Médica que raptou recém-nascida do HC-UFU em 2024 sai de penitenciária de Goiás

Neurologista Cláudia Soares, de 42 anos, foi indiciada pelos crimes de falsidade ideológica e tráfico de pessoas; médica estava presa na Unidade Feminina de Orizona

, em Uberlândia

-

A médica que raptou uma recém-nascida do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), em julho do ano passado, deixou a Unidade Prisional Regional Feminina de Orizona, em Goiás, nesta quinta-feira (27), segundo apuração realizada pela TV Paranaíba. A investigada, Claudia Soares Alves, estava reclusa na unidade desde agosto de 2024. A liberação aconteceu após um alvará de soltura expedido pela Justiça do estado goiano.

A mulher, que estava presa preventivamente, agora aguarda o julgamento em liberdade. Ela responderá pelos crimes de tráfico de pessoas e falsidade ideológica.

Cláudia Soares foi solta após um alvará de soltura expedido pela Justiça
Cláudia Soares foi solta após um alvará de soltura expedido pela Justiça – Foto: Paranaíba Mais/Reprodução

Relembre o caso

Na noite de 23 de julho, uma terça-feira, uma recém-nascida foi levada do HC-UFU por uma mulher que se apresentou aos pais do bebê como pediatra e levaria a criança para se alimentar no berçário, já que o leite materno da mãe ainda não tinha descido.

Câmeras de segurança da unidade hospitalar flagraram a suspeita dentro do hospital e, em seguida, saindo da instituição. A falsa pediatra utilizava jaleco branco, máscara de proteção e crachá.

Foram 40 minutos entre o momento em que Cláudia Soares chegou ao HC até a hora em que saiu levando a recém-nascida em uma mochila.

A médica raptou a recém-nascida usando jaleco e crachá
A médica raptou a recém-nascida usando jaleco e crachá – Foto: TV Paranaíba/Reprodução

O sequestro do bebê foi imediatamente reportado à Polícia Militar (PM), que passou a procurar pelo veículo usado pela suspeita.

Pelas características informadas à Polícia, o veículo foi identificado deixando Minas Gerais, na divisa com Goiás. Horas após o rapto, o bebê foi encontrado em uma clínica em Itumbiara. A mulher também foi localizada e presa. A suspeita foi identificada como Claudia Soares Alves, médica neurologista que atuava em Itumbiara.

A suspeita alegou que, na noite do crime, teve um surto psicótico após fazer uso de medicamentos controlados.

Neurologista que raptou bebê foi presa em Itumbiara
Neurologista que raptou bebê foi presa em Itumbiara – Foto: Polícia Civil/Reprodução

Quem é a médica que raptou a recém-nascida?

Cláudia Soares é médica graduada pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (atual Universidade Federal do Triângulo Mineiro), em Uberaba.

Além de neurologista, Cláudia Soares também mantinha vínculo com a Universidade Federal de Uberlândia, tomando posse como docente no dia 13 de maio. A suspeita chegou a fazer uma postagem em rede social informando sobre a nomeação.

A Direção da Faculdade de Medicina (Famed/UFU) informou que ela ministrava as disciplinas de “Medicina Integrada 1” e “Saúde Individual 5”, sendo parte da equipe do Departamento de Clínica Médica. Seu vínculo incluía atividades de ensino no Hospital de Clínicas (HC-UFU/Ebserh).

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

A médica teria usado o crachá de servidora da universidade para se passar por pediatra e retirar a criança da maternidade do hospital.

Segundo relatos de universitários do curso de Medicina, Cláudia Soares afirmou ter sofrido um aborto em dezembro de 2023.

Nas redes sociais, a mulher revelou que esperava um bebê
Nas redes sociais, a mulher revelou que esperava um bebê – Foto: Facebook/Reprodução

Em 2024, nas redes sociais, a mulher revelou que esperava um bebê e o nomeou-o como “João”.

A investigação da Polícia Civil (PC) apontou que a mulher fingiu estar grávida e, para provar a gestação, planejou o rapto da recém-nascida.

Tráfico de pessoas e fraude

A Polícia Civil de Itumbiara indiciou Cláudia Soares pelos crimes de tráfico de pessoas e falsidade ideológica. O inquérito, concluído em agosto, diz que o crime foi premeditado desde maio de 2024, quando a médica divulgou aos familiares que estaria grávida, baseada em um teste de farmácia.

A indiciada contou com a ajuda de um amigo biomédico para criar um laudo que atestava a gestação.

A investigação apontou diversas tentativas de Cláudia de engravidar e adotar uma criança. Ela realizou uma transferência embrionária na Argentina e se habilitou ao Cadastro Nacional de Adoção, sendo aprovada com base em laudos que atestavam sua saúde física e mental.

Métodos ilegais

Desde maio de 2024, Cláudia realizou outros exames de gravidez que deram negativo. Ainda assim, a mulher continuou com a mentira e preparou um enxoval para o suposto filho que esperava.

A PC concluiu ainda que, quatro dias antes de levar a recém-nascida de Uberlândia, a neurologista viajou à Bahia onde abordou e coagiu famílias em situação de vulnerabilidade a doarem seus filhos.

Cláudia abordou André e a esposa para negociar a compra do filho do casal, em Salvador
Cláudia abordou André e a esposa para negociar a compra do filho do casal, em Salvador – Foto: TV Paranaíba/reprodução

O Paranaíba Mais conversou com uma dessas famílias. André Guimarães acompanhou a repercussão nacional do caso e reconheceu Cláudia Soares como a mesma mulher que o abordou dias antes do crime em Uberlândia, oferecendo R$ 10 mil pelo filho que sua esposa esperava.

A bebê está bem

Em entrevista à TV Paranaíba, o pai da criança, Edson Ferreira, confirmou que a bebê está em casa e saudável.

×

Leia Mais