Energia solar: Uberlândia compõe top 10 do Brasil em geração distribuída
Cidade mineira é a única do ranking que não é capital e lidera produção de energia solar no país
Uberlândia está entre as dez cidades do Brasil que mais produzem energia solar, de acordo com o Ranking Municipal de Geração Distribuída publicado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), em novembro de 2024. O município, que ocupa atualmente a 10ª posição no ranking, é a única cidade do top 10 que não é uma capital brasileira.
De acordo com o coordenador estadual da ABSOLAR, Bruno Catta Preta, Uberlândia se tornou um destaque nacional pelo pioneirismo. Sua ótima localização geográfica, perto dos grandes centros urbanos, facilita a logística para os grandes empreendimentos. Além de ter um ótimo índice solarimétrico, que é importante para a produção da energia solar fotovoltaica.

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Outro fator que incentiva a produção de energia solar na cidade é o não pagamento de ICMS para usinas de minigeração fotovoltaica em Minas Gerais. Bruno explica que a posição de Uberlândia no Ranking Municipal de Geração Distribuída já foi melhor, mas que mesmo assim
“Durante muito tempo, ela liderou esse ranque das cidades. Ela assumiu a liderança ali em 2019, ficou por muito tempo no ano de 2020, quase o ano todo. Uberlândia era a cidade líder em produção de energia solar fotovoltaica do Brasil”, disse Catta Preta.
Referência nacional em energia solar
Bruno ressalta que Uberlândia aprendeu a lidar muito cedo com a energia solar: “Os empresários locais se desenvolveram, se profissionalizaram. Acaba que virou um grande hub, um grande polo de desenvolvimento da tecnologia. Os empresários de lá dão exemplo pro restante do país”.

Exemplo que é dado, desde 2019, pelo empresário Muryel Barbosa. Dono de uma empresa de energia solar com atuação nas regiões do Triângulo Mineiro e sudeste de Goiás, Muryel explica que o foco do seu negócio e o segredo do seu sucesso sempre foram as famílias.
“Pessoas comuns que pagam acima de 200 reais de conta de energia, são o nosso cliente ideal. Já é aquela pessoa ali que faz sentido para a gente atender ela, porque para ela faz sentido financeiramente”, disse o empresário.
Segundo Muryel, seu propósito sempre foi fazer o oposto do que as empresas da época faziam, que era focar em fazendas e grandes empresas. “A gente nasceu falando: somos especialistas em residências, a gente vai focar em vocês, nós vamos desburocratizar, nós vamos tornar acessível a energia solar. E foi esse o nosso mantra”, relembrou.
O empresário está de olho no futuro e prevê uma mudança significativa no mercado nacional de energia solar. De acordo com Muryel, as pessoas estão migrando do mercado preso a um único vendedor de energia, para um mercado livre, onde as pessoas vão poder ter opções de comprar energias em lugares diferentes, a preços diferentes.
“O que eu vejo nos próximos cinco anos é uma entrada muito forte no mercado livre e uma entrada muito forte em baterias. Dando a opção da pessoa, eventualmente, daqui cinco anos, com o preço que já está despencando, simplesmente falar: ‘não quero mais saber da Cemig, ranca o padrão fora, põe bateria e pronto’”, disse Muryel.
Aumento do imposto sobre a energia solar
No mês passado, o Governo brasileiro anunciou um novo aumento do imposto de importação de módulos fotovoltaicos (painéis de energia solar) de 9,6% para 25%. Colocando em risco os compromissos internacionais de combate às mudanças climáticas assumidos pelo país.

Segundo Bruno, isso não deve impactar tanto o mercado de energia solar para pequenos projetos:
“O que vai acontecer é que o tempo de retorno do seu investimento vai subir um pouquinho, mas continua sendo muito vantajoso, mesmo com esse novo imposto. A gente chegou a ter um payback aí de dois anos e meio para três, e agora o payback vai voltar talvez para quatro anos, quatro anos e meio…”, afirmou Bruno.
Na visão de Bruno, o maior impacto deve ser sentido pelos grandes projetos. Já para projetos pequenos, o impacto pode ser amenizado pela queda no valor dos equipamentos.
“O modo fotovoltaico, há dois anos atrás, chegou a custar acima de R$ 1 mil. Hoje tá R$ 500, um pouquinho menos de R$ 500. Então, mesmo com essa taxação de 25%, continua sendo viável ter uma instalação de energia solar fotovoltaica na sua residência, no seu agronegócio ou na sua empresa”.