Polícia Civil apura denúncias de trote violento no curso de medicina da UFU em Uberlândia

Investigação apura agressões físicas, consumo forçado de álcool e apologia às drogas durante evento de recepção de estudantes

, em Uberlândia

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) abriu um inquérito para investigar denúncias de trote violento envolvendo alunos do curso de medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O evento, que deveria ser uma cerimônia de integração para novos membros, resultou em agressões físicas, consumo forçado de álcool e constrangimentos.

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Polícia vai apurar denúncias sobre trote violento no curso de medicina da UFU – Crédito: Reprodução/site oficial UFU

Além das imagens obtidas com exclusividade pela RECORD, uma carta enviada à polícia detalha episódios de constrangimento durante as festas. Segundo a delegada Bianca Santos Sé Prado Wanderley, responsável pelo caso, há indícios claros de constrangimento e uso desmedido de álcool, além de imagens que mostram roupas com estampas de apologia à maconha e o uso de força física contra os estudantes.

“Identificamos sinais de constrangimento evidente, consumo exagerado de álcool e até vestimentas com apologia ao uso de drogas. As investigações serão conduzidas para apurar responsabilidades”, informou a delegada. A polícia orienta que denúncias anônimas podem ser feitas pelo Disque-Denúncia 181, com garantia de sigilo absoluto.

Cerimônia marcada por abusos

Um estudante do curso de medicina que preferiu não se identificar explicou que o evento investigado é conhecido como “cerimônia do gorro” e faz parte do processo de ingresso na torcida organizada do curso, chamada Medonha. Segundo ele, os participantes estão cientes de que passarão por uma espécie de “iniciação”.

Em nota publicada anteriormente em seu site oficial, a UFU reiterou que qualquer forma de trote é proibida desde 1993, com base na Resolução 15/93 do Conselho Universitário (Consun). As penalidades podem variar de suspensão a desligamento definitivo. A instituição enfatiza a importância de promover ações solidárias e saudáveis na recepção de novos alunos, como campanhas sociais e ecológicas, em vez de práticas que causem constrangimento ou violência.

Sobre o caso, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (FAMED/UFU) informou que irá abrir hoje uma Comissão Disciplinar para apurar as denúncias de violência sofridas por estudantes durante festas da torcida organizada.

“A Direção da FAMED, bem como a Coordenação do Curso de Medicina reiteram, ainda, que não há normativa ou ato de reconhecimento da bateria Medonha pela Unidade Acadêmica”, informa a nota.

Como denunciar

Estudantes que vivenciaram trotes violentos podem denunciar os agressores diretamente pela ouvidoria da UFU, pelo e-mail ouvidoria@reito.ufu.br, ou pelo telefone (34) 3239-4074. A instituição também disponibiliza o projeto “Proteger-se”, para atendimento terapêutico remoto sem necessidade de agendamento prévio.

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O Portal Paranaíba Mais solicitou nota para a atlética do curso de medicina, que ainda não se manifestou sobre o caso.