Policiais penais temem reação do Comando Vermelho em presídios de Uberlândia
Uberlândia e Juiz de Fora estão entre as cidades onde há maior presença de detentos ligados a facções; agentes denunciam falta de estrutura e risco de motins
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A megaoperação policial, contra o Comando Vermelho, que deixou mais de 130 mortos em comunidades do Rio de Janeiro reacendeu o alerta nas unidades prisionais mineiras. Policiais penais afirmam temer possíveis retaliações de integrantes do Comando Vermelho (CV) detidos em presídios do estado, especialmente em Uberlândia, Juiz de Fora e Contagem, e denunciam a falta de estrutura para conter eventuais motins ou fugas.
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Comando Vermelho em Minas?
Segundo o Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais (Sindppen-MG), o risco de ações coordenadas dentro das prisões é real e exige atenção redobrada. Em entrevista ao Paranaíba Mais, o presidente da entidade, Jean Otoni, disse que a presença do Comando Vermelho se expandiu no estado nos últimos anos e que há articulações entre diferentes facções.
“Nós já identificamos mais de 13 facções atuando em Minas. O Comando vermelho, inclusive, já anunciou uma união com outras organizações. Em cidades como Uberlândia e Juiz de Fora, essa presença é mais forte”, afirmou.
Otoni alertou ainda para a superlotação e o baixo efetivo de agentes, fatores que fragilizam a segurança nas unidades.
“Há presídios projetados para 1.600 presos que hoje abrigam quase o dobro. Em algumas unidades, o número de policiais é um quarto do ideal. Isso compromete qualquer ação preventiva”, disse. Segundo ele, há unidades com 150 policiais penais, quando o ideal seria mais de 600.
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Em Uberlândia, o presídio está localizado em uma região considerada de influência do PCC, e agentes relatam ameaças constantes de faccionados.
“Há policiais que compram o próprio armamento por falta de estrutura. Quando ocorrem operações de grande impacto, como a do Rio, o risco de reações no sistema prisional cresce muito”, afirmou o sindicato.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG) informou, em nota, que todas as forças de segurança acompanham os desdobramentos da Operação Contenção por meio dos setores de inteligência. O órgão afirma que, em caso de ameaça ou fuga de criminosos para Minas, as forças policiais serão imediatamente acionadas.
Apesar da tensão, até a manhã desta quinta-feira (30), não havia registro de motins ou tentativas de fuga no sistema prisional mineiro. Ainda assim, agentes reforçam o pedido por mais equipamentos, efetivo e investimentos em segurança para evitar que Minas Gerais se torne refúgio de lideranças de facções que atuam no país.