Picadas de aranhas ocupam 2º lugar em casos de envenenamento no Brasil

Em Uberlândia, de janeiro a agosto de 2024, o HC-UFU realizou 193 atendimentos de acidentes por animais peçonhentos

, em Uberlândia
01/10/2024 ÀS 14H20
- Atualizado Há 3 dias atrás

Os acidentes com animais peçonhentos seguem em crescimento no Brasil, e as picadas de aranhas já ocupam o segundo lugar entre as principais causas de envenenamento, ficando atrás apenas dos escorpiões.

Em 2023, foram registrados 341.806 casos de acidentes com animais venenosos, e as aranhas foram responsáveis por 43.933 desses incidentes, o que equivale a 12% do total, segundo dados do Ministério da Saúde.

Devido ao clima tropical e a biodiversidade do Brasil, a convivência com aranhas, escorpiões e outros animais peçonhentos faz parte do dia a dia, inclusive em áreas urbanas. As aranhas, em especial, estão presentes em quintais, parques e até dentro de casas, tornando os acidentes praticamente inevitáveis.

Em Uberlândia, de janeiro a agosto de 2024, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) realizou 193 atendimentos de acidentes por animais peçonhentos, sendo apenas 14 por aranha.

Aranha envenenamento
Ministério da Saúde alerta para o aumento significativo de acidentes com picadas de aranhas em todo o país — Crédito: Freepik

Mulher morre com suspeita de picada de aranha em Uberlândia

Em Uberlândia, um caso grave envolvendo picada de aranha tirou vida de uma mulher. A vítima de 61 anos, natural de Monte Carmelo, morreu no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), no dia 31 de agosto deste ano, após complicações suspeitas de terem sido causadas por uma picada de aranha-marrom.

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Segundo relatos da família, a vítima foi picada na terça-feira (27) e, inicialmente, a dor na perna foi interpretada como uma simples picada de mosquito. No entanto, o quadro clínico se agravou rapidamente.

Picada de aranha
Manchas roxas começaram a aparecer na perna da vítima picada por aranha — Crédito: Arquivo Pessoal

Sentindo fortes dores, vômitos e desmaios, a mulher foi levada ao pronto-socorro. Apesar de os exames iniciais não indicarem a causa, o surgimento de manchas roxas e bolhas na perna no dia seguinte levou os médicos a suspeitarem de envenenamento por picada de aranha-marrom.

Veneno da aranha-marrom pode ser letal se não tratado a tempo — Crédito: Instituto Butantan

Com a saúde piorando muito rápido, ela foi transferida para o HC-UFU na sexta-feira. Os médicos confirmaram que ela havia sido picada por uma aranha venenosa. O veneno se espalhou pelo corpo dela, causando problemas nos rins, nos pulmões e ela chegou a perder a consciência. Mesmo com o tratamento, ela não resistiu. A família contou que ela tinha diabetes, o que pode ter piorado a situação.

Aranha-marrom

O veneno da aranha-marrom pode ser letal se não tratado a tempo. Segundo o Instituto Butantan, a necrose no local da picada, com morte de parte do tecido da pele, é uma das manifestações mais comuns desse tipo de envenenamento.

No Brasil, além da aranha-marrom, há outras duas espécies de importância médica: a aranha-armadeira do gênero Phoneutria e a viúva-negra do gênero Latrodectus.

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O que fazer em caso de picada de aranha?

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) recomenda que, em caso de picada de aranha ou acidente com outros animais peçonhentos, o indivíduo procure imediatamente uma unidade de saúde.

Picada de aranha
Picadas de aranhas, se não tratadas imediatamente, podem levar a morte — Crédito: Instituto Butantan

A Dra. Francielly Marques Gastaldi, que é médica especialista em doenças infecciosas no hospital, diz que o mais importante é ver como a pessoa está. Só em casos mais graves é que precisa tomar um remédio especial. Mas todo mundo precisa ir no médico para ver como tá e tomar os cuidados certos.

Pra evitar picadas de aranha, a médica dá algumas dicas:

  • Manter áreas externas limpas, evitando entulho, acúmulo de folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção.
  • Evitar locais de folhagem densa, e, se houver necessidade de acesso a tais espaços, utilizar roupas com proteção de toda a extensão corporal.
  • Limpar terrenos baldios.
  • Sacudir as roupas e sapatos, antes de usá-los, pois as aranhas podem adentrá-los.
  • Não colocar a mão em buracos, embaixo de troncos e pedras.
  • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos.
  • Realizar a manutenção de rodapés, e extremidades de portal e telas de janelas, para evitar entrada destes animais no domicílio.
  • Combater proliferação de insetos.
  • Afastar camas e berços das janelas e portas, com uso — de preferência — de mosquiteiros e cortinados/telas.

O tratamento com soro antiaracnídico é fornecido pelo SUS

Soro para picadas de aranha
O antiveneno que trata pacientes picados por animais peçonhentos é distribuído pelo SUS — Crédito: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

Os soros antivenenos, incluindo o soro antiaracnídico, são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e podem ser disponibilizados por hospitais públicos, filantrópicos e privados, sem custo algum ao paciente.

Como funciona o tratamento?

  • Diagnóstico: ao procurar um serviço de saúde após uma picada de aranha, o médico irá avaliar a gravidade dos sintomas e identificar o tipo de aranha envolvido.
  • Indicação do soro: se a picada for considerada grave, o médico poderá indicar a aplicação do soro antiaracnídico.
  • Administração: o soro é administrado por via intravenosa, ou seja, diretamente na veia, em um ambiente hospitalar e sob a supervisão de um profissional de saúde.

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Como o soro antiaracnídico age no corpo?
O soro antiaracnídico contém anticorpos específicos que reconhecem e neutralizam o veneno da aranha. Ao ser injetado no organismo, ele atua da seguinte forma:

  • Liga-se ao veneno: os anticorpos presentes no soro se ligam ao veneno circulante no sangue, formando complexos que inativam a toxina.
  • Neutraliza o efeito do veneno: ao neutralizar o veneno, o soro impede que ele cause danos aos tecidos e órgãos do corpo, como a destruição de células e a coagulação do sangue.
  • Diminui a gravidade dos sintomas: a ação do soro contribui para a redução da intensidade dos sintomas causados pela picada, como dor, inchaço, vermelhidão e outros.

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