Ex-colaborador da ABCZ é suspeito de desviar R$ 1 mi em esquema de notas frias
Ação investiga desvio de mais de R$ 1 milhão em esquema com notas fiscais falsas dentro da associação; mandados de busca e sequestro de bens foram cumpridos nesta terça (11)
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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou na manhã desta terça-feira (11) a Operação ABCZ, em Uberaba, com o objetivo de investigar um esquema de fraude contábil milionária. Ao todo, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão e determinado o sequestro de bens e valores até o limite de R$ 1,1 milhão. O crime tem envolvimento de um ex-colaborador do setor contábil da entidade, suspeito de ser o articulador do esquema.
A operação é conduzida pela Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro de Uberaba, com apoio do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e determinação do Juízo da 1ª Vara Criminal da cidade. Ao todo, 35 policiais civis participam da ação.

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Como funcionava o esquema
Segundo as investigações, o ex-colaborador, que atuava no setor de contabilidade, mapeava serviços efetivamente prestados à associação e, em conluio com outros suspeitos, utilizava empresas recém-criadas de fachada para emitir notas fiscais falsas. Dessa forma, a instituição realizava pagamentos duplicados pelos mesmos serviços, gerando prejuízo estimado em mais de R$ 1 milhão.
O delegado Eduardo Garcia, responsável pela Delegacia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro de Uberaba, explicou que o suspeito aproveitou uma falha no sistema interno da associação para aplicar o golpe.
“Um ex-colaborador da associação coordenava o setor de contabilidade, ou seja, um núcleo muito sensível da entidade, ligado à área financeira. Como ele era o responsável, as notas fiscais passavam por ele, e ele dava o aval para que o setor financeiro efetuasse o pagamento ou não. Mapeando essas prestações de serviço, o investigado detectou uma pequena falha na conferência sobre se o serviço havia sido realmente prestado. Sabendo disso, criou, junto com os demais envolvidos, empresas fantasmas e emitia notas frias, simulando serviços que nunca foram realizados. Assim, havia uma duplicidade de pagamentos por um serviço que havia sido prestado apenas uma vez”, detalhou o delegado Eduardo Garcia.
As apurações apontam que o grupo agia com sofisticação e acesso privilegiado aos sistemas internos, o que permitia manipular documentos e registros contábeis. Os investigadores também analisam transações financeiras e movimentações suspeitas em contas vinculadas aos envolvidos.
Mandados e sequestro de bens
Além das buscas realizadas em Uberaba, o Poder Judiciário determinou o bloqueio de bens, direitos e valores dos investigados até o limite do montante desviado. O material apreendido, como computadores, documentos fiscais e mídias eletrônicas, será periciado pela equipe técnica da PCMG.
Os detalhes da Operação serão apresentados em coletiva de imprensa na sede do 5º Departamento de Polícia Civil, com os delegados Armando Papacidero e Eduardo Alves Garcia, responsáveis pela condução do caso.

Próximos passos da Operação ABCZ
Com o avanço das investigações, a PC deve concluir o inquérito nas próximas semanas e encaminhar os resultados ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que acompanha o caso. O material colhido será analisado para definir responsabilidades criminais e administrativas dos envolvidos.
A Operação ABCZ é mais uma ação do Estado para coibir crimes contra o patrimônio e a administração pública, reforçando o compromisso da PCMG no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro no Triângulo Mineiro.
ABCZ se manifestou sobre o caso
Em nota oficial, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) confirmou ter identificado internamente indícios de fraude contábil, por meio de seus setores Jurídico e de Compliance, que apuraram a denúncia e comunicaram imediatamente as autoridades competentes.
A ABCZ informou ainda que implementou medidas internas de reforço, como a contratação de uma auditoria externa independente, substituição do sistema contábil, terceirização de profissionais das áreas fiscal e contábil e a edição de novas portarias de segurança e compliance, com acompanhamento direto da diretoria.
Por fim, a entidade ressaltou que segue em busca de novos indícios e provas para repassar às autoridades e manterá transparência junto aos associados, reafirmando o compromisso de preservar o patrimônio da instituição e prevenir novos casos.