Descontrole financeiro: mais de 50% dos inadimplentes assumem gastar além do orçamento mensal

Pesquisa nacional ainda aponta que parte dos consumidores não faz controle das contas e dos gastos

31/07/2024 ÀS 07H09
- Atualizado Há 2 meses atrás

O descontrole financeiro é uma realidade para a maior parte dos brasileiros. Mais da metade dos inadimplentes assume que conseguem gastar mais do que o orçamento permite e, muitas vezes, devido às compras por impulso ou por influência dos relacionamentos.

A última pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) reflete bem esse cenário.

Descontrole financeiro é relato por 53% dos consumidores – Foto: Freepik

Segundo os dados, 35% dos inadimplentes não fazem controle das contas e dos gastos. A impulsividade de comprar é apontada pelos consumidores como uma das principais causas de descontrole financeiro.

O levantamento mostrou que, entre os endividados, 53% concordam que gastam além do orçamento mensal e 46% quase sempre cedem aos impulsos de consumo quando querem muito comprar algo.

  • 40% se endividaram porque o prazer de comprar é maior do que a vontade de controlar as finanças
  • 38% afirmam que algumas vezes acabam fazendo compras não planejadas para se sentirem melhores
  • 35% dizem que as pessoas afirmam que eles compram demais
  • 35% admitem que navegar nas redes sociais estimula o consumo por impulso

A especialista em investimentos e risco pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Merula Borges, afirmou que as emoções são determinantes na hora ir às compras, podendo realmente levar ao consumo desnecessário.

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“Já tem estudos longos sobre isso, sobre como as emoções afetam as compras, o controle do orçamento. E aí é importante que as pessoas tomem cuidado quando estão muito tristes, quando estão muito animadas, para não irem às compras sob emoções fortes e acabar saindo do orçamento”, alertou.

O convívio social e problemas nos relacionamentos são outros fatores de descontrole financeiro indicado pelos consumidores. Parte deles (47%) respondeu que se sente pressionado a gastar mais quando estão com a família e amigos, principalmente os mais jovens e pertencentes das classes A e B.

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  • 42% confirmam que a reputação está sendo afetada pelas dívidas em atraso
  • 41% frequentemente gastam mais do que podem nas compras para satisfazer as vontades do cônjuge, namorado(a) e/ou filhos
  • 36% dizem que a forma como gastam seu dinheiro é motivo frequente para brigas com familiares
  • 29% concordam que gastam mais para acompanhar o padrão de vida de amigos
Compras por impulso
Descontrole financeiro é impactado, principalmente, por compras por impulso – Foto: Freepik

Descontrole financeiro pode ser evitado

Os brasileiros ainda mencionaram a dificuldade de evitar o descontrole financeiro. Entre os motivos levantados estão o fato de já terem tentado organizar as finanças antes e não ter ajudado, não ter disciplina para controle dos gastos ou não saber como fazer. Merula Borges destacou a importância de simplificar os processos de organização financeira.

“A gente tem várias opções de aplicativos, por exemplo, que podem ajudar as pessoas a controlar o orçamento. Além disso, tem opções de deixar, por exemplo, disponível de limite no cartão de crédito só aquilo que pode ser gasto, ou deixar na conta só aquilo que pode ser gasto no final do mês e transferir para uma conta ou de aplicação, ou de investimento, ou enfim, já ir pagando logo tudo no começo para não correr o risco de deixar dinheiro na conta, ficar com a conta mental e gastá-la em orçamento. Então simplificar ao máximo facilita na hora de controlar o orçamento”, sugeriu a especialista.

Caderninho de anotações x planilha no computador

Há quem preferira os métodos mais tradicionais para prevenir o descontrole financeiro. De acordo com a pesquisa, seis em cada dez entrevistados administram o orçamento usando principalmente um caderno de anotações (32%) e uma planilha no computador (18%).

Mais de 30% dos consumidores fa- Foto:

Mas 35% dos brasileiros disseram que não realizam controle, sobretudo, porque fazem de cabeça (21%).

Há ainda aqueles que organizam as finanças por aplicativo no celular (15%) ou terceira o serviço para outra pessoa.

Os itens mais controlados são despesas essenciais do dia a dia – como contas de energia, água e aluguel -, o salário e as demais fontes de receita pessoal, prestações de compras a serem pagas e gastos não essenciais como salão de beleza, lazer etc.

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