Famílias de vítimas falam sobre prisão de médica suspeita de assassinato e sequestro
Parentes da farmacêutica morta e dos pais da bebê sequestrada desabafam após nova prisão da médica Cláudia Soares
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“Um pouco aliviado, sim, por ela ter voltado para a prisão.” A frase, dita pelo pai da bebê sequestrada, resume o sentimento de duas famílias de Uberlândia após a prisão da médica Cláudia Soares Alves, de 42 anos, suspeita de ter planejado dois crimes que chocaram o Triângulo Mineiro: o assassinato da farmacêutica Renata Boccato Denari, em 2020, e o sequestro da bebê recém-nascida, em 2024.

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A prisão, realizada na quarta-feira (5) em Itumbiara (GO), representa um alívio e, ao mesmo tempo, revive lembranças dolorosas para as famílias. “A grande força está em insistir e confiar na Justiça”, disse Oswaldo Luís, pai da farmacêutica, em entrevista à TV Record Minas.
Segundo as investigações, Cláudia teve um relacionamento com o ex-marido da farmacêutica e planejou a morte de Renata para ficar com a filha do casal.

O crime ocorreu na manhã de 7 de novembro de 2020, quando Renata chegava ao trabalho em uma farmácia de Uberlândia, no bairro Roosevelt. Ela foi surpreendida por um homem armado que entregou uma sacola e atirou várias vezes. O crime foi registrado por câmeras de segurança. A polícia identificou o executor como Paulo Roberto Gomes da Silva, vizinho da médica, que teria agido a mando dela. O filho de Paulo Roberto também teria participado, mas, segundo o delegado Eduardo Leal, responsável pela investigação, não será indiciado e já foi solto.
Veja vídeo do momento:
Três anos depois, Cláudia voltou a ser investigada, desta vez por tentar sequestrar um bebê dentro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Com roupas de profissional de saúde e usando crachá falso, ela se apresentou aos pais da recém-nascida como pediatra, levou a criança em uma mochila e tentou fugir de carro para Goiás.
A mãe da bebê, Natália Ferreira, relembra o desespero do momento. “Ela saiu com minha filha dentro de uma mochila, sem ter alta médica para sair da maternidade, e sumiu. Mas Deus foi fiel, e ela voltou para nós sem nenhuma sequela”.
Cláudia foi presa horas depois, mas acabou liberada pela Justiça em março deste ano, quando passou a cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Agora, com a nova decisão judicial, ela volta para o presídio em Goiás, acusada de ser a mandante do assassinato de Renata.
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Para a irmã da farmacêutica, Vanessa Bocatto, a prisão representa um passo importante. “Meios perversos existem em todas as classes sociais. Não é porque ela é médica que não pode cometer um assassinato. Ela se escondeu atrás do jaleco e do status para tentar ficar impune”.
A reportagem procurou a defesa da suspeita, que não respondeu até a publicação da matéria.

Durante as investigações, a polícia encontrou na casa da médica um quarto rosa decorado para uma menina, com berço e boneca de aparência realista. Segundo o delegado Eduardo Leal, a médica “chegou a preparar o quarto para a criança, o que demonstra a fixação dela em ter uma filha”.
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU), responsável pelo hospital onde ocorreu o sequestro da bebê, informou que colaborou com as autoridades e revisou os protocolos de segurança da unidade. A instituição reforçou que a médica suspeita de assassinato possuía acesso ao hospital por ter vínculo funcional com a universidade.