O pai como base de amor e do ensinamento

Pai é a referência que nos ajuda a ter confiança e segurança na vida

11/08/2024 ÀS 10H11

- Atualizado Há 1 mês atrás

Domingo havia sempre algo a fazer. Soltar pipa na avenida ainda por asfaltar. Acordar cedo e pegar a estrada rumo à roça para saborear frango caipira e macarrão com molho vermelho, queijo ralado temperado e com a alegria de estar em família.

Era assim a folga para o meu pai. Celebrar a convivência. Orestes era, não, vou conjugar no presente, é seu nome. De origem grega, mesmo sendo um homem nascido num canto de terra do cerrado. Menino levado, filho responsável, marido cuidadoso, pai amigo.

Orestes e Mônica Cunha
Orestes, meu pai – Crédito: arquivo pessoal

Lembro quando tive que mudar pela primeira vez de cidade e a dúvida me corroía. Iria ou não? -“O que você decidir saiba que te apoio. A vida exige sacrifícios porém faça aquilo que te faça bem. “

O conselho tranquilizou minha alma e segui o destino. Foi a confiança dele que abriu mais minhas asas. Eu sabia que era capaz justamente porque ele me ensinou a adquiri-la enquanto eu crescia.

De me dar a mão para entrar na piscina e soltá-la me deixando descobrir as estratégias para mergulhar, sentir a agua até a escolha por persistir na profissão que escolhi. Foi ele quem me disse para não desistir quando passei por uma situação, digamos, desagradável de preconceito e desrespeito. Águas passadas.

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No correr do tempo a figura paterna é a que promove a segurança. É aquela que transmite autoridade sem gritos. Tem sempre conversas e argumentos prontos. Uma sabedoria que se aprende no exercício diário do amor.

A figura paterna

O psicólogo Célio Gomes me explicou que a figura paterna muitas vezes é o avô, um tio, o padrasto. Essa referência nos alimenta o desenvolvimento pessoal, a autoestima.

Meu pai nunca me desacreditou. Mostrou-me valores como a humildade, o esforço e a como ser prestativo. Foi força, bom humor, humano e meu companheiro de cafés.

Ele se foi num sábado após o coração parar. Não me despedi dele. Doeu. O que faria sem ele?

Orestes continua me inspirando. Foi como se eu escutasse: “Filha, estou no seu coração. Converse comigo.”

E converso enquanto fervo a água e preparo duas xícaras quase sempre às três da tarde. Um ritual de vida, de lições, herança. Apesar da saudade gritante é cultivar o bem viver de quem me ama até hoje.

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