Corregedoria apura abordagem policial que deixou homem em coma no Triângulo Mineiro
Família de Derick Lopes, 23, contesta versão oficial do BO e acusa policiais de abordagem violenta; BO relata que o jovem agiu de forma abrupta
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A Corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais instaurou procedimento interno para apurar a conduta dos policiais envolvidos em uma ocorrência que deixou Derick Fausto Lopes, de 23 anos, em coma na cidade de Delta, no Triângulo Mineiro. O homem permaneceu inconsciente por sete dias e retomou a consciência no último domingo (28), em Uberaba, onde segue internado na UTI. Apesar da melhora no quadro clínico, ainda não há previsão de alta.

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Familiares contestam a versão apresentada no boletim de ocorrência e afirmam que Derick foi agredido por um dos militares durante a ação. Segundo a mãe de Derick Lopes, Tauany Cassia Lopes, ele sofreu traumatismo craniano após uma abordagem policial violenta no dia 21 de setembro.
“Ele saiu do coma, mas ainda está confuso. Responde a estímulos, reconhece a mim e já está se alimentando com a minha ajuda”, contou. De acordo com ela, os médicos avaliam que ainda é cedo para saber se o jovem terá sequelas, e novos exames devem ser realizados nos próximos dias.
Abordagem policial
O caso está sob análise da Corregedoria da Polícia Militar, que instaurou procedimento interno para apurar a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência.
Segundo o boletim de ocorrência, a ação ocorreu por volta das 23h30, na avenida José Agostinho Filho, quando um carro em alta velocidade foi abordado. O motorista, de 30 anos, que é tio da vítima, admitiu ter ingerido seis latas de cerveja e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Conforme a PM, ele recebeu voz de prisão por embriaguez ao volante, resistiu à ordem e desacatou os policiais, que recorreram a técnicas de contenção.
Durante a abordagem e prisão do condutor do veículo, Derick Lopes, que estava como passageiro, foi orientado pelo tio a buscar um cigarro no interior do veículo. Segundo a versão apresentada pelos policiais, o jovem teria retornado de forma abrupta, sendo interpretado como uma possível ameaça. Um dos militares reagiu com um empurrão, fazendo com que Derick caísse e batesse a cabeça ao chão. Ele recebeu os primeiros socorros em Delta, mas, devido à gravidade dos ferimentos, foi transferido para Uberaba.
A família, no entanto, contesta. Em denúncia à Corregedoria e em entrevista ao Paranaíba Mais, a mãe Tauany Cassia Lopes, relatou que o veículo teria parado antes mesmo da ordem dos policiais. Ela afirma que os militares desceram da viatura gritando e exigindo que todos saíssem com as mãos na cabeça. Segundo Tauany Cassia, Derick chegou a receber permissão para pegar o cigarro, mas acabou sendo surpreendido com um soco no rosto, caindo desacordado. Os familiares alegam que não puderam prestar socorro até a chegada da ambulância.
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Enquanto a investigação ocorre, Tauany mantém a esperança na recuperação do filho. “Ele ainda está na UTI e não tem previsão de alta, mas já é um alívio ver que está reagindo”, disse.
