Sensação de insegurança cresce em Uberlândia mesmo com queda nas estatísticas

Furtos e roubos em lojas, condomínios e supermercados aumentam sensação de vulnerabilidade; comerciantes e moradores relatam prejuízos e criminosos cada vez mais destemidos

, em Uberlândia

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Uberlândia enfrenta um aumento na sensação de insegurança entre comerciantes e moradores, em meio a uma série de arrombamentos, furtos, roubos e episódios violentos. Neste ano, o bairro Santa Mônica foi apontado como o mais crítico da cidade, liderando os índices de furtos a residências, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG).

Apesar dos dados da Secretaria de Segurança não comprovarem o aumento em números, mas a sensação de vulnerabilidade segue alta. Empresários relatam prejuízos frequentes e ações criminosas cada vez mais destemidas. Entre janeiro e julho de 2025, foram registrados 846 furtos, ante 936 no mesmo período de 2024. Os roubos, que envolvem violência ou ameaça, somaram 90 casos, contra 253 em 2024, de acordo com dados.

Sensação de insegurança
Segurança reforçada não impede três furtos consecutivos em pizzaria de Uberlândia – Crédito: Câmeras de Segurança/Reprodução

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O crescimento dos crimes, ainda que gradual, acende um alerta entre autoridades e moradores. Além do Santa Mônica, regiões como Jardim Patrícia, Custódio Pereira, Umuarama e outras áreas das zonas sul e oeste também registram aumento de ocorrências, intensificando a preocupação com a segurança.

Relatos reforçam a sensação de insegurança

Felipe Scarpím, proprietário de uma cafeteria na avenida Belarmino Cotta Pacheco, contou que seu estabelecimento já foi alvo de furtos de fios elétricos e, em agosto, criminosos invadiram várias salas do atelier onde funciona a cafeteria. “Subiram na lateral do muro, entrou no vizinho de cima, mexeu em gavetas e levou alguns itens. Isso gera uma insegurança constante”, disse.

Empresários buscam soluções, câmeras, alarmes e vigilância reforçada. Ainda assim, a sensação de impotência persiste. “Mesmo com reforço de monitoramento, é desanimador enfrentar invasões repetidas”, admite o empresário Felipe Scarpim.

Outra ocorrência recente comoveu Uberlândia quando uma dupla invadiu uma ferragista no bairro Santa Mônica, roubou um colar de ouro e atirou no proprietário, que morreu no local.

Ainda no mesmo bairro, em menos de 24 horas, um morador foi alvo de duas invasões no condomínio onde vive. O prejuízo chega a R$ 50 mil com roubo de eletroeletrônicos. As ações dos criminosos foram registradas pelas câmeras de segurança e mostram que eles entraram tranquilamente pelo portão de pedestres, usando o que os moradores acreditam ser uma chave mestra.

No bairro Saraiva, uma unidade da Domino’s Pizza foi alvo de três furtos seguidos em dois meses. Mesmo após reforço da segurança, com grades e sistema de monitoramento, criminosos conseguiram acessar o local pelo telhado, causando prejuízos materiais superiores ao valor levado.

Além dos comerciantes, residências enfrentam a mesma sensação. O Condomínio Edifício Ipê, no bairro Osvaldo Rezende, onde criminosos furtaram R$ 1,6 milhão em joias. O episódio levantou dúvidas sobre a eficácia de sistemas de segurança em prédios residenciais com portaria 24 horas.

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Descompasso entre dados oficiais e percepção da população

Embora os índices de furtos e roubos tenham caído de janeiro a julho deste ano, especialistas alertam que a sensação de insegurança não acompanha a estatística oficial. “Existe uma discrepância entre os dados da polícia e o que a população percebe. Mesmo com números menores, o medo e a sensação de vulnerabilidade aumentam”, afirma o consultor de segurança, Cláudio Vitor Rodrigues.

A situação em Uberlândia reforça a necessidade de medidas preventivas mais efetivas, como patrulhamento constante, monitoramento eletrônico avançado e conscientização da população, especialmente comerciantes que têm sido alvo frequente.

Segundo o consultor, os furtos frequentes comprometem a operação de comércios e empresas. “Temos enfrentado um problema sério com furtos de fiação e equipamentos. Parar a operação gera prejuízo financeiro e operacional.”