Polilaminina: remédio revolucionário contra paraplegia poderá ser produzido em MG

Produção do farmáco começará na sede da empresa, em Itapira (SP) e poderá ser ampliada para unidades de Pouso Alegre e Montes Claros

, em Uberlândia

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Um novo fármaco capaz de regenerar a medula espinhal e possibilitar a recuperação de movimentos em pacientes com paraplegia ou tetraplegia poderá ser produzido em Minas Gerais. A polilaminina, criada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o Laboratório Cristália, já teve pedido de autorização encaminhado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para início da fabricação e poderá ser estendida às unidades de Pouso Alegre e Montes Claros.

Polilaminina pode ser produzida em Montes Claros
Com uma lesão cervical resultante de acidente de trânsito, o bancário Bruno Drummond de Freitas se candidatou a participar das pesquisas – Crédito: Conselho Federal de Farmácia/Reprodução

Conforme dados apurados pelo Estado de Minas, o vice-presidente de Relações Institucionais da Cristália, Odilon Costa, anunciou que a produção começará na sede da empresa, em Itapira (SP) e será ampliada para outras unidades. A informação foi dada durante a posse da nova diretoria do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Montes Claros (Quifarmo). Atualmente, o  Laboratório Cristália investe R$ 300 milhões em uma nova planta em Montes Claros, com expectativa de gerar 600 empregos diretos.

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Como funciona o tratamento

As lesões medulares interrompem a comunicação entre cérebro e corpo, causando paraplegia ou tetraplegia. A polilaminina atua regenerando células da medula e pode devolver a mobilidade, parcial ou total. Os efeitos mais expressivos ocorrem quando o medicamento é aplicado até 24 horas após o trauma, mas há resultados positivos também em casos antigos. O protocolo prevê apenas uma dose única, seguida de fisioterapia.

Testes e primeiros resultados

Em fase inicial, dez pacientes já foram tratados, incluindo vítimas de acidentes de trânsito, quedas e arma de fogo. Todos apresentaram avanços significativos, comprovando a eficácia e segurança do fármaco. Agora, o Cristália aguarda autorização da Anvisa para iniciar a fase 1 dos estudos clínicos, com cinco novos voluntários, em parceria com o Hospital das Clínicas da USP e a AACD.

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Montes Claros no mapa da biotecnologia

A pesquisa da polilaminina começou em 2007, liderada pela bióloga Tatiana Coelho Sampaio, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ. O projeto foi incorporado pelo Cristália em 2018 e oficializado em 2021. Até o momento, foram aplicados cerca de R$ 28 milhões em pesquisa e infraestrutura, especialmente na planta de biotecnologia de Itapira.

Além do Cristália, outras gigantes do setor já atuam em Montes Claros, como Eurofarma, Novo Nordisk, Hipolabor e União Química, consolidando a cidade como o terceiro maior polo farmacêutico do Brasil.