O retorno do medo: o que é o “Novo Cangaço” e como esse tipo de ataque voltou a assustar Minas Gerais

Modalidade criminosa marcada por explosões, tiroteios e domínio de cidades voltou a ser registrada no estado nesta terça-feira (8), em Guaxupé, no Sul de Minas

, em Uberlândia

-

Explosões em banco, tiroteios em plena madrugada e criminosos cercando pontos estratégicos da cidade. A cena poderia ser de um filme, mas se trata de um ataque real que aconteceu em Guaxupé, no Sul de Minas Gerais, nas primeiras horas desta terça-feira (8). O crime segue o padrão do chamado “Novo Cangaço”, um estilo de assalto violento e altamente planejado que voltou a assustar os mineiros.

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Ataque Novo Gangaço
Guaxupé (MG) sofreu ataque na madrugada desta terça-feira (8) – Crédito: Redes sociais/Reprodução

Segundo nota da Polícia Militar, o grupo criminoso invadiu a cidade por volta da 1h45 e atacou simultaneamente a agência da Caixa Econômica Federal, o quartel da Polícia Militar e a base da Guarda Civil Municipal. Fortemente armados, os bandidos dispararam diversas vezes, usaram explosivos e espalharam o terror pelas ruas do centro da cidade. Um policial militar ficou ferido na mão por estilhaços de vidro.

Imagens feitas por moradores mostram alguns momentos da ação dos criminosos. Além disso, internautas relatam portas arrombadas, vidraças quebradas, barulho de tiros e o medo estampado nos relatos nas redes sociais.

As forças de segurança montaram uma operação de rastreamento com apoio do BOPE, da Polícia Federal e da Polícia Civil. Até o momento, não há confirmação sobre valores levados ou prisão de suspeitos.

O que é o “Novo Cangaço”?

O termo “Novo Cangaço” — ou neocangaço — passou a ser usado por especialistas em segurança pública e policiais para descrever uma modalidade criminosa que ganhou força no Brasil a partir do final dos anos 1990.

Inspirado no cangaço original, que aterrorizou cidades do sertão nordestino nas décadas de 1920 e 1930, o Novo Cangaço também envolve ataques em grupo, cercos a cidades pequenas e ações violentas contra alvos como bancos e carros-fortes. A diferença é que, agora, os criminosos usam armamento de guerra, logística profissional e redes de apoio que atravessam fronteiras estaduais.

O objetivo dessas quadrilhas é dominar completamente a cidade durante a madrugada: eles cercam quartéis, cortam vias de acesso, espalham armadilhas e explodem agências bancárias para tentar levar grandes quantias de dinheiro.

Por agirem principalmente em municípios menores, onde o efetivo policial é limitado, os assaltantes conseguem mais liberdade para executar os planos com pouca resistência.

×

Leia Mais

Herança do passado, violência do presente

O nome Novo Cangaço faz referência aos cangaceiros de Lampião, personagem histórico que, embora seja lembrado por parte da população como símbolo de resistência ao coronelismo e à desigualdade, também protagonizou uma era de violência e medo em várias cidades do Nordeste brasileiro.

Hoje, a comparação serve como alerta: as quadrilhas contemporâneas não têm motivação política ou social. São grupos especializados em crimes de alto impacto, que usam o terror como ferramenta para dificultar a reação policial e fugir com grandes somas em dinheiro.