Lobo-guará é atropelado e precisa amputar pata: especialistas fazem alerta sobre proteção da espécie
Médicos veterinários apontam a gravidade do caso e reforçam a importância da conservação do animal, símbolo do cerrado brasileiro
Um lobo-guará, animal símbolo do cerrado brasileiro e considerado uma espécie vulnerável, foi encontrado gravemente ferido em Romaria, no Triângulo Mineiro, na última sexta-feira (19). O resgate foi realizado por veterinários da UFU em parceria com a Polícia Militar do Meio Ambiente (PMMA).
O lobo, que recebeu o nome de “Rudá” — em referência ao deus do amor na mitologia Tupi-Guarani —, sofreu uma fratura exposta na pata traseira e apresentava projéteis de bala em seu corpo, evidenciando um caso de violência contra a fauna.
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De acordo com a médica veterinária Isabella Abreu, que participou do resgate, o estado do animal era crítico. “Ele estava extremamente prostrado e com sinais claros de dor. Foi necessário realizar a contenção química para transporte seguro até o Hospital Veterinário de Uberlândia”, explicou.
Rudá passou por cirurgia para a remoção dos projéteis e amputação do membro afetado. Segundo o médico veterinário Délcio Magalhães, o procedimento foi bem-sucedido. “Ele precisou de cuidados intensivos, incluindo ventilação mecânica, mas está se recuperando bem. O acompanhamento será constante para garantir sua plena reabilitação”, afirmou.
Violência e atropelamentos ameaçam a espécie do lobo-guará
Os especialistas ressaltaram que Rudá é apenas um dos muitos casos de animais silvestres feridos por ações humanas. Além de atropelamentos, há registros frequentes de violência direta, como baleamentos. “Isso é resultado da expansão humana e da falta de informação sobre a importância desses animais”, destacou Isabella.
O lobo-guará desempenha um papel fundamental no ecossistema como dispersor de sementes e controlador de populações de pequenos animais. Apesar disso, é comumente visto como uma ameaça por produtores rurais, que, equivocadamente, podem reagir de forma violenta quando ele se aproxima de galinheiros, por exemplo.

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Apelo por conscientização e ações afirmativas
Os veterinários também fizeram um apelo para que a população colabore na conservação da espécie. “Respeitar os limites de velocidade em áreas sinalizadas, denunciar casos de maus-tratos e procurar as autoridades ambientais ao avistar animais silvestres fora de seus habitats naturais são atitudes essenciais”, enfatizou Délcio.
Atualmente, Rudá segue internado sob monitoramento e recebe medicamentos para controle da dor e prevenção de infecções. Após sua recuperação, o animal será encaminhado a um santuário ou área de proteção ambiental.