Crimes em Uberlândia aumentam 35% com destaque para roubos, homicídios e estupros
Dados da Sejusp revelam aumento significativo nos registros de notificações entre 2023 e 2024, considerando os meses de janeiro a setembro
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Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) revelam variações nos índices de crimes em Uberlândia, considerando apenas os violentos, entre os anos de 2022 a 2024.
De janeiro a setembro, foi registrada uma redução de 24,2% no número total de crimes violentos entre 2022 e 2023, com os casos caindo de 1.279 para 970. No entanto, em 2024, os registros voltaram a subir, apresentando um aumento de 35,7% em relação ao ano anterior, totalizando 1.317 ocorrências.
O levantamento considera uma ampla gama de crimes violentos, incluindo Estupro Consumado, Estupro de Vulnerável (Consumado e Tentado), Extorsão (Consumada e Tentada), Extorsão Mediante Sequestro, Homicídios (Tentados e Consumados), Roubos (Consumados e Tentados), além de Sequestro e Cárcere Privado (Consumados e Tentados).

Os casos de homicídio tentado apresentaram crescimento consistente ao longo dos anos analisados. Foram 36 casos em 2022, subindo para 40 em 2023 e atingindo 64 em 2024, representando um aumento acumulado de 77,8% no período.
Os homicídios consumados, por outro lado, oscilaram. Houve 21 registros em 2022, um aumento para 57 casos em 2023, seguido por uma queda para 49 casos em 2024, o que representa uma redução de 14% neste ano.
Os roubos consumados foram os crimes mais frequentes em todos os anos analisados. Apesar de terem caído de 1.036 casos em 2022 para 714 em 2023 (-31%), voltaram a crescer para 975 em 2024, representando uma alta de 36,6% em relação ao ano anterior.
Os tentados acompanharam a mesma tendência, com uma redução inicial de 70 casos em 2022 para 54 em 2023 (-22,8%), mas voltaram a crescer para 90 em 2024, um aumento de 66,7%.
Segundo o delegado da Polícia Civil (PC), Marcos Tadeu, o crescimento expressivo das ocorrências de roubo em Uberlândia pode ser atribuído à reincidência em crimes de menor potencial ofensivo. Ele destacou que essas infrações, como o furto ou roubo de fios de cobre, muitas vezes não resultam em penas severas, o que facilita o retorno dos infratores às ruas.
“Por exemplo, em casos de furto de fios de cobre em residências, estabelecimentos ou telecomunicações, mesmo quando os responsáveis são identificados, geralmente assinam um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e são liberados. Isso cria um senso de impunidade e incentiva a reincidência, o que aumenta as notificações”, explicou o delegado.
Um caso semelhante ocorreu em agosto, quando o furto de fios de cobre de um padrão de energia deixou moradores de Uberlândia sem luz por três dias. Esses crimes não apenas elevam as estatísticas, mas também causam transtornos significativos para a população e setores essenciais da cidade.
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Considerando as notificações de crimes contra a dignidade sexual, apresentaram variações. O estupro consumado caiu de 22 casos em 2022 para 19 em 2023, mas subiu novamente para 26 em 2024, representando um crescimento de 36,8% em relação ao ano anterior.
No caso do estupro tentado, as notificações passaram de 1 caso em 2022 para 5 em 2023 e 6 em 2024, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.
Já o estupro de vulnerável consumado foi um dos crimes que mais cresceram, saindo de 61 casos em 2022 para 57 em 2023 e aumentando para 75 em 2024, o que representa um crescimento de 31,6% em relação a 2023. No caso dos tentados, verifica-se apenas uma notificação, em 2024.
Para a advogada criminalista Maria Clara Castro, o aumento nos índices de crimes relacionados à violência sexual em Uberlândia pode refletir dois aspectos: maior conscientização das vítimas, que têm buscado denunciar esses atos, e a exposição de um agravamento no problema, que afeta, inclusive, cada vez mais, menores vulneráveis.
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“Historicamente, esses crimes têm alta subnotificação, porém os índices podem indicar uma maior conscientização das vítimas e encorajamento para denunciar, o que é positivo por expor um problema estrutural. Contudo, a elevação também pode refletir um agravamento real das violências sexuais, o que demanda políticas de proteção mais eficazes”, afirmou Maria Clara.
Entre os registros de violência, os casos envolvendo crianças e adolescentes preocupam ainda mais. “Nos casos que representam a vulnerabilidade infantil, os números são especialmente alarmantes. Isso exige estratégias de prevenção urgentes, como programas educacionais e suporte às famílias, para identificar e mitigar riscos”, destacou.
Em Uberlândia, alguns episódios chocaram a população. Em setembro, por exemplo, uma menina de 11 anos denunciou o próprio pai por abusos que, segundo relatado à Polícia Militar, ocorriam há pelo menos três anos.

Mesmo diante da variação nos números de casos, seja com aumento ou redução, para a cozinheira Poliana Campos, o cenário geral dos crimes considerados violentos em Uberlândia se traduz em preocupação e medo. Diariamente, diversos tipos de crimes são escancarados e se repetem com frequência alarmante.
“O aumento da criminalidade em Uberlândia é extremamente preocupante para nós, cidadãos. Estamos à mercê dos criminosos. Na minha opinião, pode ser que não tenhamos policiais em número suficiente para garantir nossa segurança. É urgente mudar essa realidade. Estamos cada vez mais atentos, já que a cidade não oferece a segurança que precisamos. Fazemos a nossa parte, mas todo cuidado é pouco. Para nós, mulheres, isso é ainda mais intenso; muitas vezes precisamos nos unir e nos defender em determinadas situações”, relata.
Os dados deste levantamento foram extraídos do Armazém de Dados do Sistema Integrado de Defesa Social (SIDS), que reúne ocorrências registradas em Minas Gerais por órgãos como Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Sistema Prisional e Socioeducativo.