Os acidentes com animais peçonhentos seguem em crescimento no Brasil, e as picadas de aranhas já ocupam o segundo lugar entre as principais causas de envenenamento, ficando atrás apenas dos escorpiões.
Em 2023, foram registrados 341.806 casos de acidentes com animais venenosos, e as aranhas foram responsáveis por 43.933 desses incidentes, o que equivale a 12% do total, segundo dados do Ministério da Saúde.
Devido ao clima tropical e a biodiversidade do Brasil, a convivência com aranhas, escorpiões e outros animais peçonhentos faz parte do dia a dia, inclusive em áreas urbanas. As aranhas, em especial, estão presentes em quintais, parques e até dentro de casas, tornando os acidentes praticamente inevitáveis.
Em Uberlândia, de janeiro a agosto de 2024, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) realizou 193 atendimentos de acidentes por animais peçonhentos, sendo apenas 14 por aranha.
Mulher morre com suspeita de picada de aranha em Uberlândia
Em Uberlândia, um caso grave envolvendo picada de aranha tirou vida de uma mulher. A vítima de 61 anos, natural de Monte Carmelo, morreu no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), no dia 31 de agosto deste ano, após complicações suspeitas de terem sido causadas por uma picada de aranha-marrom.
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Segundo relatos da família, a vítima foi picada na terça-feira (27) e, inicialmente, a dor na perna foi interpretada como uma simples picada de mosquito. No entanto, o quadro clínico se agravou rapidamente.
Sentindo fortes dores, vômitos e desmaios, a mulher foi levada ao pronto-socorro. Apesar de os exames iniciais não indicarem a causa, o surgimento de manchas roxas e bolhas na perna no dia seguinte levou os médicos a suspeitarem de envenenamento por picada de aranha-marrom.
Com a saúde piorando muito rápido, ela foi transferida para o HC-UFU na sexta-feira. Os médicos confirmaram que ela havia sido picada por uma aranha venenosa. O veneno se espalhou pelo corpo dela, causando problemas nos rins, nos pulmões e ela chegou a perder a consciência. Mesmo com o tratamento, ela não resistiu. A família contou que ela tinha diabetes, o que pode ter piorado a situação.
Aranha-marrom
O veneno da aranha-marrom pode ser letal se não tratado a tempo. Segundo o Instituto Butantan, a necrose no local da picada, com morte de parte do tecido da pele, é uma das manifestações mais comuns desse tipo de envenenamento.
No Brasil, além da aranha-marrom, há outras duas espécies de importância médica: a aranha-armadeira do gênero Phoneutria e a viúva-negra do gênero Latrodectus.
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O que fazer em caso de picada de aranha?
O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) recomenda que, em caso de picada de aranha ou acidente com outros animais peçonhentos, o indivíduo procure imediatamente uma unidade de saúde.
A Dra. Francielly Marques Gastaldi, que é médica especialista em doenças infecciosas no hospital, diz que o mais importante é ver como a pessoa está. Só em casos mais graves é que precisa tomar um remédio especial. Mas todo mundo precisa ir no médico para ver como tá e tomar os cuidados certos.
Pra evitar picadas de aranha, a médica dá algumas dicas:
- Manter áreas externas limpas, evitando entulho, acúmulo de folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção.
- Evitar locais de folhagem densa, e, se houver necessidade de acesso a tais espaços, utilizar roupas com proteção de toda a extensão corporal.
- Limpar terrenos baldios.
- Sacudir as roupas e sapatos, antes de usá-los, pois as aranhas podem adentrá-los.
- Não colocar a mão em buracos, embaixo de troncos e pedras.
- Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos.
- Realizar a manutenção de rodapés, e extremidades de portal e telas de janelas, para evitar entrada destes animais no domicílio.
- Combater proliferação de insetos.
- Afastar camas e berços das janelas e portas, com uso — de preferência — de mosquiteiros e cortinados/telas.
O tratamento com soro antiaracnídico é fornecido pelo SUS
Os soros antivenenos, incluindo o soro antiaracnídico, são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e podem ser disponibilizados por hospitais públicos, filantrópicos e privados, sem custo algum ao paciente.
Como funciona o tratamento?
- Diagnóstico: ao procurar um serviço de saúde após uma picada de aranha, o médico irá avaliar a gravidade dos sintomas e identificar o tipo de aranha envolvido.
- Indicação do soro: se a picada for considerada grave, o médico poderá indicar a aplicação do soro antiaracnídico.
- Administração: o soro é administrado por via intravenosa, ou seja, diretamente na veia, em um ambiente hospitalar e sob a supervisão de um profissional de saúde.
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Como o soro antiaracnídico age no corpo?
O soro antiaracnídico contém anticorpos específicos que reconhecem e neutralizam o veneno da aranha. Ao ser injetado no organismo, ele atua da seguinte forma:
- Liga-se ao veneno: os anticorpos presentes no soro se ligam ao veneno circulante no sangue, formando complexos que inativam a toxina.
- Neutraliza o efeito do veneno: ao neutralizar o veneno, o soro impede que ele cause danos aos tecidos e órgãos do corpo, como a destruição de células e a coagulação do sangue.
- Diminui a gravidade dos sintomas: a ação do soro contribui para a redução da intensidade dos sintomas causados pela picada, como dor, inchaço, vermelhidão e outros.