Filho disse que não queria ir com o pai dias antes de sumiço em Uberlândia

Ana Júlia, de 5 anos, e Fábio Filho, de 7, estão desaparecidos desde 22 de julho, quando deveriam ter sido devolvidos pelo pai

, em Uberlândia

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O drama vivido por Klissia Santos, mãe de duas crianças desaparecidas em Uberlândia há quase dois meses, carrega uma lembrança dolorosa. Em uma visita anterior, o filho mais velho, Fábio de Paula Gomes Filho, de 7 anos, chegou a dizer que não queria ir com o pai. Na época, a mãe explicou que era obrigada a permitir o encontro por decisão judicial. Hoje, com a ausência prolongada dos filhos, ela diz carregar a culpa por deixá-los ir novamente em julho.

O sumiço em Uberlândia completa quase dois meses nesta terça-feira (9). Ana Júlia de Paula Gomes, de 5 anos, que faz tratamento para crises de epilepsia, e o irmão, Fábio foram vistos pela última vez no dia 22 de julho, quando deveriam ter sido devolvidos à mãe, após passarem férias com o pai, Fábio de Paula Gomes, de 40 anos, em Tupaciguara.

sumiço em Uberlândia
Fábio de Paula Gomes é suspeito de subtrair os próprios filhos, de 7 e 5 anos, desaparecidos desde julho em Uberlândia – Crédito: Reprodução/Redes sociais

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Desde então, não há notícias sobre o paradeiro das crianças. A mãe, Klissia, que está grávida do atual marido, vive em angústia e precisou se afastar do trabalho.

“São dois meses sem saber como meus filhos estão. Ninguém fala nada para mim. Eu tenho medo do meu telefone tocar e receber uma notícia pior. Fico pensando em como vai ser a volta deles, tenho medo”, disse emocionada à reportagem da TV Paranaíba.

Segundo apuração, Klissia e Fábio foram casados por nove anos. Há dois anos, travaram uma disputa pela guarda. A mãe conquistou a guarda unilateral, enquanto o pai tinha direito a alguns finais de semana e parte das férias escolares.

No dia 9 de julho, ele retirou as crianças em Uberlândia e, logo depois, desligou o telefone, permanecendo incomunicável. O prazo para devolvê-las terminou em 21 de julho.

Investigações em andamento

O caso é investigado pelo delegado Diego de Moraes Guarnaschelli, de Araguari. Até agora, mais de 19 endereços já foram vistoriados. A Polícia Civil informou que existe uma pista sobre o paradeiro do suspeito.

Crianças que sumiram após serem levadas pelo pai
O desaparecimento de crianças em Uberlândia segue desde o dia 21 de julho – Crédito: Imagem cedida a TV Paranaíba

Além do pai, a mãe dele também é alvo da apuração. Ela não registrou boletim de ocorrência e apresentou informações contraditórias em depoimento. Embora tenha dito que o último contato com o filho foi no dia 11 de julho, registros apontam que, em 12 de julho, os dois passaram por um pedágio na região de Perdizes com o veículo utilizado por Fábio.

As investigações também revelaram que ele vendeu duas casas e um comércio de açaí em Tupaciguara, repassando o dinheiro para a mãe. O inquérito foi instaurado como subtração de incapaz, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com pena de dois a seis anos de prisão.

O advogado de Klissia pediu a prisão preventiva do pai, além da suspensão da carteira de habilitação e do passaporte. A defesa alega risco de fuga.

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Apreensão pelo sumiço em Uberlândia

Enquanto as buscas continuam, o clima é de apreensão entre familiares. Moradores que conheceram Fábio em Tupaciguara disseram à TV Paranaíba que ele era “de pouca conversa” e “difícil de lidar”.

A mãe das crianças afirma viver uma espera angustiante. “Eu só quero meus filhos de volta. É um vazio que não dá para explicar”, desabafou.

O caso segue em investigação pela Polícia Civil de Minas Gerais.