Médica que sequestrou bebê no HC-UFU é demitida pela Universidade Federal de Uberlândia
Decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (3); Cláudia Soares responde por tráfico de pessoas e falsidade ideológica após rapto de recém-nascida em 2024
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A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) oficializou a demissão da médica neurologista Cláudia Soares Alves, indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica após sequestrar um bebê no Hospital de Clínicas (HC-UFU), em julho de 2024. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (3).
De acordo com a portaria nº 5.906, assinada pelo reitor da instituição, a penalidade foi aplicada com base nos artigos 116, 117 e 132 da Lei 8.112/90, que tratam das responsabilidades e deveres de servidores públicos federais. A medida entra em vigor na data da publicação.

Caso chocou Uberlândia e ganhou repercussão nacional
O crime aconteceu na noite de 23 de julho de 2024, quando Cláudia Soares se passou por pediatra do hospital universitário para retirar uma recém-nascida da maternidade. Vestindo jaleco branco, máscara e crachá de servidora, ela enganou os pais da bebê dizendo que levaria a criança para se alimentar.

Câmeras de segurança flagraram a médica saindo do hospital com a recém-nascida envolta em um cobertor e escondida na mochila. Após intensa mobilização da polícia, o bebê foi localizado horas depois em uma clínica em Itumbiara (GO), onde a criminosa foi presa em flagrante.
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Investigações apontaram crime premeditado
As apurações da Polícia Civil revelaram que Cláudia planejava o crime havia meses. Ela fingiu estar grávida, apresentou exames falsos e chegou a comprar enxoval de bebê. Além disso, tentou engravidar por meio de um procedimento na Argentina e foi aprovada no Cadastro Nacional de Adoção com base em laudos fraudulentos.
Quatro dias antes do sequestro em Uberlândia, a médica esteve na Bahia, onde, segundo a investigação, abordou famílias em situação de vulnerabilidade para tentar negociar a adoção ilegal de crianças, oferecendo dinheiro em troca.
Demissão reforça desdobramentos do processo judicial
Apesar de ter deixado a penitenciária feminina de Orizona (GO) em março deste ano após decisão judicial, Cláudia Soares segue respondendo em liberdade pelos crimes de tráfico de pessoas e falsidade ideológica. Cláudia foi presa em julho de 2024 e permaneceu detida até março de 2025.
Agora, com a demissão oficializada pela UFU, o vínculo funcional da médica como professora do Magistério Superior está definitivamente encerrado. A Direção da Faculdade de Medicina (Famed/UFU) informou que ela ministrava as disciplinas de “Medicina Integrada 1” e “Saúde Individual 5”, sendo parte da equipe do Departamento de Clínica Médica. Seu vínculo incluía atividades de ensino no Hospital de Clínicas (HC-UFU/Ebserh).
O Paranaíba Mais solicitou à UFU informações sobre o pagamento de salários à servidora até a publicação da portaria, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.
UFU se manifesta sobre a demissão da médica que sequestrou bebê
A Universidade Federal de Uberlândia informa que, conforme a portaria UFU Nº 5.906, de 1º de setembro de 2025, publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira, 03 de setembro, a servidora Cláudia Soares Alves, docente vinculada à Faculdade de Medicina da UFU, foi exonerada.
O Processo Administrativo (PAD), foi instaurado em 01 de agosto de 2024, após o recebimento de denúncia. Durante o procedimento, a comissão de investigação ouviu várias testemunhas, recolheu e analisou documentos inerentes aos fatos e possibilitou ampla defesa à servidora por meio de seu advogado.
A exoneração da docente se deu pela inobservância de normas legais e regulamentares e por manter conduta incompatível com a moralidade administrativa, além de “valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública” e de cometer “crime contra a administração pública” (art. 116, III e IX; 117, IX e 132, I e XIII, da Lei n. 8.112/90), conforme indicado na portaria supracitada.
O vínculo da servidora com a UFU foi rompido em 01 de setembro, com a assinatura da portaria de exoneração. Em razão da servidora ainda estar em período de estágio probatório, não há possibilidade de recurso no âmbito da universidade.