Unesp cria teste fácil para metanol, mas ainda não há interesse comercial

O teste foi desenvolvido dentro da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, e detectaria o metanol em bebidas a olho nu

, em Uberlândia

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Há pelo menos 3 anos qualquer consumidor ou comerciante poderia atestar a segurança de bebidas alcoólicas com relação ao metanol no Brasil. Um método desenvolvido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, no interior de São Paulo, aponta a presença e a concentração de metanol em bebidas. Contudo, nunca houve interesse comercial no processo.

A técnica, que está em processo de patente e pode ser transformada em kits acessíveis, consiste em fazer a mistura de reagentes que reagem com as bebidas e quanto mais escura se torna a mistura, maior a concentração do metanol. “Permite que a detecção seja feita a olho nu. Com equipamentos, é possível aperfeiçoar a medição e até indicar a concentração aproximada da substância”, detalhou o professor Danilo Luis Flumignan, docente do Instituto Federal do Mato Grosso e ex-professor da Unesp de Araraquara, onde foi um dos inventores do procedimento orientado a aluna Larissa Modesto.

Quanto maior a concentração de metanol na amostra, mais escura ela fica – Crédito: Unesp/Larissa Modesto

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De acordo com Flumignan, a vantagem do método está na praticidade e na segurança ambiental. Os reagentes utilizados são de baixo impacto e podem ser descartados sem riscos. O ensaio, segundo ele, não exige conhecimento técnico avançado, o que permitiria o uso em diferentes pontos da cadeia produtiva e de consumo. “Desde o pequeno produtor artesanal até restaurantes, distribuidores ou o consumidor final poderiam aplicar o teste e se resguardar quanto à qualidade da bebida recebida”, afirmou.

Sobre a pesquisa

O desenvolvimento do método começou em 2017, inicialmente voltado para o setor de combustíveis, após frequentes registros de adulteração de etanol com metanol em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. “Os resultados foram tão satisfatórios que ampliamos a aplicação também para a área de alimentos, em bebidas destiladas”, contou Danilo Flumignan.

O estudo foi concluído em 2020 como parte do mestrado de uma aluna da Unesp, com Flumignan como orientador. Em 2022, o processo foi submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para registro de patente.

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Uso comercial

Havendo interesse, o método poderia ser usado a qualquer momento, bastando passar por trâmites burocráticos para liberação do uso comercial. Se comercializado, o kit poderia ser vendido em supermercados, farmácias e até utilizado em estabelecimentos comerciais para garantir a segurança dos clientes. O professor acredita que a disponibilização da tecnologia representaria um importante avanço na prevenção de intoxicações e na proteção do consumidor.