Caso da falsa couve: vítima foi sepultada e outros dois idosos seguem internados

Claviana Nunes da Silva, de 37 anos, morreu após comer folhas tóxicas confundidas com couve tradicional

, em Uberlândia

Foi sepultada nesta terça-feira (14), no Cemitério Municipal de Guimarânia, Claviana Nunes da Silva, de 37 anos, vítima de intoxicação por ingestão de falsa couve em Patrocínio, no Alto Paranaíba. O velório ocorreu na Funerária do Baiano e reuniu familiares e amigos da mulher, lembrada como uma pessoa alegre e solidária.

Autoridades reforçam alerta após caso de intoxicação por falsa couve em Patrocínio – Crédito: Acervo pessoal

Em entrevista à TV Paranaíba, a sobrinha da vítima, Geovana Cristina da Silva, lembrou com emoção da tia.

“Ela sempre foi uma fortaleza. Trabalhava, ajudava todo mundo, tinha alma boa e coração puro. Mesmo nos momentos difíceis, estava sempre sorrindo. Infelizmente, a toxina entrou muito rápido no organismo, e ela não teve tempo de reagir”.

A sobrinha lembrou que Claviana tinha problema de coração, e teve uma parada cardíaca após comer a planta. “A toxina é muito forte e entrou no organismo muito rápido”.

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Estado de saúde das outras vítimas

Segundo boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, o marido de Claviana, de 60 anos, segue em coma induzido, entubado e em tratamento de pneumonia. O quadro é considerado grave e instável.

Outro homem, de 64 anos, permanece internado na UTI, mas está consciente e respirando com auxílio de cateter de oxigênio. Já o quarto intoxicado, de 67 anos, foi liberado após um dia de observação.

Como a intoxicação aconteceu

O incidente ocorreu na quarta-feira (8), durante um almoço em uma fazenda às margens da BR-365, na zona rural de Patrocínio. O grupo colheu folhas no quintal acreditando se tratar de couve tradicional, mas o vegetal era, na verdade, Nicotiana glauca, conhecida como falsa couve, charuteira ou couve-do-mato.

Poucas horas após o consumo, as quatro pessoas começaram a passar mal, apresentando tontura, falta de ar e parada cardiorrespiratória. Equipes do Corpo de Bombeiros, Samu e Polícia Militar foram acionadas e conseguiram reanimar as vítimas, que foram levadas para atendimento na Santa Casa e na UPA de Patrocínio.

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Caso da falsa couve

A Nicotiana glauca é uma planta altamente tóxica, comum em beiras de estrada, pastos e terrenos baldios. Apesar de se parecer com a couve tradicional, possui folhas mais finas e caule lenhoso. A ingestão causa paralisia muscular, parada respiratória e colapso cardiorrespiratório.

Segundo o professor Sandro Henrique Ribeiro, doutor em Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o veneno não é eliminado pelo cozimento. “Essas substâncias são termoestáveis. Mesmo refogada, a planta continua tóxica e pode causar colapso em poucos minutos”, explicou o pesquisador.

Como o veneno age no corpo

A planta contém compostos como nicotina e anabasina, que afetam diretamente o sistema nervoso. No início, o organismo sofre uma superestimulação, com taquicardia e sudorese intensa. Em seguida, ocorre o efeito contrário — bloqueio nervoso e muscular, que pode levar à parada respiratória e morte.

“É como se o corpo recebesse uma descarga elétrica e depois desligasse completamente. Sem socorro imediato, o desfecho é fatal”, detalhou o pesquisador.