Cláudia Soares Alves, a médica-neurologista que raptou uma recém-nascida do Hospital de Clínicas da UFU (HC-UFU), é suspeita de ter tentado comprar o bebê de um casal de Salvador, capital da Bahia. André Guimarães acompanhou a repercussão nacional do caso e reconheceu Cláudia como a mesma mulher que o abordou, dias antes do crime em Uberlândia, oferecendo R$ 10 mil pelo filho que a esposa dele esperava.
Por telefone, André conversou com o Paranaíba Mais e contou que a médica chegou até o casal por intermédio da associação de moradores do bairro Vila Canária, alegando que queria fazer uma doação de enxoval. “Ela chegou na ideia de que estava precisando fazer a doação de um enxoval de um menino. Que queria doar para uma mãe grávida, que ela tinha feito uma promessa porque o filho dela estava na UTI e se o menino saísse da UTI ela doaria todo enxoval”, relembrou.
Médica tentou comprar bebê
Segundo o relato do líder comunitário, não demorou muito para que a oferta de doação se tornasse uma negociação de compra do filho de André. Cláudia teria sugerido falsificar os documentos da mãe da criança para que ela pudesse ficar com o bebê. Além disso, ao saber que o parto seria em um hospital público de Salvador, a médica tentou levar a grávida para um hospital particular onde, segundo ela, a situação não seria tão burocrática. “Ela falou ‘Olha, eu pago a cesariana, eu pago a laqueadura e eu pago R$ 10 mil para que você permita que eu leve sua esposa agora em um hospital particular e que ela coloque a minha foto nos documentos dela”.
André disse que negou imediatamente a proposta de Cláudia, mas a médica insistiu. A neurologista relatou que é casada com um “homem de boas condições” e que estaria desesperada para encontrar um bebê. “Ela disse ‘Meu marido é um fazendeiro e delegado de Goiás e eu casei com ele já grávida de outro homem, mas eu preciso do documento de Nascido Vivo para comprovar isso'”.
Apesar da negativa, Cláudia teria ligado novamente para André, no dia seguinte, querendo que o líder comunitário a ajudasse a conseguir o documento Nascido Vivo, que é um documento padrão em todo território nacional que alimenta o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e viabiliza o monitoramento do número de nascimentos no Brasil. “Ela disse que daria os mesmos R$ 10 mil. Eu disse ‘Senhora, não me ligue mais não ou eu chamo a polícia para você’. E assim eu fiz”.
André tentou denunciar Cláudia
O líder comunitário garante que ao perceber as intenções de Cláudia, tirou fotos da placa do carro vermelho que a médica estava. Após as abordagens, André ligou na Polícia Militar, mas como a suspeita não estava mais no local, foi orientado pelos militares a concluir a denúncia pelo 181, o disque-denúncia. André disse que ligou no tridígito, mas não conseguiu completar a ligação.
O filho de André nasceu nesta quinta-feira (25), em Salvador, antes da data prevista. O líder comunitário acredita que o estresse causado pela abordagem da médica e, depois, pela repercussão do rapto da recém-nascida em Uberlândia, podem ter influenciado no parto antecipado da esposa.
Recém-nascida raptada em Uberlândia
Na noite de terça-feira (24), Cláudia Soares teve acesso ao Hospital de Clínicas da UFU usando jaleco e crachá, justificando ser uma médica que iria cobrir o setor de Clínica Médica na unidade. A suspeita foi até o quarto onde estavam Nathália Rodrigues da Silva e Edson Junior com a filha recém-nascida.
Cláudia se apresentou como médica e com o pretexto de que a filha do casal estava com dificuldades de amamentar, levou a recém-nascida do quarto, não retornando mais. Quando o crime foi descoberto pelos pais da bebê e profissionais do HC-UFU, Cláudia já tinha saído da instituição e fugido em direção à Goiás.
A médica neurologista foi presa em flagrante por rapto na manhã de quarta-feira (25), em Itumbiara, onde mora e atua como médica. Presa, ela alegou que raptou a recém-nascida sob efeitos de um surto psicótico após tomar medicamentos controlados. A bebê foi resgatada e reencontrou a família no mesmo dia.
A prisão em flagrante de Cláudia Soares Alves foi convertida em prisão preventiva durante a audiência de custódia que aconteceu na manhã desta quinta-feira (25). A decisão é do Tribunal de Justiça do estado de Goiás (TJGO).
Nathália Rodrigues e a filha recém-nascida receberam alta na tarde desta sexta-feira e já estão em casa.