Cultura da magreza: especialistas de MG alertam para os perigos da busca pelo corpo perfeito
Entenda como a cultura da magreza excessiva afeta a saúde mental e física das mulheres, especialmente das mais jovens
A busca pela magreza extrema, muitas vezes associada a padrões de beleza irreais, é uma realidade, especialmente entre as mulheres mais jovens. Tal cultura da magreza excessiva, impulsionada pelas mídias sociais e pela influência das grandes indústrias da moda e publicidade, voltou a ganhar força, trazendo consigo uma série de consequências para a saúde física e mental.
O retorno desse ideal de corpo perfeito não é apenas um reflexo de padrões estéticos, mas também um fenômeno que afeta diretamente o bem-estar das mulheres, resultando em distúrbios alimentares, problemas psicológicos e impactos hormonais.

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Quais os transtornos associados a cultura da magreza excessiva?
A médica nutróloga Melissa Ganam Antoun explicou que os principais transtornos alimentares associados à busca por um corpo magro incluem a bulimia nervosa, o transtorno de ansiedade generalizada e a anorexia nervosa. Outros problemas associados passam pela menorreia, que é a ausência de menstruação, distúrbios psíquicos, como ansiedade, transtornos depressivos e insônia, inclusive com a rimo biológico afetado, o que atrapalha o ciclo de despertar, atividade e descanso.
A grande pressão pela busca desse padrão levam ao desenvolvimento de condições como a a têm sido observados, além de alterações no padrão de sono e no ritmo biológico, afetando
Entre os sinais de alerta, destacam-se o emagrecimento excessivo, a falta de adesão às refeições, além de sintomas de estresse físico e psicológico, como ansiedade e depressão.
No aspecto físico, podem surgir sinais como queda de cabelo, unhas quebradiças e fadiga intensa. Também são comuns sintomas relacionados ao sistema digestivo, como inchaço abdominal, náuseas e, em casos de bulimia, episódios de vômitos e desidratação.
O impacto da cultura da magreza excessiva
Uma jovem entrevistada pelo Paranaíba Mais, mas que preferiu não se identificar, buscou se encaixar em padrões impostos e isso influenciou diretamente em sua autoimagem e em sua relação com a alimentação.
Ela relata que começou a perceber isso por volta dos 6 anos, mas não tinha muita noção do que realmente significava. Contudo, à medida que foi crescendo, principalmente na adolescência, por volta dos 10 ou 11 anos, passou a entender melhor o que esperavam dela, e isso, sem dúvida, contribuiu para a maneira como se relaciona com o corpo hoje.
A compulsão alimentar começou a se desenvolver juntamente com o transtorno de imagem após seguir uma dieta restritiva durante a adolescência, que impactou profundamente sua relação com a alimentação. O plano alimentar seguido era restritivo, com alimentos divididos por cores, com proibições, moderações de itens e alguns à vontade.
A dieta durou seis meses, quando deveria ter sido interrompida após dois meses. Ela começou a apresentar sintomas de fraqueza devido à alimentação insuficiente e, após decidir parar com a dieta, a compulsão alimentar começou, marcada pelo consumo excessivo de alimentos, como, por exemplo, uma caixa de doces.
“Para falar a verdade, eu já não era uma pessoa gorda nessa época, mas assim, eu sempre me vi como uma pessoa muito gorda e especialmente nos meus 14 anos eu sentia que eu era assim. Muito, muito enorme comparada as minhas amigas. E para eu entender que eu não era uma pessoa gorda na minha visão demorou muito. E enquanto eu tinha essa visão de que eu não era mais uma pessoa gorda, eu comecei a engordar”, desabafa.
Esse processo gerou uma série de sentimentos confusos, como vergonha e fracasso, a ponto de evitar sair de casa, afastando-se de eventos sociais importantes.
Com o tempo, e com a ajuda da terapia, ela começou a melhorar sua relação com o peso e com o corpo, embora o sentimento de frustração ainda aparecesse ao ver fotos antigas. Ela acredita que sua percepção de si mesma melhorou consideravelmente com o tempo, especialmente após o tratamento terapêutico.
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Como combater a cultura da magreza excessiva?
A nutróloga explica que a abordagem para lidar com a cultura da magreza excessiva envolve, primeiramente, a disseminação de informações verdadeiras e de fácil acesso, além da redução do impacto de informações sensacionalistas, que frequentemente têm um único objetivo, como a propagação de fake news.
Além da informação, fatores culturais e educacionais, o nível de exigência que o indivíduo impõe a si mesmo e o desenvolvimento de estratégias para a inteligência emocional também desempenham papéis importantes, ajudando a reduzir a vulnerabilidade a culturas extremas, como a da magreza.
Para ela, na área nutricional, a ênfase está em incentivar a alimentação equilibrada, informando sobre questões como a obesidade, incluindo quais pacientes precisam de medicamentos para controle, e destacando que a magreza excessiva também precisa de atenção.
“No caso a paciente que tem o transtorno, geralmente está sempre em busca de emagrecer, ele nunca se acha magro suficiente, mesmo quando está super magro ou mesmo num quadro de anorexia”, explica.
Pacientes muito magros devem ser orientados a manter uma alimentação adequada e saudável, visando uma boa relação com a comida. A alimentação deve ser vista como fonte de energia, promotora de saúde e longevidade para o corpo.
A maneira que a jovem, que ainda luta contra os transtornos alimentares, encontrou de combater foi evitar consumir certos tipos de conteúdo nas redes sociais. Aproximadamente cinco anos atrás, antes da pandemia, ela começou a filtrar o que via nas redes e passou a seguir perfis de mulheres midsize e plus size, por exemplo.
Esses perfis, segundo ela, ajudam a se sentir parte de um grupo, proporcionando uma sensação de pertencimento. Ao seguir essas mulheres, que ela considera bonitas e estilosas, ela passa a se sentir melhor consigo mesma.
“De certa forma essas pessoas me ajudam a sentir pertencida em algum grupo. Me ajudam a não me sentir um ‘monstro’, literalmente, um monstro, de sentir que eu sou horrível”, explica.