“Quase morri”: idoso chora ao relatar agressão durante abordagem policial em Santa Juliana

Caso viralizou após câmeras de segurança registrarem confusão entre policiais e comerciantes, no último sábado (22)

, em Uberlândia

-

Após a repercussão de um vídeo de um circuito de segurança que expôs uma confusão entre agentes da Polícia Militar (PM) e o proprietário de um estabelecimento localizado no bairro Céu Azul, em Santa Juliana, no último sábado (22), o caso viralizou entre internautas do município. Nesta terça-feira (25), José Antônio concedeu uma entrevista ao Balanço Geral, da TV Paranaíba, e relatou o que teria acontecido.

Segundo o homem, de 64 anos, os militares chegaram repentinamente ao local por volta das 18h20, abordando e agredindo seu filho, que também trabalhava no estabelecimento.

“Naquele momento, eu só vi quando eles chegaram e abordaram meu menino. Já foi com soco, pontapé. Aí eu tentei intervir para acalmar a situação, ver se eles paravam de bater nele, e então me deram um soco. Eu desmaiei e não vi mais nada. Fiquei desacordado e só recuperei a consciência no hospital. Mas machucaram meu filho de pancada, machucaram”, afirmou.

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Família relata sobre o ocorrido em Santa Juliana, após imagens circularem na web – Crédito: TV Paranaíba/ Reprodução

‘Vieram para fazer só aquilo’, diz proprietário de bar em Santa Juliana

Ainda conforme José Antônio, que tem o estabelecimento há 35 anos, no local estariam apenas vizinhos e não havia nenhuma reclamação de perturbação do sossego registrada contra ele. Ele também reforçou que sua rotina de trabalho sempre foi de conhecimento público, funcionando normalmente aos fins de semana.

“Eles vieram para fazer só aquilo mesmo, parece que foi mandado”, afirmou. “Tomara que Deus ajude para que isso não aconteça mais comigo, porque eu não aguento outra. […] Sou cardíaco, já tenho dois stents e não posso ficar desse jeito. Aquela noite eu nem dormi. Passei a noite inteira com pressão alta, vomitando, quase morri”, relatou.

Crédito: Redes Sociais/ Reprodução
×

Leia Mais

O filho do proprietário, Valdez Hilário, afirmou que os policiais chegaram determinando que o bar fosse fechado. Quando questionou sobre o motivo da abordagem, as agressões teriam começado.

“No momento, eu perguntei o que houve, se tinha alguma denúncia ou outra coisa. Então, recebi um empurrão do policial e ele seguiu com as pancadas. Bati a cabeça na parede e foi só soco. Juntaram uns quatro policiais e já me arrastaram para a viatura”, contou.

Após a confusão, Valdez foi levado ao Hospital Municipal para exame de corpo de delito, junto ao pai, que já estava desacordado devido aos golpes. Ele apresentou vários hematomas e, ao ser liberado do hospital, foi conduzido à delegacia, onde recebeu voz de prisão por suposta resistência.

‘Sem explicação’

Valdez ficou detido por algumas horas sem saber do que estava sendo acusado.

“Eu pedi para um dos policiais: ‘Quero ler o que estou assinando, porque não posso assinar sem saber’. Eles não deixaram. Disseram: ‘Você vai assinar ou vai para a cela?’. Com a maior brutalidade. Então, falei: ‘Vou para a cela, quero saber do que estou sendo acusado’. Depois de umas três horas, fui liberado”, relatou.

Ele também afirmou que, mesmo na cela, permaneceu algemado e que foi tratado com descaso pelos policiais. Ao rever as imagens da confusão, descreveu a abordagem como “abuso de autoridade”.

“Quero ver eles abordarem um traficante do jeito que me abordaram. Quantas vezes já pedi polícia aqui no bar para situações suspeitas e eles não vieram. Mas, para agredir, sempre aparecem”, desabafou.

Busca por Justiça

Valdez afirmou que os fatos não ocorreram como descrito pelos militares à imprensa. Ele e o pai já acionaram a Justiça para buscar providências sobre o caso.

Ele também negou que estivesse embriagado, como alegado pela PM. “Não houve exame de bafômetro para comprovar que eu estava embriagado”, disse.

Em nota conjunta com o 37º Batalhão, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Minas Gerais informou que os envolvidos formalizaram uma denúncia junto à administração e que um inquérito policial foi instaurado para apuração dos fatos, conforme as normas vigentes.

“Em relação ao vídeo divulgado nas redes sociais, que mostra uma ação policial ocorrida na cidade de Santa Juliana no dia 22 de março de 2025, informamos que os envolvidos formalizaram uma denúncia junto à Administração da Polícia Militar, e de imediato, foi instaurado um Inquérito Policial Militar para a apuração dos fatos, em conformidade com as normas vigentes. Araxá, 25 de março de 2025″.