Condenações de Pâmela Volp somam mais de 53 anos de prisão

Ex-vereadora de Uberlândia foi acusada na "Operação Libertas" de chefiar um esquema interestadual de exploração sexual de travestis e mulheres trans

, em Uberlândia

-

A ex-vereadora de Uberlândia, Pâmela Volp Rodrigues Cardoso, soma mais de 53 anos de prisão por crimes de rufianismo (tirar proveito da prostituição alheia), lavagem de dinheiro, organização criminosa, tentativa de homicídio e lesão corporal grave mediante sequestro. Investigada pela “Operação Libertas”, a condenada perdeu todos os bens na última condenação, assinada na quinta-feira (17) pelo juiz Mário José Tricotti. Entenda os crimes de Pâmela Volp.

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Pâmela Volp, ex-vereadora de Uberlândia
Volp foi acusada de ser a chefe de um esquema interestadual de exploração sexual – Créditos: Câmara Municipal de Uberlândia

Ex-vereadora soma longa lista de condenações

Em maio de 2024, Pâmela Volp já somava 24 anos de prisão pelas condenações que obteve ao ser investigada pela Operação Libertas. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) constatou, até aquele momento, que a investigada teria sido mandante de diversos crimes como extorsão, lavagem de dinheiro e até tentativa de homicídio.

Chefiada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a operação acusou a Pâmela Volp de ser a chefe de um esquema interestadual de exploração sexual de travestis e mulheres trans. O grupo criminoso atuava em Uberlândia e Criciúma (SC), onde hospedavam as vítimas em imóveis organizados como pensionatos e as cobrava diariamente.

A organização criminosa cobrava pelo uso dos “pontos” de prostituição da cidade. Só podiam usar aquele espaço quem morava nos pensionatos ou se pagassem pela utilização. As investigações ainda apontam para a exploração financeira das vítimas, que eram obrigadas a realizar cirurgias plásticas, como implantação de silicones.

Os procedimentos estéticos eram realizados em locais inapropriados e de forma desumana. Parte do valor recebido pelas vítimas na prostituição era direcionado para o pagamento dessas cirurgias estéticas e para a quitação de dívidas.

×

Leia Mais

Já em julho de 2024, Pâmela Volp foi condenada a mais 5 anos e três meses de prisão em regime inicial semiaberto, por torturar uma mulher trans e tentar arrancar a prótese de silicone dela com canivete. A decisão, publicada no dia 30 daquele mês, ainda determinou o pagamento de indenização à vítima no valor de R$ 20 mil por danos morais. Até aquele momento, a ex-vereadora já somava 30 anos de prisão.

A condenação por tentativa de homicídio veio meses depois. No dia 13 de novembro de 2024, Volp foi condenada a 9 anos e 4 meses de prisão em regime inicial fechado no Tribunal de Júri de Uberlândia. O crime aconteceu na Penitenciária Pimenta da Veiga em fevereiro de 2022.

Pâmela Volp foi a mandante das agressões contra um detento, que foi espancado com chutes, socos e pisões na cabeça. O motivo seria que a vítima supostamente furtou cigarros dela. Além disso, a denúncia apontou que Pâmela mantinha um relacionamento com a vítima e era uma espécie de liderança na ala LGBTQIA+ da penitenciária Professor João Pimenta da Veiga. As condenações, então, somavam mais de 39 anos.

Na última condenação, desta quinta-feira (17), Pâmela Volp recebeu 14 anos, 6 meses e 28 dias de reclusão em regime inicial fechado, além de 32 dias-multa. Os crimes foram de rufianismo (tirar proveito da prostituição alheia), lavagem de dinheiro e organização criminosa. Até o momento, as condenações da ex-vereadora chegam a 53 anos e 10 meses — embora o total exato possa variar devido à existência de recursos e processos sob segredo de Justiça.

O Paranaíba Mais entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que informou que, até o momento, as penas registradas oficialmente no sistema somam 26 anos e 7 meses de prisão, dos quais 22 anos ainda restam a cumprir. O Tribunal explicou que esse cálculo realizado pela Justiça considera apenas os processos já finalizados — sem possibilidade de recurso, e devidamente localizados no sistema. Há, porém, outros processos em andamento, sendo que alguns ainda cabem recurso e outros tramitam em segredo de Justiça, o que impossibilita a divulgação de uma soma oficial e definitiva das penas da ré. O levantamento realizado considerou as decisões judiciais já divulgadas publicamente.

Outros condenados junto a Pâmela Volp

Nesta última condenação de Volp, de quinta-feira (17), também foi condenada a Paula Florentino, conhecida como Paula Coco, a 21 anos, 10 meses e 18 dias de reclusão. A sentença proferiu os crimes de rufianismo, lavagem de dinheiro, embaraço (que tenta impedir ou atrapalhar uma investigação de infração penal) e organização criminosa.

Outros réus também foram condenados neste processo:

  • Gabriela Francisco Rodrigues: 14 anos, 9 meses e 29 dias de reclusão em regime inicial fechado, além de 23 dias-multa.
  • Michelli Falcheti: 21 anos, 10 meses e 18 dias de reclusão em regime inicial fechado, além de 88 dias-multa;
  • Ana Paula Carvalho: 7 anos, 9 meses e 29 dias de reclusão em regime semiaberto;
  • Maria de Lourdes Cândida Pires: 7 anos, 9 meses e 29 dias de reclusão em regime semiaberto;
  • Jorlan Rodrigues da Silva: 7 anos, 9 meses e 29 dias de reclusão em regime semiaberto;
  • Mariana Tadeu Bettim Pinto: 18 anos, 5 meses e 29 dias de reclusão em regime inicial fechado, além de 46 dias-multa.