“Maus-tratos e precariedade”, descreve secretaria sobre clínica clandestina no Triângulo

Thereza Christina relata ao Paranaíba Mais que a operação aconteceu após a morte de quatro idosos e o desaparecimento de outro em um curto intervalo de tempo

, em Uberlândia

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Uma operação conjunta das secretarias municipais de Saúde e Desenvolvimento Social de Araguari, com apoio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, resgatou dez idosos de uma clínica clandestina localizada no loteamento Raio de Sol, às margens da BR-365. Segundo a secretária de Saúde de Araguari, Thereza Christina, o local, que funcionava em condições precárias, era oferecido como uma alternativa “mais acessível” aos familiares de idosos.

Thereza Christina informa que a situação encontrada no local era alarmante, “o que mais chamou atenção foi uma senhora pedindo água. Havia muito mau cheiro, a casa ficava em uma rampa e, se um idoso saísse, poderia cair. Para se alimentar, tinham apenas mingau de batata e maizena, e as medicações não tinham prescrições.”

Clínica clandestina é interditada por precariedade, maus-tratos e uso de medicamentos sem prescrição
Clínica clandestina é interditada por precariedade, maus-tratos e uso de medicamentos sem prescrição – Crédito: SES-MG/Divulgação

Os responsáveis pelo local não apresentaram documentos que autorizassem o funcionamento de uma clínica. De acordo com a secretária Thereza Christina a operação aconteceu após a morte de quatro idosos e o desaparecimento de outro em um curto intervalo de tempo, o que motivou a fiscalização e o resgate.

A Secretaria de Saúde alertou que o imóvel não oferecia condições adequadas de higiene, estrutura ou armazenamento de medicamentos, comprometendo o cuidado com os pacientes. Veja as informações repassadas pela secretária.

A secretária informou ainda que algumas famílias queriam manter os parentes na clínica, mesmo diante das condições, enquanto outras desconheciam a precariedade do local.

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Posicionamento de familiares

A sobrinha de um dos idosos, que faleceu no local, contou ao Paranaíba Mais que buscou alternativas para abrigar o tio, que era portador de HIV.

“Fui atrás de mais de 20 instituições, mas com custos bem altos. Nossa família não tinha como custear, pois ele estava em tratamento paliativo e não tinha como ficar em casa. A clínica era humilde, mas não era suja. Eu acompanhava meu tio desde o primeiro dia”, contou a sobrinha de um dos pacientes.

Atendimento e encaminhamento

Durante a operação, sete idosos foram retirados pela equipe de resgate, e quatro foram buscados por familiares. Todos receberam atendimento no Hospital Padre Júlio César Siqueira, em Araguari.

Nesta segunda-feira (18), seis permaneciam internados, com previsão de transferência para Uberlândia, enquanto quatro já haviam sido entregues às famílias. O estado de saúde dos internados é estável, e após a alta, eles serão encaminhados a instituições de longa permanência.

A operação foi realizada a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e envolveu uma ação conjunta das secretarias municipais, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. O caso continua sendo investigado pelas autoridades.