Internet e democracia: o impacto das redes sociais nas eleições e na opinião pública

A responsabilidade das plataformas de redes sociais na contenção da disseminação de desinformação é um tema amplamente debatido

, em Uberlândia

A ascensão das redes sociais transformou radicalmente a dinâmica da comunicação política e o funcionamento das democracias contemporâneas. Plataformas como Facebook, WhatsApp, YouTube e Instagram tornaram-se arenas centrais para o debate público, influenciando significativamente a formação da opinião pública e os resultados eleitorais.

Este artigo explora o impacto das redes sociais nas eleições e na opinião pública, destacando dados relevantes e opiniões de especialistas para fornecer uma análise abrangente do tema.

Internet e democracia: o impacto das redes sociais nas eleições e na opinião pública
Identificar a veracidade das informações é um desafio para muitos – Crédito: Freepik

A influência das redes sociais nas decisões de voto

Estudos recentes evidenciam a crescente influência das redes sociais nas escolhas eleitorais dos cidadãos. Uma pesquisa realizada pelo DataSenado revelou que 45% dos entrevistados decidiram seu voto com base em informações obtidas em redes sociais, com destaque para o Facebook (31%) e o WhatsApp (29%) como as plataformas mais influentes.

Essa tendência é particularmente acentuada entre os jovens de 16 a 29 anos, dos quais 51% afirmaram ter sido influenciados por conteúdos vistos em redes sociais ao escolher seus candidatos. Esse dado ressalta a importância dessas plataformas na formação política das novas gerações.

O desafio das fake news e a opinião pública

A disseminação de notícias falsas, conhecidas como fake news, tornou-se uma preocupação central no cenário político atual. De acordo com o DataSenado, 72% dos brasileiros relataram ter encontrado notícias falsas nas redes sociais nos últimos seis meses, e 81% acreditam que essas informações podem afetar significativamente os resultados das eleições.

Identificar a veracidade das informações é um desafio para muitos: aproximadamente 50% dos entrevistados consideram difícil distinguir notícias falsas das verdadeiras. Essa dificuldade é mais pronunciada em estados como Sergipe, Maranhão e Rio Grande do Norte.

A ascensão das redes sociais transformou radicalmente a dinâmica da comunicação política
A ascensão das redes sociais transformou radicalmente a dinâmica da comunicação política – Crédito: Freepik

A responsabilidade das plataformas e a regulação necessária

A responsabilidade das plataformas de redes sociais na contenção da disseminação de desinformação é um tema amplamente debatido. A jornalista especializada em redes sociais, Carmela Ríos, enfatiza a necessidade de educar os partidos políticos para que firmem um “pacto moral” visando evitar a propagação de desinformação e preservar a integridade democrática.

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Além disso, um estudo revelou que o Facebook tem a capacidade de reduzir drasticamente o impacto viral de notícias falsas por meio de mudanças em suas políticas de moderação. Durante a campanha eleitoral de 2020 nos EUA, medidas rigorosas implementadas pela plataforma reduziram as visualizações de conteúdos marcados como desinformação de 50 milhões para quase zero.

Contudo, a flexibilização dessas políticas após mudanças na administração levantou preocupações sobre a consistência e a transparência das ações das plataformas.

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Estudos recentes evidenciam a crescente influência das redes sociais nas escolhas eleitorais dos cidadãos – Crédito: Governo de Minas

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A polarização política e o papel das redes sociais

As redes sociais também desempenham um papel significativo na amplificação da polarização política. José María Lassalle, em entrevista à Cadena SER, destacou que os algoritmos dessas plataformas frequentemente priorizam conteúdos que fomentam o ódio, pois isso gera maior engajamento e, consequentemente, mais lucro. Ele argumenta que é crucial regular esses algoritmos e questionar a propriedade da informação nas redes sociais para proteger a democracia.

Essa priorização de conteúdos polarizadores não apenas intensifica divisões existentes, mas também dificulta o diálogo construtivo e o entendimento mútuo entre diferentes segmentos da sociedade.

Iniciativas para combater a desinformação

Diante dos desafios impostos pela desinformação, diversas iniciativas têm sido propostas para mitigar seus efeitos. No Brasil, o Senado Federal mantém o canal “Senado Verifica – Fato ou Fake?”, destinado à checagem da veracidade de informações relacionadas à instituição. Essa iniciativa visa fornecer aos cidadãos uma fonte confiável para verificar a autenticidade das informações que circulam nas redes.

Além disso, especialistas sugerem a criação de redes sociais públicas e transparentes, inspiradas em modelos como a BBC, para fomentar o debate democrático e combater a manipulação e a violência online.