R$ 30 a cartela: preço do ovo deve continuar em alta até o meio do ano, analisa economista
A alta do preço do ovo estaria ligado à política cambial, às condições climáticas e a alta demanda do período
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Quem não abre mão de um café da manhã reforçado e com muita proteína, provavelmente já sentiu o aumento no preço do ovo nos últimos dias. Em Uberlândia, o valor da cartela com 30 unidades já chega a R$ 30 nas feiras da cidade.
Até a última semana, a cartela valia R$ 28. E ainda que os feirantes aprimorem as técnicas de negociação, o preço salgado, com alta progressiva, tem feito os consumidores levar menos ovos para casa. “Hoje, a gente está com uma perda de margem de uns 15% nas vendas”, contou o feirante Jhony Pablo.

Na Ceasa de Uberlândia, segundo o último levantamento de preços, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos está custando R$ 269,00 e de ovos vermelhos R$ 289,00. Um aumento de 38,7% e 45%, respectivamente, se comparado com os valores praticados no começo do ano, quando a caixa de ovos brancos custava R$ 194,00 e a de ovos vermelhos R$ 199,00.
Segundo o levantamento feito pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes-UFU), em janeiro houve uma variação mensal de 3,99% nos preço dos ovos e aves.
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Motivos da alta do preço do ovo
Entre os motivos que explicam a alta no preço do ovo, estão:
- Desvalorização do real, que aumentou o valor dos insumos exportados;
- Condições climáticas, sobretudo o calor intenso;
- Aumento de demanda de ovos com a chegada da Quaresma.

A economista Graciele Souza, do Cepes, detalha como a política cambial influenciou na alta do preço do ovo. “Ao longo de 2024, a gente teve o real desvalorizado em frente ao dólar, então todos insumos importados ficaram mais caros e acabou refletindo nesse aumento no custo de produção do produto, no final do ano e início deste ano”.
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De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, desde de julho de 2024 até agora, o valor da saca de milho subiu cerca de 30%, custando atualmente R$ 82 a saca com 60 quilos. “É possível que o custo de produção começe a cair, especialmente com a safra de grãos. Então, a soja e o milho vão ficar mais baratos e isso pode refletir no custo de produção não só dos ovos, mas também do frango inteiro”, explicou a economista.

O Daniel Mohallen é dono de uma granja em Uberlândia e produz 22 mil caixas de ovos por semana. Segundo o proprietário, as condições climáticas prejudicaram produções em todo o Brasil. “Algum dos aspectos que interfiriram foi uma onda de calor muito forte que atingiu a região Sul, isso prejudicou na produção geral do Brasil e, automaticamente, nos preços do mercado. E houve também um aumento da exportação para os Estados Unidos, que ainda é novidade para nós. E isso ainda está sendo melhor entendido pelo mercado”, explicou o dono da granja.
Apesar da esperança de queda no preço, com a chegada da Quaresma, período que o consumo de carne é restrido por parte da população, a expectativa é que o aumento da demanda pelo ovo pode manter o preço alto por mais tempo. “Nos próximos meses se espera o aumento no preço dos ovos. Uma queda é um pouco difícil de acontecer, o que mais pode acontecer é esses preços se estabilizarem e mantiver no patamar que está hoje. Mas o recuo de preço está mais para o segundo semestre”, concluiu a economista.
Com informações da produtora Giovanna Abelha e do repórter Saulo Lopes, da TV Paranaíba.