Falsa couve: como saber se o seu alimento é seguro para o consumo
Conheça os riscos da Nicotiana glauca, aprenda a identificar a planta e proteja sua família de intoxicações
Um caso registrado em Patrocínio, no Alto Paranaíba, chamou a atenção de todo o Brasil desde a última semana para um perigo pouco conhecido na culinária caseira: a falsa couve. Quatro pessoas da mesma família acabaram internadas e uma veio a óbito após consumirem folhas de Nicotiana glauca, uma planta venenosa que se assemelha à couve tradicional.
O episódio reforça a importância de saber identificar corretamente os alimentos e adotar cuidados para evitar intoxicações. Confira as dicas de uma especialista para evitar confundir os alimentos.
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Como se proteger e evitar intoxicações
Em entrevista a TV Paranaíba, a doutora em Botânica e professora Roberta Mendes Isaac Vilela afirma identificação da falsa couve não é simples.
“Normalmente não há características óbvias que indiquem toxicidade. A grande maioria das plantas não mostra sinais claros de perigo”, explica.
Algumas diferenças podem ajudar: a Nicotiana glauca pode crescer como arbusto, com folhas menores e mais finas, enquanto a couve comum é herbácea, com folhas maiores e mais arredondadas.
No entanto, variedades de couve mais novas podem se parecer com a falsa couve, tornando a identificação pelo visual pouco confiável.

As recomendações da especialista incluem:
- Comprar verduras e plantas de fornecedores confiáveis, com procedência conhecida.
- Evitar consumo de plantas silvestres não identificadas.
- Observar características gerais, mas nunca consumir se houver dúvida.
- Lembrar que mesmo plantas consideradas comestíveis podem ser perigosas se cultivadas com pesticidas ou produtos não adequados para consumo humano.
“O importante é prevenir. Por parecer comestível, muitas pessoas comem e se intoxicam sem perceber”, alerta Roberta.
Seguindo essas orientações, é possível reduzir o risco de acidentes graves e proteger a saúde da família. Em caso de suspeita de intoxicação, procure atendimento médico imediato e acione o Samu (192) ou o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox).
Confira a entrevista completa:
Relembre o caso da falsa couve
- O caso ocorreu no dia 8 deste mês, durante um almoço na zona rural de Patrocínio;
- Quatro adultos consumiram folhas acreditando se tratar de couve comum, mas o vegetal era tóxico;
- Pouco tempo depois, todos passaram mal;
- Três vítimas chegaram a sofrer paradas cardiorrespiratórias e precisaram ser reanimadas pelo Corpo de Bombeiros, Samu e Polícia Militar;
- A paciente Claviana Nunes da Silva, de 37 anos, faleceu após internação, na segunda-feira (13);
- O marido de Claviana Nunes da Silva, de 60 anos, permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em coma induzido e com ventilação mecânica, desde o último dia 8;
- Já o outro paciente, de 64 anos, que também estava na UTI, apresentou melhora, foi transferido para a enfermaria e segue internado em estado estável nesta quinta-feira (16);
- O quarto intoxicado, de 67 anos, foi liberado após um dia de observação.
Entenda o perigo da Nicotiana glauca
A falsa couve, também chamada de charuteira ou couve-do-mato, é uma planta venenosa da família do tabaco. Encontrada em quintais, beiras de estrada e pastos, contém alcaloides como anabasina e nicotina, que atacam diretamente o sistema nervoso.
A intoxicação ocorre em duas fases: primeiro há superestimulação do corpo, causando taquicardia, hipertensão, tontura e sudorese intensa. Em seguida, ocorre bloqueio nervoso e muscular, podendo levar à paralisia respiratória e parada cardíaca.
O calor não elimina a toxicidade: mesmo refogada, a planta permanece perigosa. Por isso, é fundamental atenção ao consumir qualquer planta de origem duvidosa.