Governo de SP monta gabinete de crise e PF investiga intoxicação por metanol

A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito policial para investigar os casos de intoxicação por metanol identificados no estado de São Paulo. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, nesta terça-feira (30). Segundo ele, a corporação investiga a possível ligação da adulteração de bebidas alcoólicas com o crime organizado.

Também nesta terça, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciou a implantação de um gabinete de crise para o combate à intoxicação por metanol. Segundo o governador, a Polícia Civil realiza operações com frequência e há cinco inquéritos abertos.

Tarcísio de Freitas, no entanto, descartou a possibilidade de relação com o crime organizado. “Não há evidência nenhuma de que haja envolvimento do crime organizado nisso. Os inquéritos abertos indicam que são pessoas que não têm relação com crime organizado e não têm relação entre si. São pessoas que fraudam rotineiramente bebidas. É um problema estrutural”, afirmou o governador em coletiva de imprensa.

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Já o diretor da PF disse que a investigação dirá se há conexão com o crime organizado ou não. “Dentre as razões, a questão da interestadualidade [há indícios de distribuição fora do estado de São Paulo] e a possível conexão com investigações recentes que fizemos, especialmente no estado do Paraná, com outras duas de São Paulo, em razão de toda a cadeia de combustível, onde parte disso passa pela importação de metanol pelo Porto de Paranaguá”, explicou ele, segundo a Agência Brasil.

A intoxicação por metanol é grave, podendo levar à cegueira permanente e até a morte. A substância é um dos principais insumos da indústria química, utilizado como matéria-prima para sintetizar produtos como solventes. O metanol é um composto orgânico da família dos álcoois. Pode estar presente em bebidas clandestinas e adulteradas, além de combustível, solventes e líquidos de limpeza.

Números de intoxicação por metanol em SP

Dados do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo informam que há 22 casos de intoxicação por metanol no estado, entre confirmados e suspeitos. Até o momento, sete casos foram confirmados e 15 seguem sob investigação.

O número de mortes por intoxicação por metanol registradas até o momento subiu para cinco, sendo uma comprovadamente causada pelo consumo de bebida adulterada na capital e quatro ainda em análise (três em São Paulo e uma em São Bernardo do Campo). Quatro casos foram descartados.

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Medidas do governo do Estado de combate

A Agência SP divulgou as principais medidas discutidas pelo governador durante uma reunião técnica nesta terça-feira (30). Veja a seguir:

1. Implantação do gabinete de crise (Justiça, Saúde, Segurança Pública, Desenvolvimento Econômico, Comunicação e Prefeitura de SP).
2. Interdição cautelar dos estabelecimentos onde ficar comprovado que houve a venda de bebida adulterada. A Segurança Pública, Fazenda, Vigilância Sanitária e Procon-SP trabalharão em conjunto para desarticular esses grupos que fabricam e distribuem bebidas adulteradas.
3. Fortalecimento dos canais de denúncia por meio do 181 da Polícia e do site do Procon-SP (www.procon.sp.gov.br). ⁠
4. Orientação da rede de saúde para diagnóstico e tratamento com agilidade.
5. Reunião de alinhamento com as associações de bares e restaurantes e outros estabelecimentos relacionados ao setor.

Quais são os sintomas da intoxicação

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, os sintomas costumam aparecer entre 6 e 24 horas após a ingestão:

• Sonolência
• Tontura
• Dor abdominal
• Náuseas
• Vômitos
• Confusão mental
• Taquicardia
• Visão turva
• Fotofobia
• Convulsões
• Acidose metabólica.

Em casos mais graves, pode haver cegueira irreversível, choque, pancreatitie, insuficiência renal e comprometimento neurológico.