Terra em alta rotação: planeta deve viver o dia mais curto da história nesta quarta (9)

Fenômeno vem se repetindo desde 2020 e pode atingir novo recorde este ano, segundo especialistas

, em Uberlândia

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O Planeta Terra pode estar prestes a girar mais rápido do que nunca. Cientistas que acompanham o movimento da Terra apontam que nesta quarta-feira (9), o mundo deve completar sua rotação com até 1,30 milissegundo a menos do que o habitual — encurtando o dia em relação às 24 horas convencionais. Desde 2020, esse tipo de fenômeno tem se repetido com frequência, e os pesquisadores ainda não têm certeza absoluta sobre o que está por trás dessa aceleração. Mas já se sabe que ela ocorre por razões naturais, relacionadas ao comportamento do núcleo do planeta, dos oceanos e da atmosfera. O que parece certo é que estamos vivendo uma fase em que os dias ficam, literalmente, mais curtos.

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Dia mais curto da história deve ocorrer nesta quarta-feira (9)
Tudo indica que este ano o Planeta Terra irá bater novo recorde de velocidade de rotação – Crédito – Freepik

A previsão é do astrofísico Graham Jones, do site especializado Time and Date, que monitora com precisão milimétrica a rotação da Terra. Ele afirma que a expectativa é de que o planeta complete sua volta em menos de 86.400 segundos (o equivalente às tradicionais 24 horas). O recorde mais recente foi registrado em 5 de julho de 2024, com um dia 1,66 milissegundo mais curto. E agora, tudo indica que 9 de julho também será um marco.

Desde que os relógios atômicos começaram a ser utilizados, na década de 1950, os cientistas passaram a registrar com precisão milissegundos “perdidos” — embora esse tempo seja tão breve que passe despercebido pelos sentidos humanos. Um milissegundo equivale a 0,001 segundo. Para comparação, um piscar de olhos dura, em média, 300 milissegundos.

Esses microencurtamentos, no entanto, são um sinal de que algo está mudando, ainda que lentamente, na dinâmica do planeta. Até 2020, o menor dia registrado havia sido em 2005, com -1,05 milissegundo. Mas desde então, a lista só cresce: -1,47 milissegundo em 2020, -1,59 em 2022, -1,31 em 2023 e, agora, -1,66 milissegundo em 2024.

Mas por que a Terra está com pressa?

Não existe uma resposta definitiva. Os cientistas admitem que ainda não compreendem totalmente o fenômeno. Possíveis explicações incluem variações no movimento do núcleo da Terra, oscilações atmosféricas, marés e redistribuição de massas pelos oceanos. O próprio astrofísico Graham Jones destaca que os modelos climáticos e oceanográficos ainda não explicam completamente a aceleração da rotação observada nos últimos anos.

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Leonid Zotov, pesquisador da Universidade Estadual de Moscou e uma das maiores autoridades no estudo dos movimentos da Terra, reforça que a comunidade científica não esperava essa tendência. Ele projeta, no entanto, que a fase de aceleração pode ser temporária e que o planeta deve voltar a girar mais devagar nos próximos anos.

A instabilidade da rotação, aliás, não é novidade na história geológica. A professora Hannah Fry, da Universidade de Cambridge, lembra que a Terra já girou bem mais rápido. “Há cerca de 430 milhões de anos, tínhamos 420 dias em um ano, porque cada dia durava menos”, explica. A análise é feita com base em fósseis de corais antigos, cujos anéis internos funcionam como marcadores de tempo — assim como os anéis das árvores.

Dia mais curto da história deve ocorrer nesta quarta-feira (9)
Foto Freepik

Milissegundos que (ainda) não mudam a vida

Apesar de parecer alarmante, esse encurtamento dos dias ainda não tem impacto direto na vida das pessoas. Mas os especialistas alertam: se essa tendência persistir ao longo dos anos, será necessário ajustar os relógios mundiais. Desde 1973, já foram adicionados 27 segundos bissextos para compensar atrasos na rotação da Terra. Se o planeta continuar acelerando, pode ser necessário, no futuro, remover um segundo — algo inédito até hoje.

Esse segundo a mais ou a menos serve para manter a hora civil sincronizada com o tempo astronômico, ou seja, com o movimento real da Terra em torno de si mesma. O Observatório Nacional explica que, embora a Terra venha desacelerando sua rotação desde a formação, variações como a que estamos vivendo são normais em escalas de décadas ou séculos.

Além de 9 de julho, os especialistas projetam que dois outros dias em 2025 também serão mais curtos: 22 de julho e 5 de agosto. Nessas datas, a influência gravitacional da Lua sobre a Terra será menor, o que pode favorecer o giro mais rápido.