Quem é o homicida preso em Uberlândia que matou membros de facção, agiota e ‘Zezinho do Ouro’?

Conhecido como 'Explosivo', suspeito confessou cinco homicídios em três estados e disse ter matado por vingança, ameaças e até por dinheiro

, em Uberlândia

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A investigação de um homicídio ocorrido neste ano, em Uberlândia, levou a Polícia Civil até Leonardo Ferreira Silva, de 31 anos, suspeito de ter matado cinco pessoas em três estados diferentes. Entre as vítimas estão um agiota, um membro de facção criminosa e um homem conhecido por ter delatado um grande esquema de corrupção envolvendo a Polícia Civil de São Paulo nos anos 1990.

"Explosivo" foi preso em Uberlândia e confessou cinco assassinatos cometidos em três estados diferentes
“Explosivo” foi preso em Uberlândia e confessou cinco assassinatos cometidos em três estados diferentes – Crédito: Polícia Civil/Divulgação

No dia 18 de fevereiro de 2025, no bairro Santa Rosa, câmeras de segurança registraram o momento em que o assassino, que chegou em uma moto, e disparou diversas vezes contra o motorista de uma caminhonete branca. A vítima era Lázaro Antônio, que, segundo Leonardo Silva, era um agiota cobrando juros abusivos de uma dívida antiga.

Segundo o delegado de Homicídios da Polícia Civil de Uberlândia, Carlos Fernandes, o rosto do suspeito já era conhecido. “Verificando a motocicleta, as características e ouvindo testemunhas, lembramos que já havíamos investigado, no ano passado, um homem conhecido pelo apelido de ‘Explosivo'”, disse o delegado.

A prisão de ‘Explosivo’

Leonardo Silva, o ‘Explosivo’, foi preso na tarde de quarta-feira (9), em sua casa em Uberlândia. Segundo a Polícia, ao ser abordado, a primeira reação dele foi tentar quebrar o celular. “Certamente, nesse aparelho há provas desse crime e de outros”, explicou o delegado Carlos Fernandes.

Após a divulgação do rosto de ‘Explosivo’ nos noticiários em fevereiro, uma testemunha em São Paulo reconheceu o suspeito como o autor de outro assassinato. “Uma das testemunhas nos relatou que o autor do homicídio em Uberlândia também havia matado um senhor conhecido como ‘Zezinho do Ouro’, em São Paulo”, informou a Polícia.

Com a confirmação, as polícias de Minas Gerais e São Paulo passaram a atuar em conjunto. Leonardo Silva foi preso por força de um mandado expedido pela Justiça paulista e também em flagrante por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e tráfico de drogas.

Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, foram encontradas armas de calibres 9 mm e 38, que teriam sido usadas nos assassinatos. “Ele contou que, após os crimes, repassava as armas e os celulares para não ser identificado. Mas, graças à ação rápida das polícias de Minas e São Paulo, conseguimos prender uma pessoa de alta periculosidade, que não deveria estar em liberdade”, concluiu o delegado.

Fernando Silva foi preso em flagrante por tráfico de drogas e porte e posse de arma de fogo de uso restrito – Crédito: Polícia Civil/Divulgação

As vítimas de Leonardo Silva

A TV Paranaíba teve acesso exclusivo a um vídeo em que Leonardo Silva confessa cinco assassinatos e dá detalhes sobre sua forma de agir, antes de ser levado ao presídio Professor Jacy de Assis, onde deve aguardar julgamento.

O primeiro assassinato cometido por ‘Explosivo’ foi no bairro Roosevelt, em Uberlândia. Segundo Leonardo, ele vinha sendo ameaçado por um membro de facção criminosa e resolveu agir antes. “Fui de moto, parei no quarteirão de cima e desci a pé pela avenida Cesário Crosara, onde não tinha câmera. Fiquei encostado na calçada, com o capacete na mão e armado. Cheguei perto, falei que o problema era com ele, coloquei o capacete, tirei a arma e disparei todas as munições”, relatou o investigado.

Meses depois, também em Uberlândia, Leonardo Silva matou outra pessoa, novamente alegando estar sendo ameaçado de morte. Dessa vez, descarregou todas as munições de um revólver calibre 38 contra um homem no bairro Dom Almir.

O suposto agiota, no bairro Santa Rosa, foi terceiro homicídio de ‘Explosivo’ na cidade do Triângulo Mineiro e o que deu início à investigação que levou à sua prisão. “Eu devia pra ele, paguei, e quando terminei de pagar ele disse que ainda tinha R$ 10 mil de juros. Falei: ‘Que isso, cara? Há quanto tempo eu pego dinheiro com você e agora faz isso comigo?’”, contou Leonardo em depoimento.

Para esse crime, o atirador usou duas armas. “Ele disse que eu precisava pagar, e veio pegar o dinheiro na minha mão. Aí eu me afastei e atirei com a pistola. Depois peguei o 38 e disparei tudo. As duas estavam carregadas”, disse, entre um sorriso discreto.

Carro da vítima da execução a tiros em Uberlândia
A caminhonete da vítima foi cravejada pelos disparos no bairro Santa Rosa, o que levou à prisão de Fernando Silva – Crédito: Vinícius Lemos/TV Paranaíba

Em 2024, Leonardo Silva também matou um integrante de uma facção criminosa em Gravatá, no interior de Pernambuco. Segundo ele, foi descoberto na cidade e passou a receber ameaças da facção. Para se proteger, marcou um encontro com a vítima e a executou.

Em São Paulo, em abril do mesmo ano, ‘Explosivo’ teve como alvo um personagem conhecido no meio policial como José Gonzaga Moreira, o ‘Zezinho do Ouro’. Leonardo teria sido contratado para cometer o crime por R$ 10 mil. O Departamento de Homicídios de São Paulo apura quem foi o mandante da execução e se há outros envolvidos.

'Zezinho do Ouro' foi morto aos 81 anos
‘Zezinho do Ouro’ foi morto aos 81 anos – Crédito: Redes Sociais/Divulgação

Quem foi ‘Zezinho do Ouro’?

José Gonzaga Moreira, conhecido como ‘Zezinho do Ouro’, foi morto aos 81 anos. Durante anos, ele atuou como informante infiltrado em quadrilhas de roubo de cargas e ouro. As informações que repassava à polícia resultavam na prisão de criminosos e na apreensão de cargas que, depois, eram desviadas por policiais corruptos.

Em 1994, Zezinho fez um acordo de delação que abalou a Polícia Civil de São Paulo, provocando o afastamento de 40 policiais, incluindo delegados e membros da alta cúpula da corporação. ‘Zezinho do ouro’ também tinha uma longa ficha criminal.

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Continuação da investigação

De acordo com o delegado Carlos Eduardo, ‘Explosivo’ agia sozinho. “Ele falava que segredo não se passa para outra pessoa. Sempre agia sozinho, usando uma motocicleta e aproveitava o momento mais adequado para agir de forma que a vítima não tivesse condições de reagir”.

Com a apreensão de celulares do investigado, o delegado não descarta a possibilidade de que outras vítimas de Leonardo Silva sejam descobertas.