Passageiros relatam que motorista do ônibus dirigia em alta velocidade
Motorista fez o teste do bafômetro, que deu negativo para o consumo de bebidas alcoólicas; empresa afirma que sistema remoto não identificou conduta irregular
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Horas após o acidente de ônibus em Araguari, na MG-223, entre Araguari e Tupaciguara, passageiros que sobreviveram ao capotamento relataram ao Paranaíba Mais o que viveram na madrugada desta terça-feira (8). Ao menos duas pessoas afirmaram que o motorista dirigia em alta velocidade.
Onze pessoas morreram, entre elas duas crianças com idades entre 2 e 4 anos. Os feridos foram encaminhados ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Araguari.
O ônibus fazia o trajeto de Anápolis (GO) até São Paulo (SP), com 11 paradas previstas em cidades de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. O acidente ocorreu já no município de Araguari.

Relatos dos passageiros
Alex Batista Matos embarcou no ônibus da Real Expresso em Goiânia, capital de Goiás, acompanhado da esposa. O capotamento aconteceu no entroncamento da MG-413 com a MG-223, já próximo de Araguari. “Foi aquela cena aterrorizante, né? Primeiramente tirei o cinto dela, depois o meu. Eu e quem não estava ferido começamos a ajudar quem estava ferido”, relatou.
Felizmente, o casal não sofreu ferimentos e conseguiu seguir viagem para São Paulo. Alex contou que, desde o início do trajeto, percebeu que o motorista conduzia o ônibus em velocidade elevada. “A gente percebeu desde a saída que o motorista estava correndo bastante. Não sei dizer a velocidade, mas ele estava muito acelerado. Sobre o ônibus, era bom, não tenho nada a dizer, não foi falha da máquina. Na minha opinião, foi imprudência do motorista.”
Confira o vídeo da entrevista concedida ao Balanço Geral
Outro passageiro, que preferiu não se identificar, reforçou o relato de Alex. Ele contou que chegou a comentar com a esposa sobre a forma como o motorista dirigia. “Segundo relatos do motorista, foi um carro pequeno que entrou na frente. Mas desde que a gente saiu da divisa de Goiás, eu falei para ela [a esposa] ‘nossa, esse motorista dirige muito doido’. Estava em alta velocidade. Não sou perito nem nada, mas senti que ele estava muito rápido.”
Esse passageiro é o marido da gestante que precisou passar por uma cesariana de emergência após o acidente. A bebê, chamada Aurora, nasceu com 32 semanas e está internada na UTI Neonatal do HC-UFU.
A mãe sofreu ferimentos graves. Ela precisou amputar um dos braços e será submetida a uma cirurgia plástica na cabeça devido à perda de parte do couro cabeludo.

O motorista falou com a PMR
O motorista do ônibus tem 59 anos, é morador de Goiânia e trabalha na Real Expresso há quatro anos, realizando o mesmo trajeto entre Goiás e São Paulo.
Segundo o sargento Fabrício, da Polícia Militar Rodoviária, o condutor disse ter visto um reflexo na pista. “Ele disse que saiu de Anápolis, em Goiás, com destino a São Paulo e que, após passar pelo radar existente antes do trevo, viu um reflexo. Achou que iria colidir com alguma coisa, com algum objeto. Acionou o sistema de frenagem do veículo, e as rodas traseiras bateram no canteiro, momento em que o ônibus tombou e parou no canteiro central do trevo”, relatou.
Ainda segundo o militar, passageiros contaram que o motorista estava atrasado e chegou a comentar que tentaria “tirar a diferença” durante o trajeto para chegar no horário ao destino final.
O motorista fez o teste do bafômetro, que indicou que ele não havia consumido bebida alcoólica. Ele sofreu ferimentos e foi levado para a UPA de Araguari, onde permanece internado.
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O que diz a empresa Real Expresso
O Paranaíba Mais procurou a Real Expresso para se posicionar sobre as acusações de excesso de velocidade.
Em nota, a empresa informou que as câmeras e o tacógrafo — dispositivo que registra a velocidade, a distância percorrida e o tempo de viagem — foram entregues às autoridades responsáveis pela investigação. A empresa afirmou que, caso seja confirmada alguma irregularidade, tomará as medidas cabíveis.
Ainda segundo a empresa, o sistema de telemetria, que coleta e analisa dados remotamente, não registrou conduta fora do padrão por parte do motorista. A real Expresso reforçou que a análise do tacógrafo será mais detalhada e trará informações adicionais.
