Outras mortes foram registradas na trilha do Monte Rinjani, na Indonésia

Trilha onde Juliana Marins sofreu queda é uma das mais desafiadoras da Indonésia, com histórico de acidentes, clima imprevisível e estrutura precária para resgates

, em Uberlândia

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A trilha onde Juliana caiu, no Monte Rinjani, na Indonésia, reacende o alerta para os riscos de aventuras em locais de difícil acesso. Considerado um dos roteiros mais deslumbrantes e perigosos do Sudeste Asiático, o percurso acumula registros de acidentes fatais nos últimos anos e exige preparo físico extremo, equipamentos adequados e atenção constante às condições climáticas. Localizada a mais de 3.700 metros de altitude, a trilha passa por terrenos íngremes e escorregadios e já foi palco de tragédias envolvendo turistas de diferentes nacionalidades.

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Monte Rinjani, trilha onde Juliana caiu abriga o segundo vulcão mais alto da Indonésia
Trilha onde Juliana caiu abriga o segundo vulcão mais alto da Indonésia – Crédito: Rinjani National Park/Reprodução

O Monte Rinjani é o segundo vulcão mais alto da Indonésia e está localizado na ilha de Lombok, próxima à famosa Bali. Com 3.726 metros de altitude, ele faz parte do chamado “Círculo de Fogo do Pacífico”, região de intensa atividade sísmica. Reconhecido como Geoparque Global pela Unesco, o vulcão é também considerado sagrado pela população local e atrai viajantes em busca de paisagens exuberantes, lagos de cratera e águas termais.

Mas a beleza vem acompanhada de risco. Nos últimos anos, o Rinjani foi cenário de várias mortes durante trilhas. Em maio deste ano, um turista da Malásia morreu após cair durante a escalada. Em 2022, um português sofreu um acidente semelhante. Já em 2012, sete estudantes perderam a vida durante uma expedição. Em 2018, um terremoto de magnitude 6,4 causou desabamentos nas trilhas e deixou 17 mortos, além de centenas de feridos — muitos deles turistas que estavam acampados na montanha.

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O trajeto até o cume do vulcão pode durar de dois a cinco dias, dependendo do roteiro. Os acessos principais estão nas vilas de Senaru e Sembalun. Ao longo do caminho, os aventureiros enfrentam subidas íngremes, florestas densas, temperaturas que podem chegar a 4 °C e trechos com risco de deslizamentos e escorregões. Apesar da popularidade do destino, muitos viajantes relatam a falta de infraestrutura e segurança. Em sites de viagem, não são raros os depoimentos de pessoas que se surpreenderam negativamente com a dificuldade do percurso e com a ausência de suporte adequado em casos de emergência.

Foi nesse cenário que Juliana Marins sofreu o acidente. A brasileira, natural de Niterói (RJ), fazia um mochilão pelo Sudeste Asiático desde fevereiro e já havia visitado países como Filipinas, Vietnã e Tailândia. No Rinjani, ela estava acompanhada de uma empresa local, a Ryan Tour, quando caiu em um trecho na noite de sexta-feira (20).

A operação de resgate se mostrou complexa. Ventos fortes, terreno instável e densa neblina dificultaram o acesso das equipes, que precisaram montar acampamentos de emergência e interromper os trabalhos durante a noite. O resgate envolveu cerca de 50 militares e se estendeu por quatro dias. A família da brasileira criticou a lentidão do resgate e a falta de informações por parte das autoridades indonésias.

Juliana era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e era apaixonada por viagens, esportes e natureza. Em suas redes sociais era possível acompanhar registros de trilhas, mergulhos e experiências ao redor do mundo.

O Monte Rinjani, embora fascinante, exige preparo físico rigoroso, acompanhamento de guias experientes e atenção total às condições climáticas e estruturais — que, como mostrou a tragédia com Juliana, podem transformar sonho em pesadelo.