Pessoas com hipertensão e diabetes são as que mais morrem por dengue em Uberlândia

Dados da Secretaria de Estado da Saúde apontam mais cinco outras comorbidades

, em Uberlândia

Condições de saúde preexistentes aumentam significativamente o risco de complicações e mortes por dengue. Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES) apontam que hipertensão e diabetes são as comorbidades mais comuns entre as vítimas fatais da doença em Uberlândia.

DENGUE
Prevenção é essencial para evitar a proliferação dos mosquitos causadores da dengue – Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

No entanto, outras condições também merecem atenção. Pacientes com doenças renais, hemapotológicas, doenças autoimunes, ácido-pépticas ou hepatopatias estão entre os grupos vulneráveis. Essas comorbidades podem comprometer a capacidade do organismo de lidar com o vírus, agravando o quadro clínico e aumentando o risco de evolução para a forma grave da doença.

De acordo com o médico Wellington Cunha, quem tem comorbidade precisa estar sempre alerta. “As doenças precisam estar controladas. Não vamos esperar ficar doentes para tomar cuidado. É necessário cuidar da saúde antes de ficar doente”, pondera. Ele ainda completa que àqueles que têm comorbidades precisam tentar se proteger contra as doenças virais.

Em 2024, Uberlândia registrou 26.929 casos confirmados de dengue, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde.

O balanço aponta ainda 16 mortes, três a mais que em 2023. Desses óbitos, 12 ocorreram em pessoas com comorbidades, sendo quatro relacionadas à hipertensão e duas ao diabetes. As demais mortes envolveram pacientes com doenças renais, hematológicas, autoimunes, ácido-pépticas e hepatopatias.

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No estado de Minas Gerais, o número total de casos confirmados de dengue em 2024 foi de 1.376.669, com 1.226 mortes registradas. Destas, 711 ocorreram em pessoas com comorbidades, enquanto 415 foram de pacientes sem as condições pré-existentes mais associadas à gravidade da doença.

Nas duas primeiras semanas de 2025, Uberlândia ainda não registrou óbitos, embora já tenha confirmado 126 casos de dengue, sendo sete classificados como graves ou em estado de alerta. Em Minas Gerais, no mesmo período, foram confirmados 391 casos, com 14 pessoas em estado grave ou de alerta, mas sem registros de óbitos.

Classificação do vírus

São reconhecidos quatro sorotipos do vírus dengue (DENV) – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Ao contrair um tipo, a pessoa fica imunizada permanentemente para aquele sorotipo, mas não para os outros. Dessa forma, uma mesma pessoa pode ter dengue até quatro vezes.

A gravidade do quadro infeccioso pode variar entre assintomática, branda, grave e fatal. De acordo com o Ministério da Saúde, todos os quatro sorotipos podem levar à forma grave na primeira infecção, porém, com maior frequência após a segunda ou terceira. Vale lembrar que os tipo 2 e 3 são considerados os mais perigosos.

O Doutor Wellington explica que é preciso manter atenção para que o quadro da doença não evolua para dengue hemorrágica: “O primeiro sinal de perigo é a queda de plaquetas. É necessário fazer um acompanhamento constante pelo hemograma”.

“Se a pessoa tiver sangramento de nariz, gengiva, equimose, é sinal de plaquetas baixas. Neste caso, deve procurar atendimento médico imediatamente”, ressalta.

O profissional ainda aconselha a ficar atento aos sinais: “Febre alta, dor no corpo e desânimo são os primeiros sinais de dengue. Independente se há uma comorbidade, ou não, a pessoa deve se consultar com o médico”.

Ele ainda enfatiza a importância de seguir as orientações médicas. “Tomar muita água. A hidratação influencia na evolução do quadro. Quem não toma água pode desenvolver a dengue em estágio mais grave”, afirma o Doutor Wellington.

Surgimento no Brasil

A primeira epidemia de dengue no Brasil, confirmada clínica e laboratorialmente, ocorreu entre 1981 e 1982 em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. Quatro anos depois, em 1986, novas epidemias atingiram o estado do Rio de Janeiro e algumas capitais do Nordeste.

O Ministério de Saúde explica que, desde então, a dengue tem se manifestado de forma contínua, em caráter endêmico, alternando períodos de epidemias. Essas epidemias geralmente ocorrem quando novos sorotipos são introduzidos em áreas sem transmissão prévia ou quando há uma mudança no sorotipo predominante, acompanhando a expansão do mosquito transmissor.

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Alguns fatores têm influência na presença do vetor, como urbanização, crescimento desordenado da população, saneamento básico inadequado e fatores climáticos.

A doença apresenta um padrão sazonal, com maior número de casos entre os meses de outubro de um ano a maio do ano seguinte, quando a vigilância deve se tornar ainda mais intensa.