Desabafo de jovem uberlandense sobre proposta de emprego viraliza e levanta reflexões

Com duas formações acadêmicas, jovem seria o responsável por um novo setor na empresa e receberia menos de um salário mínimo

, em Uberlândia
30/07/2024 ÀS 07H00
- Atualizado Há 2 meses atrás

Não havia uma proposta de emprego, Wesley Jurcovich, formado em Jornalismo e Publicidade, enviou o currículo para a empresa financeira na tentativa de encontrar um espaço no mercado de trabalho de Uberlândia.

Em julho, um dos sócios da empresa convidou o jovem para uma entrevista, da qual Wesley não saiu com o emprego, mas muito confiante com a promessa da possível criação de um setor de marketing na empresa. “Ele perguntou minha experiência acadêmica e profissional, eu contei tudo. Tudo que trabalhei, o que gosto de fazer e tenho facilidade. Além de qual seria minha prospecção para a empresa dele. Foi uma conversa totalmente amigável”.

Jovem que viralizou no LinkedIn
Wesley Jurcovich divulgou proposta de trabalho em mídia social focada em negócios e viu a postagem viralizar – Foto: LinkedIn

Menos de uma hora depois, o jornalista publicitário já recebeu o retorno da empresa financeira. Logo, a expectativa se tornou frustração. “Eu fiquei um pouco em choque com aquilo. Eu não tive coragem de responder, porque aquilo ali, para mim, foi o cúmulo do absurdo”, desabafou Wesley

Proposta de emprego

A mensagem que chegou pelo Whatsapp especificava quais seriam os detalhes da proposta de emprego na empresa financeira.

Wesley seria o responsável pelo Marketing e Social Media, além de desempenhar também a função de SDR, sigla para Sales Development Representative, que é um profissional de pré-venda. A carga horária seria das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira.

Proposta de emprego enviada a Wesley
A proposta de emprego foi enviada a Wesley por aplicativo de mensagem, após a entrevista presencial – Foto: rede social

A mensagem trouxe mais detalhes que não foram discutidos durante a entrevista presencial. Entre elas, a remuneração de R$ 950 por mês, além da comissão que seria pago a cada reunião agendada ou contrato fechado por Wesley, caso ele aceitasse a proposta. “Eu postei em um grupo da faculdade onde formei contando o que aconteceu. Foi ai que meu amigo sugeriu de colocar no Linked in para alguém ver e, provavelmente, surgir uma proposta de emprego”.

A postagem repercutiu

Wesley seguiu o conselho do amigo, mas não imaginava que o print com a proposta de emprego iria repercutir tanto.

Com o título “A gente se humilha para trabalhar”, o texto da publicação detalhou como foi o encontro até a chegada da mensagem. Por fim, um desabafo e um pedido: “Sigo aqui triste por ter mais uma prova que nós jornalistas, publicitários, designers, etc, além de sermos muito subestimados, somos humilhados no mercado profissional. Caso alguém saiba de alguma oportunidade que pelo menos me ceda transporte e alimentação, fico a disposição para ter o direito de trabalhar pelo menos dentro da lei.”.

Com quase seis mil curtidas na mídia social focada em negócios e emprego, os mais de 1300 comentários trouxeram reflexão, apoio, conselhos e… proposta de emprego.

Print do LinkedIn sobre a proposta de trabalho
Entre os comentários, surgiram outras propostas de emprego em cidades da região – Foto: LinkedIn

 

Wesley garante que leu, também, várias críticas a ele. Algumas pessoas viram o profissional como ingrato ao negar uma proposta de emprego enquanto muitos desempregados buscam oportunidades no mercado de trabalho. Outros atacaram a profissão do jovem.

Mas Wesley preferiu focar em um conselho específico. “Eu recebi muito apoio, principalmente de gente que falou para eu parar de trabalhar para as pessoas e abrir meu próprio negócio. E é o que eu quero fazer. Foi quando eu tive a ideia de fazer a vakinha para conseguir um computador que eu não tenho”, contou.

Do limão Wesley espera fazer uma limonada! Para conseguir começar a própria empresa de marketing, Wesley espera arrecadar R$ 4 mil para comprar um computador.

Situações semelhantes

A proposta de emprego oferecida a Wesley, considerada inadequada pela maioria dos usuários da internet, não é a única a viralizar.

Um perfil nas redes sociais reúne casos de trabalhadores semelhantes Brasil a fora. Enquanto algumas propostas chocam pela remuneração muito baixa, outros por características consideradas abusivas ou preconceituosas.

Nesta proposta, o empregador pede que a profissional não tenha filhos ou seja casada, além de deixar claro que não haverá remuneração nos primeiros meses - Foto: X/reprodução
Nesta proposta, o empregador pede que a profissional não tenha filhos ou seja casada, além de deixar claro que não haverá remuneração nos primeiros meses – Foto: X/reprodução

Cristiane Rocha é profissional de Recursos Humanos e diz que uma consultoria em empresas pode evitar propostas fora da realidade ou até fora da lei. “É esse profissional que vai dar a noção ali para o empresário do perfil da vaga, da construção dos requisitos e de quanto o mercado está praticando naquela posição. É importante essa consultoria para que as vagas sejam oferecidas de forma competitiva e ele possa atrair os melhores profissionais para a empresa dele. Então isso é uma recomendação. Se o empresário tem alguma dúvida, ele deve ter aí uma consultoria especializada para apoiá-lo no momento da divulgação das vagas”, sugeriu Cristiane.

Já aos profissionais, Cristiane orienta que todos os requisitos da proposta de emprego devem ser avaliados atentamente para evitar frustração. “A análise começa pelo profissional. O profissional que está em busca de emprego, a recomendação é que ele leia atentamente o anúncio da vaga e ele mesmo já observe se ele tem os requisitos ou não e ele observe também qual é a proposta daquele empregador, se a vaga é regime CLT, se é regime PJ, qual é a faixa de remuneração para que ele não levante expectativas a respeito de uma vaga que já não o atende”, finalizou.

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