Julgamento da família Monare: “eu perdoo, mas a Justiça precisa ser feita”, diz irmão de vítima
Sete anos após a tragédia na BR-050, sessão ocorre sem a presença da motorista; depoimentos emocionam e expõem a longa espera por um desfecho
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O julgamento da família Monare começou nesta quarta-feira (24), em Araguari (MG), quase sete anos depois do acidente na BR-050 que matou três pessoas da mesma família e deixou um menino como único sobrevivente. A ré, Stefania Resende, não compareceu ao Tribunal do Júri, após ser negado o pedido para acompanhar o juri por videoconferência, mas a sessão seguiu com as sustentações do Ministério Público e da Defesa.
A Defesa da ré, formada por cinco advogados, alegou que ela não teve condições financeiras de comparecer ao júri, já que está desempregada e mora em outro estado.

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“Eu perdoo, mas a Justiça precisa ser feita”
Em entrevista a TV Paranaíba, Carlos Miguel, irmão de Belkis, disse que optou pelo perdão por convicção de fé, mas cobrou responsabilização. “Hoje eu perdoo ela por tudo o que aconteceu, porque nada vai trazê-los de volta. Mas a Justiça precisa ser feita para que outras famílias não passem por isso.”
Ele descreveu o impacto de sete anos de espera. “É um ciclo que precisa se encerrar. Foram dois júris adiados. A gente quer uma resposta que dê paz e evite que outra família remoa essa dor por tanto tempo.”
“Memórias que ainda doem”
O pai de Belkis, João Carlos Miguel, revive as memórias do dia da tragédia. “Voltar ao mesmo caminho é doloroso e traz lembranças muito fortes. Isso abala a gente psicologicamente. Foi uma noite de muita intranquilidade, mas seguimos firmes, com esperança em Deus e naquilo que é justo”.

Ele também falou sobre o neto sobrevivente. “O Benjamim está bem, crescendo com acompanhamento psicológico. Nossa família faz o possível para que ele tenha uma vida plena.”

O que diz a Defesa
A Defesa afirmou que Stefania Resende mora em São Paulo, está desempregada e nega má-fé no atendimento após o acidente. Segundo os advogados, ela colaborou com as autoridades e deve ser responsabilizada “na medida de sua culpa”, contestando a tese de dolo eventual. “Não houve omissão dolosa. Ela permaneceu no local, acionou socorro e prestou informações às autoridades. A responsabilização deve ser proporcional ao que os autos comprovam”, disseram.
Como foi a tragédia?
O acidente ocorreu em outubro de 2018, quando o carro da família foi atingido na traseira e arremessado para fora da pista, em área de difícil visualização. Três pessoas morreram e o filho mais novo, então com 6 anos, sobreviveu. O caso ganhou repercussão pela demora na localização do veículo e pela história do menino, encontrado após escalar um barranco e indicar o local do carro.
Linha do tempo
- Outubro de 2018 — Acidente na BR-050 entre Araguari e Uberlândia; três mortos e um sobrevivente.
- 2019–2024 — Atos processuais mantêm o caso em evidência; dois júris adiados.
- 24 de setembro de 2025 — Júri popular em Araguari; ré ausente, julgamento prossegue.