Homem acusado de matar ex-mulher em Uberlândia vai a julgamento após quase 10 anos em liberdade

Família vítima, morta em 2016, espera por Justiça após quase uma década de dor e impunidade; réu responde em liberdade desde 2016

, em Uberlândia

Quase dez anos após o assassinato de Janaína Aparecida Rosa, de 38 anos, o homem acusado de matá-la com dois tiros será julgado nesta terça-feira (29) no Fórum Abelardo Penna, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O réu, que era ex-marido da vítima e pai de seus três filhos, responde em liberdade desde 2016.

Acusado de matar ex-mulher é julgado
Família de Janaína Aparecida Rosa espera por Justiça quase uma década após o crime – Crédito: Arquivo Pessoal/Divulgação

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Acusado de matar ex-mulher é julgado após 9 anos

De acordo com familiares, foram nove anos de espera e angústia por um desfecho judicial que traga algum sentimento de justiça. O julgamento ocorre hoje 8h30, com réu solto, já que ele permaneceu preso apenas 40 dias após o crime, sendo liberado por ser réu primário e possuir emprego fixo.

O advogado do acusado, Adriano Parreira, explicou que o réu não nega a autoria e expressou arrependimento, “Ele foi pronunciado, houve recurso, mas veio a pandemia, teve o adiamento dos julgamentos, a suspensão, e pelo fato de ele estar em liberdade, ele está sendo julgado hoje.”

Feminicídio ocorreu em 2016 após briga

O crime aconteceu em 04 outubro de 2016, em uma casa no bairro Chácaras Tubalina, zona oeste de Uberlândia. Segundo o boletim de ocorrência da época, o motorista de táxi discutiu com a ex-esposa, sacou um revólver e disparou dois tiros contra ela. A mulher morreu ainda no local.

De acordo com testemunhas, os vizinhos ouviram gritos e, em seguida, o som dos disparos, seguidos de um silêncio. Após o crime, o próprio autor ligou para a Polícia Militar confessando o homicídio, mas fugiu antes da chegada das equipes. A arma usada, um revólver, foi apreendida na residência.

Histórico de violência e separação 

Janaína e Vinícius foram casados por cerca de 20 anos e tiveram três filhos. Segundo vizinhos e familiares, as brigas e episódios de violência entre o casal eram frequentes, e a vítima havia se separado há cerca de três meses antes do crime, mudando-se para um apartamento na mesma rua. O relacionamento era marcado por episódios de agressões e discussões motivadas por ciúmes e controle.

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Após a separação, Janaína buscava recomeçar a vida com os filhos, mas mantinha contato com o ex-companheiro por causa das crianças. Desde o crime, a família da vítima cobra um julgamento definitivo e reconhecimento do caso como feminicídio.

Família pede justiça após quase uma década

Com o início do julgamento, os familiares de Janaína Aparecida esperam que, finalmente, a justiça seja feita. “Eu espero que a justiça dos homens faça alguma coisa, precisamos de pelo menos uma sensação de alívio pelo o que ele fez com minha filha.” relatou Arvelina Rodrigues, mãe da vítima. O caso, que chocou Uberlândia em 2016, volta agora ao Tribunal do Júri e traz o debate sobre a violência doméstica e a impunidade em casos de feminicídio.

Feminicídios disparam no Brasil

Nos últimos dez anos, o Brasil registrou 11.859 feminicídios, segundo dados do Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública), do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A tipificação desse crime ocorreu em 2015, e os números aumentaram significativamente desde então.

A taxa de feminicídios cresceu quase três vezes nesse período, passando de 535 casos em 2015 para mais de 1.200 em 2024. Apesar da legislação e das políticas públicas existentes, os feminicídios seguem como um dos principais desafios da segurança pública no país.

A Lei 13.104/15, sancionada em 9 de março de 2015, tipificou o feminicídio como um crime hediondo no Brasil. Ela alterou o Código Penal para qualificar o assassinato de mulheres por razões de gênero, ou seja, quando o crime ocorre em contextos de violência doméstica, discriminação de gênero ou relações de poder.