Eurípedes Martins, que ficou conhecido como ‘maníaco de Araguari’, foi absolvido de outros três crimes que era acusado desde 2006, quando foi preso por ser o principal suspeito de ter matado cinco mulheres na cidade.
Na manhã de segunda-feira (29), no Fórum de Uberlândia, Eurípedes foi julgado pela morte de Rejane Maria Fonseca, Michele Monteiro Silva e Edma Maria Guedes Batista. O Conselho de Sentença do Júri avaliou a materialidade dos delitos e entendeu que não havia provas que relacionassem a autoria dos crimes à Eurípedes Martins.
Após 18 anos tentando provar a inocência, Eurípedes se sente aliviado e pronto para recomeçar a vida. “Hoje eu estou feliz, graças a Deus eu sou inocente. O doutor conseguiu provar minha inocência. Agora vou ser feliz, vou batalhar e deixar tudo que passou para trás”, contou.
Paulo Bragante, advogado de defesa do réu, comemorou o fim da saga pela busca por Justiça do cliente. “Sensação de dever cumprido e um alívio muito grande de que foi feita a justiça. Seria terrível uma injustiça contra uma pessoa que a gente tem absoluta certeza da inocência”.
Para provar a inocência de Eurípedes, o advogado de defesa do “maníaco de Araguari”, reforçou o argumento da falta de provas. “Ele não esteve nunca em lugar nenhum que tivesse cena de crime. No meu ponto de vista o inquérito policial não foi bem conduzido, as provas que disseram existir não foram consistentes para que pudessem incriminar o Eurípedes”, comentou.
Sequência de crimes em Araguari
As mortes aconteceram entre 2004 e 2006 e as vítimas tinham entre 13 e 57 anos. Devido aos crimes violentos semelhantes e atribuídos à Eurípedes, ele passou a ser chamado de “maníaco de Araguari”.
Eurípedes foi preso, em 2006, após ser identificado por uma pessoa que fugiu após ter dito ser abordada por ele. Na casa do réu, foi encontrada uma calcinha, identificada pela filha de uma desaparecida. O carroceiro chegou a confessar os crimes, mas no decorrer do processo alegou que foi influenciado a assumir a responsabilidade dos assassinatos.
O advogado de defesa de Eurípedes acredita que o cliente foi falsamente acusado. “Precisava-se chegar a alguém. E o Eurípedes, um pobre coitado, chegaram nele”.
Absolvição recente do ‘maníaco de Araguari’
No dia 9 de julho, Eurípedes Martins foi absolvido pelo homicídio qualificado e ocultação de cadáver de Amanda Aparecida de Souza. O Tribunal de Júri aconteceu também no Fórum de Uberlândia, durante o Mutirão do Júri.
O Conselho de Sentença julgou improcedente a acusação contra o “maníaco de Araguari” por ausência de provas que determinem a autoria dos crimes.
Amanda, à época com 13 anos, foi dada como desaparecida no dia 21 de janeiro de 2005. No dia 30 de março do mesmo ano, o corpo da adolescente foi encontrado na rua Idelbrando Rodrigues Barbosa, no bairro de Fátima, em Araguari, em estado de decomposição.
A primeira absolvição em 2019
Em 2019, o “maníaco de Araguari” foi absolvido da acusação de assassinar Lara Rodrigues Caetano Pereira, que tinha, também, 13 anos quando foi morta. No júri, formado por seis mulheres e um homem, o réu foi inocentado por quatro votos a três das acusações de homicídio e ocultação de cadáver da vítima.
Após a absolvição de Eurípedes, o Ministério Público de Minas Gerais pediu a mudança de comarca para o próximo julgamento do réu alegando que, devido à cobertura midiática e a teoria popular que o réu foi falsamente acusado por ser negro, havia dúvida sobre a imparcialidade dos jurados.
A Justiça acatou o pedido e transferiu o julgamento para o fórum de Uberlândia.
Para Paulo Bragante o desaforamento já era um indício de que a população araguarina também acreditava na inocência de Eurípedes. “A grande maioria da população araguarina realmente não acreditava que Eurípedes fosse capaz ou que tivesse cometido qualquer um daqueles delitos. Inclusive, esse foi um fato que, a partir do primeiro processo do Eurípedes, que ele foi absolvido, o MP entrou com um pedido de desaforamento do processo entendendo que a população araguarina estava voltada para a absolvição do Eurípedes”, relembrou.
De acordo com advogado de Eurípedes, não há mais possibilidade de recursos nem da defesa nem da acusação.
