“Dores insuportáveis”: mulher atingida por bala de borracha da PM em Capinópolis não consegue falar e aguarda cirurgia de risco

Ana Paula Araújo, que sofreu fratura no maxilar durante confusão, precisa passar por cirurgia para reconstrução óssea e corre risco de sequelas

, em Uberlândia

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A mulher de 39 anos, Ana Paula Araújo, atingida no rosto por uma bala de borracha disparada por um agente da PM na madrugada de sábado (1º), em Capinópolis, precisará passar por uma cirurgia de risco para reconstrução óssea, de acordo com a filha, que a acompanhava durante o evento e presenciou a confusão.

Atualmente, a vítima, que sente dores insuportáveis, não consegue se comunicar e consegue se alimentar apenas de líquidos e caldos, utilizando um canudo.

O procedimento cirúrgico buscará reconstruir os ossos e recuperar os movimentos do maxilar. No entanto, há risco de perda de audição e visão devido à sensibilidade da região e à presença de nervos importantes na face.

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bala de borracha em Capinópolis
Ferimento é caracterizado como fratura de côndilo mandibular, lesão na parte mais vulnerável da mandíbula – Crédito: Arquivo Pessoal

Inicialmente, a mulher recebeu atendimento no hospital municipal devido ao ferimento. Posteriormente, foi transferida para atendimento médico em Ituiutaba e, em seguida, encaminhada ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU).

Após as primeiras avaliações, foi informada sobre a necessidade de uma intervenção cirúrgica para reconstrução óssea.

“A minha mãe, devido ao tiro certeiro no maxilar, teve os nervos do ouvido e do olho atingidos. Agora, ela está bem, consegue ouvir e ver, mas não está falando. Ela está com a mandíbula fechada, se alimentando de caldo e usando um canudo. No entanto, precisará usar aparelho dentário e aguardar um mês para a cirurgia de reconstrução, que é muito delicada”, contou a filha, Maria Eduarda.

Após o diagnóstico, a mulher retornou a Capinópolis, onde permanece com os familiares enquanto aguarda a cirurgia, prevista para ocorrer dentro de um mês.

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Relembre o caso:

A confusão entre os agentes e os foliões aconteceu na madrugada de sábado (1º) durante a comemoração do Carnaval em Capinópolis. A confusão começou quando, ao final da festa, os policiais começaram a retirar o público à força, o que gerou um confronto verbal.

Testemunhas afirmaram que um dos policiais agiu de forma agressiva, chutando caixas de cerveja e ordenando que as pessoas saíssem.

Durante a confusão, um disparo da arma de elastômero foi feito, atingindo o rosto da mulher. O momento foi registrado em vídeo, onde é possível ver o bate-boca até o disparo, com a mulher tentando segurar a arma do policial.

 

A filha da vítima, Maria Eduarda, relatou que ela e o tio tentaram segurar a mão do militar para evitar o disparo, mas a arma atirou, atingindo o rosto de Ana Paula, que chegou a desmaiar por alguns instantes.

Familiares alegam que os policiais não prestaram socorro imediato e que demoraram cerca de 15 minutos para levá-la ao Pronto Socorro Municipal de Capinópolis.

A confusão continuou na unidade de saúde, onde a vítima foi atendida e o irmão da mulher acabou sendo detido, após quebrar a porta de vidro do local em uma nova confusão com os policiais.

Segundo Maria Eduarda, o tio quebrou o vidro porque os policiais não permitiram que ele entrasse para ver a irmã, o que gerou mais tensão.

Em revolta, homem acabou depredando o espaço – Crédito: Redes Sociais/ Reprodução

Confira a nota da Polícia Militar (PM) sobre o caso.

Em nota, a Polícia Militar (PM) informou que os agentes no local, após as festividades, foram “hostilizados e desacatados por populares” enquanto realizavam a dispersão do público.

Durante a hostilização, “uma dessas pessoas tentou arrebatar a espingarda calibre.12 de um policial militar, o que resultou em um disparo acidental”, segundo a corporação.

Ainda conforme a nota, todas as providências de Polícia Judiciária Militar cabíveis ao caso foram adotadas.

O Paranaíba Mais entrou em contato com o advogado da família para se manifestar sobre as medidas cabíveis adotadas pela vítima contra a instituição e aguarda retorno.