Polícia esclarece caso da médica que teria mandado matar farmacêutica por disputa de guarda
Cláudia Soares Alves foi detida em Itumbiara (GO); segundo a Polícia Civil, crime de 2020 teria sido motivado por disputa pela guarda da filha da vítima
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Autoridades mineiras esclareceram o caso da médica Cláudia Soares Alves, suspeita de mandar matar a farmacêutica Renata Bocatto Derani, em Uberlândia, em 2020. Segundo a Polícia Civil, o crime foi motivado por uma disputa pela guarda da filha da vítima, que havia sido entregue à médica pouco antes do assassinato.
Cláudia foi presa nesta semana após conclusão das investigações que apontaram seu envolvimento como mandante do homicídio.

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Veja vídeo do delegado explicando o caso:
A médica ficou conhecida após sequestrar um bebê recém-nascido em Uberlândia.
A prisão ocorreu em Itumbiara (GO) durante uma operação conjunta entre as polícias civis de Minas Gerais e de Goiás. Segundo o delegado Eduardo Leal, responsável pelo inquérito, foram cumpridos três mandados de prisão temporária e mandados de busca e apreensão.
“Ficou apurado que a vítima não possuía desafetos, e que apenas a médica da cidade de Itumbiara teria motivação para o crime. Ela era casada, à época, com o ex-marido da vítima e tinha a intenção de criar a filha do casal”, afirmou o delegado.
Segundo Leal, a médica organizava o crime com auxílio de um vizinho e, possivelmente, do próprio filho. A motocicleta usada na execução teria sido emprestada por um dos envolvidos e estava com uma placa clonada, o que reforçou as evidências sobre a autoria.
A investigação também apontou que Cláudia tentou criar um álibi falso, afirmando ter estado em Uberlândia no dia e horário do homicídio. A polícia, no entanto, comprovou que a justificativa era fraudulenta.

Com a prisão desta quarta-feira, Cláudia Soares e outros dois suspeitos foram levados ao sistema prisional de Uberlândia, onde ficarão à disposição da Justiça. As prisões podem ser prorrogadas por mais 30 dias ou convertidas em preventivas.
Crime teria sido motivado por obsessão maternal
De acordo com a Polícia Civil, Cláudia teria se casado com o ex-marido de Renata Bocatto, mas o relacionamento durou apenas dois meses. O homem teria se separado após perceber comportamentos “perigosos e desequilibrados” da médica.
Após o rompimento, Renata proibiu o convívio da filha com a médica, o que, segundo os investigadores, teria despertado a obsessão de Cláudia em “assumir a maternidade da criança”.
Veja o momento do crime:
“Ela chegou a tentar adoções fraudulentas, comprar uma criança na Bahia e, mais tarde, sequestrou um bebê em Uberlândia. O comportamento dela sempre demonstrou o desejo de ser mãe a qualquer custo”, detalhou o delegado Eduardo Leal.
Histórico de crimes e repercussão nacional
Cláudia Soares Alves já havia sido indiciada por sequestro de recém-nascido, falsidade ideológica, tráfico de pessoas e tentativas irregulares de adoção.
O sequestro no Hospital de Clínicas da UFU, em 2023, ganhou repercussão nacional quando a médica invadiu a maternidade e fugiu com um bebê nos braços, alegando ser mãe da criança. O caso provocou debate sobre segurança hospitalar e saúde mental.

Família de Renata publica carta aberta
Após a prisão dos suspeitos, a família de Renata Bocatto Derani divulgou uma carta aberta à imprensa, agradecendo o trabalho da Polícia Civil e o apoio da comunidade durante os cinco anos de investigação.
“Vocês nos deram não apenas respostas, mas também um pouco de paz diante de tanta dor e incerteza”, escreveram Oswaldo, Elisabete e Vanessa Bocatto Derani, familiares da vítima.
“A saudade será eterna, mas a sensação de injustiça e impunidade começa, aos poucos, a ser amenizada”, conclui o texto.
Leia Mais
Relembre o caso de 2020
A farmacêutica Renata Bocatto Derani foi assassinada ao chegar ao trabalho em 7 de novembro de 2020, em Uberlândia. Ao lado do corpo, a polícia encontrou uma carta, cuja caligrafia foi submetida a perícia.
O perito Ricardo Caires apontou, à época, que o texto poderia ter sido uma tentativa de desviar o foco das investigações ou um indício de frieza e premeditação do autor.
As novas provas e a reconstituição dos fatos levaram a Polícia Civil a concluir que a médica Cláudia Soares Alves foi a mandante do crime.