Conteúdos sobre bem-estar e estilo de vida com informações confiáveis, embasadas cientificamente e com orientações de especialistas
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Pai é a referência que nos ajuda a ter confiança e segurança na vida
Domingo havia sempre algo a fazer. Soltar pipa na avenida ainda por asfaltar. Acordar cedo e pegar a estrada rumo à roça para saborear frango caipira e macarrão com molho vermelho, queijo ralado temperado e com a alegria de estar em família.
Era assim a folga para o meu pai. Celebrar a convivência. Orestes era, não, vou conjugar no presente, é seu nome. De origem grega, mesmo sendo um homem nascido num canto de terra do cerrado. Menino levado, filho responsável, marido cuidadoso, pai amigo.
Lembro quando tive que mudar pela primeira vez de cidade e a dúvida me corroía. Iria ou não? -“O que você decidir saiba que te apoio. A vida exige sacrifícios porém faça aquilo que te faça bem. “
O conselho tranquilizou minha alma e segui o destino. Foi a confiança dele que abriu mais minhas asas. Eu sabia que era capaz justamente porque ele me ensinou a adquiri-la enquanto eu crescia.
De me dar a mão para entrar na piscina e soltá-la me deixando descobrir as estratégias para mergulhar, sentir a agua até a escolha por persistir na profissão que escolhi. Foi ele quem me disse para não desistir quando passei por uma situação, digamos, desagradável de preconceito e desrespeito. Águas passadas.
No correr do tempo a figura paterna é a que promove a segurança. É aquela que transmite autoridade sem gritos. Tem sempre conversas e argumentos prontos. Uma sabedoria que se aprende no exercício diário do amor.
O psicólogo Célio Gomes me explicou que a figura paterna muitas vezes é o avô, um tio, o padrasto. Essa referência nos alimenta o desenvolvimento pessoal, a autoestima.
Meu pai nunca me desacreditou. Mostrou-me valores como a humildade, o esforço e a como ser prestativo. Foi força, bom humor, humano e meu companheiro de cafés.
Ele se foi num sábado após o coração parar. Não me despedi dele. Doeu. O que faria sem ele?
Orestes continua me inspirando. Foi como se eu escutasse: “Filha, estou no seu coração. Converse comigo.”
E converso enquanto fervo a água e preparo duas xícaras quase sempre às três da tarde. Um ritual de vida, de lições, herança. Apesar da saudade gritante é cultivar o bem viver de quem me ama até hoje.