volte a circular no Brasil – Crédito: Ministério da Saúde/divulgação

Isso cria uma barreira de proteção que impede que o vírus selvagem se estabeleça no corpo.

Por outro lado, a injetável é produzida a partir de partículas de vírus inativados, que não têm capacidade de se replicar no corpo.

A mudança para a vacina injetável permitirá que crianças com sistema imunológico comprometido, antes excluídas, possam ser imunizadas de forma segura contra a poliomielite.
A mudança para a vacina injetável permitirá que crianças com sistema imunológico comprometido possam ser imunizadas contra a poliomielite – Crédito: Freepik

Aplicada por meio de injeção, ela induz uma resposta imune no sistema sanguíneo, protegendo o organismo de forma segura, sem o risco de causar poliomielite.

Segurança e eficácia das vacinas

Embora as duas vacinas sejam altamente eficazes na prevenção da poliomielite, ela em forma de ‘injeção’ oferece uma vantagem fundamental: segurança.

Isso porque, em raros casos, a gotinha pode desencadear uma forma de poliomielite associada à vacina.

Esse evento adverso ocorre quando o vírus enfraquecido da vacina oral acaba causando a doença na pessoa vacinada, especialmente em pessoas com sistemas imunológicos comprometidos.

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Enquanto a "gotinha" facilitava campanhas de vacinação em massa, a nova vacina injetável oferece uma proteção mais eficaz
Enquanto a “gotinha” facilitava campanhas de vacinação em massa, a nova vacina injetável oferece uma proteção mais eficaz – Crédito: Prefeitura Municipal de Uberlândia

“A vacina oral foi fundamental na erradicação da poliomielite no Brasil, mas o fato de conter o vírus vivo atenuado traz um risco mínimo de efeitos adversos, o que não ocorre com a vacina injetável”, explica Cláudio Vieira da Silva, professor de Imunologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

A ‘injeção’, ao utilizar o vírus inativado, elimina completamente essa possibilidade.

Facilidade na administração x segurança

A principal vantagem da gotinha sempre foi sua facilidade de aplicação, especialmente em campanhas de vacinação em massa.

Com a gotinha, sua aplicação é mais simples e menos invasiva, o que facilita a adesão, especialmente entre crianças.

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Profissional da saúde aplicando vacina no braço de alguém
A nova vacina injetável segue as diretrizes da OMS para a erradicação global da poliomielite – Crédito: reprodução TV Paranaíba

Por outro lado, a injeção pode causar pequenas reações locais, como dor e inchaço no local da aplicação.

A segurança superior da ‘picadinha’ compensa esse pequeno desconforto. Além disso, o novo esquema vacinal, que reduzirá o número de reforços de dois para um, também simplifica o processo, tornando-o mais prático para as famílias.

Por que a mudança é importante?

A substituição da gotinha pela injetável segue as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda a adoção da versão injetável como parte da estratégia global para erradicação da poliomielite.

Além disso, a mudança reduz o risco de poliomielite associada à vacina, garantindo uma imunização mais segura.

Vale lembrar que a poliomielite, embora erradicada no Brasil desde 1989, ainda representa uma ameaça global.

O objetivo da mudança é não só proteger as crianças brasileiras, mas também contribuir para o esforço mundial de erradicação definitiva da doença.

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