“Maior furada da minha vida”: brasileira relata sobre trilha do Monte Rinjani após morte de Juliana Marins

Letícia Mello relatou que a alimentação insuficiente, guias sem preparo técnico e ausência de estrutura mínima de segurança marcaram a experiência

, em Uberlã

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A morte da brasileira Juliana Marins, de 33 anos, durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, trouxe à tona relatos de outros turistas que enfrentaram condições extremas na mesma rota. Um dos depoimentos que ganhou repercussão nas redes sociais foi o da escritora Letícia Mello, que realizou a travessia em 2017 e classificou a experiência como “a maior furada da minha vida”.

Morte de Juliana Marins no Monte Rinjani reacende alerta sobre riscos da trilha na Indonésia
Morte de Juliana Marins no Monte Rinjani reacende alerta sobre riscos da trilha na Indonésia – Crédito: Redes Sociais/ Reprodução

Juliana Marins estava desaparecida desde sexta-feira (20), após sofrer uma queda durante a trilha. Seu corpo foi localizado na terça-feira (24), após quatro dias de buscas. Ela realizava a escalada com um grupo, mas teria se separado e não conseguiu ser socorrida a tempo. O laudo da autópsia divulgado nesta sexta (27) apontou que Juliana Marins morreu cerca de 20 minutos após a queda, vítima de um trauma contundente com fraturas e hemorragia interna.

Desde 2020, oito mortes e cerca de 180 acidentes já foram registrados no Parque Nacional onde fica o Rinjani, o segundo vulcão mais alto da Indonésia, com 3.726 metros de altitude.

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“Única vez que senti medo de verdade”

Em seu relato nas redes sociais, Letícia Mello afirmou que já realizou trilhas em vários países, mas nenhuma tão arriscada quanto a subida ao Rinjani. “De tudo o que já fiz, o Monte Rinjani foi a única atividade em que me senti em perigo real”, escreveu.

Segundo ela, a agência que vendeu o passeio informou que a trilha não exigia preparo físico nem equipamentos específicos. A realidade, no entanto, foi bem diferente: alimentação insuficiente, guias sem preparo técnico e ausência de estrutura mínima de segurança marcaram a experiência.

No terceiro dia de trilha, mesmo após uma forte tempestade, os guias incentivaram a tentativa de chegada ao cume. Na descida, ao ver o terreno íngreme e instável à luz do dia, Letícia percebeu os riscos que enfrentou durante a subida feita no escuro.

“Só na descida percebi os penhascos dos dois lados. A trilha é feita em areia fofa, escorregamos o tempo inteiro. Demos sorte de voltar vivos”, relatou.

Turismo sem regulação

O passeio até o cume do Rinjani é vendido por agências locais a preços que variam entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. A caminhada dura de dois a quatro dias e exige alto esforço físico. Em plataformas como o TripAdvisor, diversos turistas já alertaram para as dificuldades do trajeto, como a inclinação acentuada, o frio intenso e a falta de equipamentos de segurança fornecidos pelas empresas.

Letícia afirma que decidiu tornar público seu relato como forma de contribuir com o debate após a tragédia envolvendo Juliana. “Não é hora de culpar vítimas. É hora de alertar. Essa trilha não é para qualquer pessoa, e os riscos precisam ser comunicados com responsabilidade.”

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O caso Juliana Marins

Juliana Marins, que viajava sozinha pela Indonésia, desapareceu após sofrer uma queda durante a trilha. Sem sinal de celular e em área de difícil acesso, ela permaneceu sem resgate por dias. Seu corpo foi localizado por equipes locais em uma encosta de difícil visibilidade.

O caso gerou comoção e levantou questionamentos sobre a falta de fiscalização, treinamento de guias e segurança nos roteiros de ecoturismo em países do Sudeste Asiático, que atraem turistas do mundo inteiro.

A tragédia também reacendeu discussões sobre o papel das agências de turismo e a necessidade de transparência na venda de pacotes de aventura, especialmente em destinos de alto risco.