Dívida de meio milhão corta água de 5 mil pessoas em condomínio de Uberlândia

Moradores do residencial no Shopping Park denunciam falta de transparência na gestão e questionam destino das taxas condominiais

, em Uberlândia

O fornecimento de água foi cortado no condomínio Parque United States, no bairro Shopping Park, em Uberlândia, nesta quinta-feira (25), após o acúmulo de uma dívida de R$ 572 mil com o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae).

Com 61 blocos e cerca de 960 apartamentos, o condomínio de Uberlândia abriga aproximadamente 5 mil moradores, que agora cobram explicações da gestão.

Condomínio Parque United States tem 61 blocos e cerca de 5 mil moradores
Condomínio Parque United States tem 61 blocos e cerca de 5 mil moradores, sofreu corte de água em Uberlândia – Crédito: Matheus A. Pereira/Google Maps/Reprodução

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Segundo relatos obtidos pelo Paranaíba Mais, a situação vem se agravando nos últimos meses. O síndico, Paulo Vitor, que assumiu em abril, estaria adotando medidas sem transparência ou diálogo com os condôminos. Entre elas, um aumento recente da taxa de condomínio de R$ 267,00 para R$ 283,00 por apartamento.

Gestão questionada

A crise financeira não se limita à conta de água. Moradores afirmam que, além dos débitos com o Dmae, o condomínio também tem dívidas com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O síndico teria transferido a titularidade das contas para o próprio nome, uma manobra para garantir a religação da energia em algumas áreas. A companhia não informa o valor exato, alegando questões de proteção de dados.

“Queremos saber onde está o dinheiro referente aos nossos pagamentos. Foram vários parcelamentos com o Dmae, que chegaram a mais de R$ 500 mil, e nada foi resolvido. Quando ia ficar sem água nesta quinta, mandou romper o lacre e religar o hidrômetro”, disse um morador do condomínio que preferiu não se identificar.

O religamento, que é de responsabilidade exclusiva do Dmae, pode gerar novas multas e sanções judiciais. O departamento confirmou, em nota, a inadimplência e o corte, e ressaltou que para o religamento é necessária a quitação dos débitos.

Críticas à administração

As críticas à administração se estendem a outros pontos. Moradores relataram à TV Paranaíba que o síndico aplica multas a quem questiona a gestão. Uma moradora, em entrevista ao programa Balanço Geral, afirmou ter recebido quatro penalidades em quatro dias, cada uma no valor de R$ 1.330.

Outra condômina, que preferiu não se identificar, relatou que alguns blocos tiveram a energia cortada pela Cemig e estão operando com ligações diretas, os chamados “gatos”. Ela também denunciou que, após questionar a gestão, foi ameaçada e recebeu a visita de uma pessoa enviada para intimidá-la. “Minha unidade foi multada várias vezes sem eu sequer saber o motivo”, disse.

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Diversos moradores fizeram reclamações para a TV Paranaíba nesta quinta-feira (25) – Crédito: TV Paranaíba

Ela acrescenta que o condomínio soma diversas dívidas, que já ultrapassariam R$ 3 milhões. “Houve assembleia sem qualquer prestação de contas, sem apresentação de documentos ou explicações sobre a situação financeira”, completou.

Resposta da administração

Procurado pela reportagem, a administração do condomínio enviou uma nota, confira a íntegra:

A administração do residencial já resolveu a problemática junto ao Dmae, e acredita que em breve tempo o condomínio restabelecerá seu equilíbrio econômico. 

Relativamente à matéria jornalística desta data, a gestão do Condomínio Residencial Parque United States esclarece que a comunidade do residencial supera, em número de habitantes, mais de 30 cidades do Estado de Minas Gerais – fato que sinaliza a complexidade de sua administração.

Importa salientar que a inadimplência histórica do condomínio supera a estratosférica cifra de 50% da previsão orçamentária, havendo extenso número de unidades retomadas pela Caixa Econômica Federal, igualmente por inadimplemento, que não contribuem regularmente para o custeio das despesas condominiais.

Demais disso o residencial sofreu, no passado recente, com uma gestão desastrosa que entregou à atual administração caixa zerado e dívidas que superam 1,5 milhão de Reais. A soma destes fatores deixaram o condomínio em desequilíbrio econômico.

Não obstante, a atual gestão tem enviado esforços para regularizar a situação, renegociando dívidas e implementando políticas de recuperação das taxas condominiais em atraso. Além disso, em recente assembleia de moradores, foi aprovado reajuste da taxa que contribuirá para o equilíbrio econômico do condomínio.

Todavia, trata-se de processo moroso que ainda não surtiu o efeito esperado nos poucos meses da atual administração.